A cantora Lolla é bem transparente quando o assunto é sua orientação sexual: hoje, já não esconde de ninguém que é bissexual. Caminhando em sua carreira artística, ela pretende usar a fama para conquistar ainda mais visibilidade ao grupo LGBT+. “Eu acho que as pessoas procuram artistas que os representem mesmo fora dos palcos. Quando você tem uma projeção, pode dar voz a muita gente que normalmente é ignorada ou até mesmo silenciada. Se omitir é recusar dar essa voz paras pessoas que te fizeram estar ali”, declara a intérprete do hit “Perigosa”.
Ao reconhecer ter alguns privilégios e não enfrentar tanto preconceito como bissexual, Lolla conta sofrer com o machismo diariamente. “Eu sou uma mulher branca, de classe média e cisgênero. No dia a dia, seria até tranquilo porque ninguém percebe que eu sou LGBT+, mas sou mulher, então sofro assédio constantemente”, afirma a estudante de pedagogia da UERJ. No entanto, sua orientação sexual já foi empecilho para alguns contratos profissionais: “Como artista, já levei muita porta na cara porque ninguém queria arriscar investir em alguém que a qualquer momento podia vazar a sexualidade. Eu topava esconder porque pensava em começar a ter visibilidade primeiro e depois falar. Até que resolvi me assumir e vestir a camisa por não aguentar mais ficar no armário e, também, acreditando que seria mais fácil depois de artistas como a Pabllo Vittar. Quando era escondido, apareciam interessados que desistiam depois. Hoje, meu trabalho continua sendo muito na raça, até agora não tenho empresário ou investidor. Por que será?”, questiona Lolla, apontando as dificuldades que pessoas fora da heteronormatividade enfrentam na carreira artística.
Declaradamente feminista, Lolla diz ser importante também usar seu papel como cantora para dar destaque à causa das mulheres. “Na minha carreira, por mais que não fale diretamente sobre isso em todas as músicas, a mulher está emponderada e é a protagonista da história. Mas pretendo abordar o feminismo mais diretamente também, nas músicas”, adianta. No dia a dia, ela revela ser ativa para combater a violência contra as mulheres e também a rivalidade feminina. “Tem tanta história sobre eu me meter para impedir assédio na balada, me enfiar na frente para alguém não apanhar do marido… Levo a sororidade muito a sério. Essa coisa de ‘inimiga’ não devia ter existido nunca. Já passou o tempo o tempo de nos unirmos!”, declara Lolla. A cantora também integra um grupo de auxílio entre LGBT+: “Participo do coletivo Encontro das Cores. Temos uma página nas redes sociais, grupo do WhatsApp e um encontro mensal onde podemos nos apoiar e resistir”.