O período de transição – intervalo que corresponde a três semanas antes e três semanas após o parto de um animal –, é considerado um dos momentos mais importantes e críticos durante o ciclo produtivo, uma vez que os animais passam por diversas alterações metabólicas e fisiológicas, preparando-se para a futura lactação.
De acordo com a analista técnico e comercial da Quimtia Brasil, Lidiane Maciel, empresa especializada na fabricação de insumos para nutrição animal, no caso das vacas, por exemplo, o pré-parto é um período de grande atenção. Segundo ela, é o estágio de maior demanda de nutrientes para a síntese de colostro, leite e primordial para que ocorra regeneração da glândula mamária. “É a fase em que poderá garantir que se alcance o máximo potencial produtivo”, diz Lidiane.
Ela explica ainda que durante essa etapa de transição há aumento das exigências energéticas e declínio no consumo alimentar dos animais. “Desta forma, deve-se monitorar o escore de condição corporal que pode variar de 1 a 5, sendo que vacas muito magras são classificadas como um (01) e vacas muito gordas, como cinco (05)”, complementa.
“Em situações onde as vacas estão com escore elevado (superior ou igual a 4,0), os animais tendem a ter maior queda de consumo alimentar, além de maior probabilidade de apresentarem problemas durante o parto e doenças metabólicas, como cetose, febre do leite, deslocamento do abomaso e falhas reprodutivas no pós-parto. O mesmo pode ocorrer com vacas com escore muito baixo, pois é no terço final da gestação que ocorre 80% do crescimento fetal, sobrando assim, pouca proteína e energia para recuperação do peso”, acrescenta Lidiane. Para a especialista, a recomendação é que os animais estejam com um escore entre 3,0 a 3,75 no momento do parto”, comenta.
Para chegar a um peso ideal e garantir uma produção animal de excelência também neste período [o de transição], a alimentação adequada é um ponto crucial. Segundo a analista, a adoção de um balanceamento de nutrientes na dieta do pré-parto, também auxiliam na prevenção das doenças metabólicas durante o pós-parto.
“A recomendação atende a uma dieta com maior concentração de cálcio e com Diferença Catiônica-Aniônica da Dieta (DCAD) negativa, ou seja, é importante fornecer sais aniônicos ao núcleo mineral (principalmente cloro e enxofre), que tendem a acidificar o pH sanguíneo e consequentemente reduzir a incidência de febre do leite”, aconselha.
Ela afirma também que outro manejo de grande importância nesta etapa é substituir alimentos com teores de potássio elevado, como as leguminosas, remover fontes de cátions – bicarbonato de sódio –, limitar o consumo de concentrado de 0,5 a 1,0% PV e garantir o fornecimento de silagem de ótima qualidade.
“Após o parto as vacas tendem a aumentar a quantidade de produção de ácidos, devido a maior ingestão de concentrado da dieta, portanto é primordial que seja fornecido uma dieta com DCAD positivo, para que ocorra o tamponamento do sangue. Portanto é importante que sejam formuladas dietas a base de forragens de alta qualidade associadas a concentrados que evitem a ocorrência de acidose ruminal, mantenha a produtividade e a saúde do animal”, finaliza.