A proibição da utilização de promotores de crescimento em rações para animais de produção já existe em alguns países ao redor do mundo desde 2006. Entretanto, a portaria número 171 publicada em Dezembro de 2018 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento tem a intenção de proibir também no Brasil, a utilização de diversos promotores de crescimento, como a tilosina, lincomicina e bacitracina. Ou seja, a realidade que já encontramos em alguns países da União Europeia está cada vez mais se aproximando do Brasil.
Por conta disso, de acordo com José Luiz Schneiders, nutricionista da Quimtia Brasil, empresa especializada na fabricação de insumos para nutrição animal, é imprescindível que pesquisas com aditivos utilizados para a alimentação animal sejam cada vez mais atualizadas e precisas. Para ele, alguns aditivos possuem funções benéficas que, se utilizados de maneira correta, conseguem manter a integridade intestinal, auxiliando no controle da imunidade dos animais. “Os aditivos podem agir de diversas formas, dependendo do seu potencial, dentre eles, podemos citar os óleos essenciais”, comenta o especialista.
Segundo Schneiders, os óleos essenciais são extratos de plantas que contém princípios ativos com efeitos similares aos efeitos dos promotores de crescimento e são, normalmente, compostos por substâncias voláteis, líquidas, com odor agradável e marcante. “Na nutrição animal, podemos citar a utilização do Carvacrol, Timol, Cinemaldeído e Eugenol, que podem ser extraídos de orégano, tomilho, canela e cravo, por exemplo”, afirma.
Ação e Reação
O principal mecanismo de ação dos óleos essenciais é a sua ligação na membrana celular da bactéria. Ao se ligarem, os óleos essenciais promovem mudanças na permeabilidade e atividade, provocando danos ao sistema enzimático. O sistema enzimático das bactérias está relacionado à produção de energia e à síntese de componentes estruturais. Os danos que os óleos essenciais causam no sistema enzimático dificultam a distribuição de ATP (energia) intracelular, impedindo a sua reprodução e levando a bactéria a morte.
Schneiders frisa sobre estudos que demonstram que em fezes de suínos tratados com óleos essenciais, coletadas 20 minutos após o abate, houve uma redução de 24% na quantidade de enterobactérias quando comparadas com fezes de suínos não tratados com este aditivo – óleos essenciais. Além disso, essas fezes emitiram 21% menos gases tóxicos, após exposição de 24 horas. “Isso demonstra que, além do controle de bactérias patogênicas, o uso de óleos essenciais auxilia no controle ambiental, como uma função secundária”, reforça.
Em se tratando de bovinos, os benefícios também são satisfatórios. Para o médico veterinário da Quimtia, Stephen Janzen, eles atuam sobre as bactérias Gram + (não benéficas) no rúmen dos animais, semelhante aos ionóforos. Com isso, a redução destas bactérias Gram + resulta em benefícios como a redução de ácido acético e aumento da produção de ácido propiônico (precursor de energia).
Segundo ele, o resultado final pode ser traduzido como, aumento na produção de leite e carne, ou seja, melhor desempenho dos animais.
Óleos Essenciais x Funcionais
Ainda de acordo com o médico veterinário, sobretudo, é importante salientar que existem óleos essências e óleos funcionais. O especialista explica que os óleos funcionais são extraídos de sementes, frutas e grãos diversos, e não extraídos de essências, como os óleos essenciais. “Alguns estudos mostram que o resultado positivo da utilização dos óleos essenciais em ruminantes é dependente do tipo de dieta e do pH ruminal. Já os óleos funcionais não dependem destes fatores”, finaliza Janzen.