Para celebrar os 465 anos da cidade de São Paulo, o Centro de Memória Bunge (CMB), um dos mais ricos acervos de memória empresarial do Brasil, destaca 7 curiosidades da história da capital paulista, mantidas entre os mais de 1,5 milhão de fotos, vídeos, documentos e peças preservadas pelo CMB que recontam não só a história da Bunge, que está há mais de 100 anos no Brasil, mas também grande parcela da história da industrialização do país, desde o início do século XX, assim como a história da propaganda, navegação e do agronegócio brasileiro. Confira:
1 – A industrialização começou pela Barra Funda
Até o final do século XVIII, a zona oeste da capital era formada por chácaras, mas por ser uma região estratégica, no entroncamento ferroviário das estações da Estrada de Ferro Sorocabana, que ligava a capital ao interior, e São Paulo Railway, primeira ferrovia do Estado de São Paulo, a Barra Funda passou a despertar interesse de muitas empresas. A Moinho Santista, que produzia cereais, e a SANBRA, que fabricava óleo de algodão, estavam no grupo das primeiras indústrias que se instalaram na região. A industrialização absorveu trabalhadores imigrantes e nacionais e, até meados do século XX, a Barra Funda era conhecida pelas vilas industriais. Hoje, a região é mais residencial e está na mira do mercado imobiliário. O Centro de Memória Bunge guarda fotos aéreas e registros das primeiras fábricas instaladas ali.
2 – A força dos imigrantes
A segunda metade do século XIX foi marcada por um dos maiores movimentos de migração de povos no mundo. Muitos, especialmente os italianos, cruzaram o atlântico e vieram para o Brasil, principalmente para São Paulo. A oferta de mão de obra atraiu empresas e investidores e o progresso na região também despertou atenção de milhares de trabalhadores brasileiros, a maioria do Norte e Nordeste do país. O CMB preserva curiosidades sobre a influência dos imigrantes na cultura paulistana, especialmente na arquitetura da cidade, e também guarda um livro com o registro das primeiras profissões.
3 – O famoso pão francês
A história do pãozinho francês que comemos todos os dias se confunde com a história da industrialização de São Paulo. Nos tempos coloniais, a dieta era feita à base de tapioca, farofa, pirão de farinha de mandioca, peixe ou carne vermelha. Mas, com a abertura dos portos e modernização das ferrovias, a sociedade paulistana do século XX, habituada a copiar costumes europeus, conheceu o pão trazido pelos portugueses. O “pão francês” foi uma adaptação do pão curto com miolo branco e casca dourada que os brasileiros mais abastados experimentaram na França. E, apesar da panificação no Brasil estar vinculada às tradições portuguesas, foi com os imigrantes italianos que chegaram a São Paulo que essa cultura se expandiu. No CMB estão guardados documentos e fotos sobre as primeiras padarias do país, além do rico acervo das propagandas da época.
4 – O caso do Grupo Escolar do Butantã
Quem passa pela Avenida Vital Brasil, no bairro do Butantã, onde hoje funciona a Escola Estadual Alberto Torres, não imagina que o local abrigou o famoso Grupo Escolar do Butantã, a primeira escola de ensino rural do estado de São Paulo, fundada em 1932 e que ficou internacionalmente conhecida por ser um projeto desenvolvido para conter o êxodo rural, um desafio trazido pelo momento econômico em que o Brasil passava: o auge da industrialização. A instalação de fábricas na cidade e a geração de empregos despertou interesse de milhares de famílias do campo e, naquela época, havia um movimento contra o discurso de atrair mão de obra rural para alavancar o crescimento econômico, defendido principalmente pelo então presidente da República, Getúlio Vargas. No acervo do CMB está um exemplar da Revista Nossa Terra, que circulou no Brasil na década de 1930, com detalhes do modelo pedagógico adotado pela instituição.
5 – Dos lençóis à famosa calça jeans
A Fábrica de Tecidos Tatuapé, inaugurada em 1929 no centro da capital, e a Fábrica de Tecidos do Belenzinho, fundada em 1934 na zona leste da cidade, foram as precursoras da indústria têxtil brasileira, que hoje representa 10% do PIB industrial do país. Elas deram origem à Fiação Santista, empresa que ficou conhecida por lançar, em 1952, os lençóis industrializados (naquela época, não havia lençóis para casais no mercado e era função das mulheres unir os lençóis de solteiro após o casamento), em 1958 as primeiras peças de roupas profissionais (uniformes) e, em 1975, o legítimo jeans, para fabricação das famosas calças jeans, popularizadas no cinema americano. O Centro de Memória Bunge guarda dezenas de fotos e registros sobre a história da indústria têxtil e sua importância para o desenvolvimento da cidade de São Paulo.
6 – A história do Cine São Bento
Para curtir uma sessão de cinema na capital paulista antes da década de 30, era preciso ir até o centro da cidade, na região conhecida na época por “Triângulo”, formada pelas ruas Boa Vista, 15 de Novembro, São Bento, São João e Direita. O local era palco das manifestações culturais e reunia boa parte dos cinemas de rua da cidade, como o Cine São Bento, uma das principais salas de exibição de filmes da primeira metade do século XX. O CMB possui fotos e uma carta com detalhes da compra e da reforma do casarão, assinada por João Ugliengo, um dos nomes mais conhecidos da indústria paulista e responsável pela abertura do cinema. A primeira exibição foi do filme “Tristeza de Satanás”, um clássico americano. O Cine São Bento fechou as portas em 1950 e, daquele período, resta apenas a fachada, tombada como patrimônio cultural da cidade.
7 – O arranha-céu Mendes Caldeira
Em junho de 1960, foi inaugurado o edifício comercial Mendes Caldeira, na região da Praça da Sé. Lançado com o slogan “O Maior Negócio do Brasil”, o prédio de 27 andares foi considerado um dos mais altos da cidade, mas menos de 15 anos depois foi preciso derrubá-lo, pois estava no meio do caminho da primeira linha de metrô da cidade. Além de marcar a história da modernização e progresso de São Paulo, a implosão foi considerada pelos principais jornais da época como a maior estrutura do mundo já derrubada por explosivos. O prédio de 36 mil toneladas veio abaixo em 8 segundos e deu lugar a praça Clóvis Beviláqua, sobre a Estação de Metrô Sé, uma das mais movimentadas da cidade. Um raro exemplar da extinta Revista Manchete, publicação mais vendida no país naquela época, que traz uma reportagem especial sobre a implosão, está guardado no Centro de Memória Bunge. A revista apresenta também entrevista com Jack Loiseaux, o homem responsável pela implosão do edifício Mendes Caldeira e considerado um dos maiores especialistas do mundo em explosivos.
Sobre o Centro de Memória Bunge
O Centro de Memória Bunge foi criado em 1994 e desde então é um dos projetos da Fundação Bunge. Referência na área de preservação da memória empresarial, o local tem como objetivo a guarda e preservação de documentação histórica, a disseminação do conhecimento e a utilização de seu acervo como um instrumento estratégico de gestão.
Para facilitar o acesso ao público e compartilhar com a sociedade o aprendizado construído, o CMB disponibiliza seu acervo online (www.fundacaobunge.org.br/acervocmb/) e conta com atividades gratuitas como Atendimento a Pesquisas, Exposições Temáticas, Visitas Técnicas e Benchmarking. Além disso, promove as Jornadas Culturais, série de palestras e oficinas gratuitas com objetivo de conscientizar as pessoas sobre a importância da preservação de acervos históricos e patrimoniais.
Sobre a Fundação Bunge
A Fundação Bunge, entidade social da Bunge Brasil, há mais de 60 anos atua em diferentes frentes com o compromisso de valorizar pessoas e somar talentos para construir novos caminhos. Suas ações estabelecem uma relação entre passado, presente e futuro e são colocadas em práticas por meio da preservação da memória empresarial (Centro de Memória Bunge), do incentivo à leitura (Semear Leitores), do voluntariado corporativo (Comunidade Educativa), do desenvolvimento territorial sustentável (Comunidade Integrada) e do incentivo às ciências, letras e artes (Prêmio Fundação Bunge).