Como a Honda fez para manter a fábrica de Itirapina fechada por mais de três anos

A marca japonesa designou um pequeno grupo de trabalho e rodava as máquinas para não estragarem

Fábrica de Itirapina foi colocada para funcionar duas vezes por semana (Foto: Divulgação)

Fábrica de Itirapina foi colocada para funcionar duas vezes por semana (Foto: Divulgação)

A fábrica de Itirapina (SP) da Honda ficou parada por três anos depois da sua construção. Prontinha para funcionar, a unidade esperava um momento melhor do mercado para substituir aos poucos a planta de Sumaré (SP), que pode voltar complementar a produção da nova fábrica no futuro.

Após uma longa espera, a transferência de produção foi anunciada em março de 2018. Um bom tempo depois da conclusão de Itirapina, anunciada em abril de 2015. O objetivo era colocar tudo para funcionar no final daquele mesmo ano, planos que foram colocados de lado.

Foi um investimento de R$ 1 bilhão que a Honda não poderia deixar depreciar. Mas como foi deixar uma fábrica à espera por tanto tempo? Para começar, o fabricante adianta que a unidade não ficou parada. Não é que nem uma casa desabitada por um tempo, onde você pode jogar lençóis sobre os móveis e depois dar uma boa espanada para tudo ficar nos trinques.

Fábrica era colocada para funcionar toda semana

Segundo fonte, foi necessário colocar a fábrica de Itirapina para funcionar duas vezes por semana, tudo para “não estragar” os equipamentos.

Nenhum carro foi produzido experimentalmente neste período. Foi só uma questão de manutenção preventiva para poupar problemas no futuro. Afinal, quem quer deixar um maquinário desses às moscas?

E quantas pessoas ficaram encarregadas? Foram apenas 35 pessoas envolvidas na operação de deixar a fábrica pronta para dar a partida. É quase uma tripulação esqueleto, denominação que se dá ao contigente mínimo para deixar uma operação funcionando.

Não foi barato. Segundo Otávio Mizikami, diretor da fábrica de Itirapina, muito “dinheiro foi gasto mesmo com a fábrica parada”.

Agora, a casa está cheia. São 450 funcionários, parte deles transferidos da fábrica de Sumaré. De acordo com a Honda, 90% dos funcionários de lá aceitaram o convite de transferência para Itirapina. O fabricante ajuda nessa mudança com benefícios. Dos três mil funcionários da antiga fábrica, dois mil serão transferidos.

Sumaré continua produzindo

Agora, Itirapina está pronta para começar a produção do Fit, WR-V, HR-V e Civic. A operação foi iniciada com o faturamento do primeiro Fit produzido na fábrica. O hatch compacto foi o primeiro a ter a produção concentrada na nova planta.

WR-V será o próximo carro a ser feito pela Honda em Itirapina (Foto: Caio Matos/Divulgação)

WR-V será o próximo carro a ser feito pela Honda em Itirapina (Foto: Caio Matos/Divulgação)

A transferência dos demais modelos será aos poucos e está prevista para terminar em 2021. O WR-V compartilha muitos componentes com o Fit e será o próximo da lista até o final deste ano. Em 2020, começa a ser feito por lá o HR-V. O Civic fica por último.

E logo depois deve ser o lançamento do novo Fit, previsto para chegar ao mercado até 2021 e sem lugar de produção ainda definido. Quem sabe Sumaré? Se o mercado (e a demanda) crescerem de maneira exponencial, a Honda vai manter as duas em produção simultaneamente.

A capacidade produtiva de Itirapina é de 120 mil carros por ano e a produção do Fit é de 90 unidades por dia, trabalho dividido em dois turnos.

Honda Civic será o último a ter produção transferida (Foto: Divulgação)

Honda Civic será o último a ter produção transferida (Foto: Divulgação)

Além dos carros que ainda são feitos por lá, Sumaré continua responsável por atividades que receberam investimentos recentes: produção de motores (incluindo fundição e usinagem), injeção de plásticos, engenharia industrial e planejamento. Mil funcionários continuam trabalhando por lá.

A unidade veterana também permanece como a sede administrativa da Honda América do Sul, do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, Divisão de peças e centro de treinamento para concessionários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Topo