Suas Finanças em 2019

Mais um ano novo se aproxima, trazendo novos desafios e cenários diferentes para vários aspectos das nossas vidas. Um deles é o financeiro e ele, gostemos ou não, impacta profundamente quase todos os demais, de forma que vale a pena pensarmos sobre esse assunto. Vou tentar dar um caminho, com alguns passos e dicas que podem fazer seu 2019 ser bem melhor do que 2018.

Primeiro passorefletir sobre as suas escolhas e decisões financeiras que aconteceram neste ano. Você está feliz com elas? Teria feito algo diferente? Nos gastos e nos investimentos, teria sido mais contido ou mais agressivo? Suas decisões, em última instância, te aproximaram de seus verdadeiros objetivos de vida?

As respostas para essas questões são bem mais importantes do que qualquer previsão sobre ações, juros ou câmbio para o próximo ano sobre a qual você possa ler.

E isso acontece por um motivo simples: não sabemos o que vai acontecer com as ações, os juros ou o câmbio, embora todos tenhamos algumas estimativas. É claro que irei aborda-las mais a frente, mas é importante que você tenha em mente exatamente essa dimensão sobre a segurança que temos – são apenas estimativas e nunca certezas. Por vezes as estimativas se concretizam, outras vezes não porque ninguém controla o mercado e é por essa razão que vamos ao …

Segundo passo: focar naquilo que você realmente pode controlar – suas ações e decisões. Qual fornecedor de serviços financeiros você irá contratar? De que forma vai se aprimorar profissionalmente? Quanto vai guardar da sua renda mensalmente? Como vai investir seu tempo? Essas são questões que não dependem de mais ninguém além de você mesmo. No entanto, isso não é o suficiente e para complementar, vamos ao…

Terceiro passo: a ação! Quantas vezes você já fez planos, mas eles nunca foram mais do que apenas planos? Depois de decidir, nada irá acontecer se você não colocar suas ideias e convicções em prática. Desta forma, reflita, planeje e aja! Para te ajudar nas suas escolhas e também das suas ações, vou dar algumas sugestões, que você pode até chamar de dicas.

Dica 1: Tenha clareza de seus objetivos. Sem saber onde quer chegar, nenhuma estrada vai te levar. Pense sobre o que realmente quer, de acordo com seus valores de vida. Determine quando quer que isso aconteça e quanto vai custar. A partir daí vai saber o quanto tem que guardar por mês para que isso aconteça. Ter esse objetivo em mente é muito importante para manter a disciplina ao longo do ano. É muito fácil se perder nas tentações do dia a dia e por causa delas acabamos adiando aquilo que realmente importa.

Dica 2: Faça o seu orçamento prévio para o ano todo, dividido por mês – estime quanto vai ganhar e quanto vai gastar (e no que vai gastar) mês a mês, baseando-se no ano que termina. Assim, caso em algum mês você tiver problemas e não conseguir fechar “no azul”, já vai saber antecipadamente e vai poder se programar. Ao fazer seu orçamento, tenha em mente seus objetivos de vida, para direcionar para onde devem ir seus recursos: se para o consumo – de alguma coisa – ou para guardar para algo mais relevante – seus objetivos.

Dica 3: Evite parcelamentos, sempre que possível. Mesmo que sem juros, habitue-se a pagar à vista porque seu cérebro irá funcionar bem melhor em sua contabilidade mental desta forma. Os parcelamentos costumam “enganar” nosso raciocínio, nos fazendo achar que temos mais recursos do que realmente temos, o que nos induz a maiores gastos e assim nos afastamos de nossos objetivos.

Dica 4: Evite usar crédito. Embora tenhamos um cenário de juros básicos mais baixos do que em um passado recente, o custo do crédito ainda é muito alto e isso poderá prejudicar de forma importante seus planos futuros, adiando-os ou mesmo impedindo que um dia se tornem realidade. Use o crédito se for realmente necessário e sempre com moderação, comparando taxas e custos e refletindo sobre sua verdadeira necessidade. Da mesma forma, caso você tenha créditos utilizados, como empréstimos pessoais por exemplo, procure priorizar o pagamento dos mesmos para gastar o mínimo possível de seus recursos com juros.

Dica 5a: Invista melhor, mesmo se você acha complexo. Vou deixar claro: investir é bem mais complexo do que parece, mas isso não quer dizer que você deva deixar seus recursos na caderneta de poupança, que em geral não é um bom investimento, nem mesmo concentrar tudo em renda fixa, que a princípio parece mais seguro. No cenário atual de juros mais baixos, manter seus recursos apenas em renda fixa, principalmente em produtos ruins como a caderneta de poupança ou veículos caros distribuídos pelos grandes bancos, significará apenas ter a certeza de que você não fará seu patrimônio crescer na medida em que deseja. Será preciso entender um pouco mais sobre outras classes de ativos, como multimercado e renda variável e aceitar algum “sobe e desce” do mercado, na busca por rentabilidades melhores. Para ajudar nisso, acompanhe as próximas dicas.

Dica 5b: Invista melhor, mesmo se você conhece o mercado. Se você se interessa pelo assunto, lê bastante a respeito e conhece o mercado, parabéns – você é uma exceção. No entanto, esse conhecimento pode se voltar contra você, porque o mercado é tão complexo e dinâmico, que é praticamente impossível para alguém, que não seja um profissional do setor, conseguir fazer uma gestão adequada de seus investimentos. Sem contar as questões emocionais, que impactam profundamente as decisões de investimento dos próprios recursos, prejudicando ainda mais as escolhas. Sei que as propagandas das corretoras induzem você a fazer as escolhas por si mesmo, mas seja sincero: você consegue fazer as escolhas entre as centenas de opções que as plataformas oferecem? Se sim, utilizando quais critérios? Ah uma observação: o critério de investir no produto mais rentável do passado é provavelmente o pior que você pode utilizar, porque está comprando algo que já se valorizou e tende, normalmente, a apresentar desempenho inferior em períodos futuros. Mas, como resolver isso, então?

Dica 6: Conte com a ajuda de profissionais. Seja você mais ou menos preparado para tratar de seus investimentos, procure profissionais para auxilia-lo nesse importante quesito. Peça indicações de pessoas próximas e confiáveis sobre empresas e profissionais de excelência. Faça entrevistas com essas pessoas, como se você estivesse contratando alguém para sua empresa – a realidade não é nada distante disso. Pergunte como o profissional ou a empresa é remunerada (e em quanto), quais serviços pode prestar e quais conflitos de interesse existem. A partir dai decida sobre quem deve te ajudar a cuidar de seus investimentos e demais assuntos de sua vida financeira, de maneira a ter um copiloto em sua jornada na busca por seus objetivos de vida.

Seguindo esses passos e essas dicas, tenho certeza que a sua festa de Réveillon de 2020 será melhor do que a de 2019. A melhor parte disso é saber que para que isso aconteça, só depende de você mesmo.

Boas reflexões, boas escolhas e um feliz 2019!

*Valter Políce é head da Academia Fiduc e sócio da Fiduc Planejamento Financeiro

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