A criminalização da homofobia volta à pauta do STF e tem gerado muita polêmica. Um dos pedidos é um mandado de injunção, impetrado pela Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo (APOLGBT), para que o STF defina o crime de homofobia. As opiniões estão divididas na sociedade, e existe muita pressão vindo tanto de segmentos mais conservadores, como a bancada evangélica, que temem que pastores sejam presos por falar contra a homossexualidade, quanto de movimentos ativistas LGBT, que querem garantir direitos dos gays, lésbicas e transexuais.
Priscila Reis, musa transexual do Carnaval carioca 2019, acredita que embora seja importante a militância pela igualdade e por direitos, toda essa discussão pode gerar mais apatia e criar uma segmentação na sociedade: “me preocupo muito com essa tentativa de criar leis direcionadas ao público LGBT. Estão criando diferenças e especialidades, e isso pode aumentar a rejeição e o preconceito. Leis contra preconceito já existem, o que acredito é que é necessário mais a conscientização do que a criação de novas leis. Enfatizar muito a diferença, segmentar a sociedade em gays, transexuais e héteros cria ainda diferença e isso é perigoso demais. Apesar de defender a causa dos direitos LGBT, temo o que está acontecendo”.
Priscila é um dos destaques do carnaval esse ano, e virá a frente de um carro alegórico que justamente exalta a diversidade, a liberdade religiosa, e protesta contra a intolerância religiosa e o preconceito.
A musa da Acadêmicos do Sossego acredita que, na verdade, por trás de tudo isso, podem haver interesses diversos: “Eu acredito que os grupos LGBT podem estar sendo influenciados por partidos políticos, e o verdadeiro ideal e propósito da causa está sendo esquecido. O que tem que valer é a premissa de que todos nós, independente de opção sexual, cor ou etnia, sejamos iguais perante a Lei. É preciso entender que interesses estão por trás de tanto discurso de ódio e das leis. Todos temos de ser iguais, e não segmentados. Luto pela igualdade, justiça social, e não por um tipo de apartheid LGBT”, comenta Priscila.