“O Pai me ama”, além de ser o tema da Festa do Santuário do Pai das Misericórdias neste ano, é uma proclamação que cada pessoa é convidada a fazer, pois trata-se de uma verdade pregada e vivida pelo Seu Filho amado, Jesus Cristo. Deus Pai nos ama, Deus Pai ama você que lê agora essas palavras. Eu proponho três passos para se tomar posse dessa verdade: ter consciência, acolher e viver o amor do Pai.
Como ter essa consciência do amor do Pai? Bom, façamos uma reflexão. De onde viemos? O que estamos fazendo neste mundo? Para onde vamos? Você já deve ter ouvido alguém falar isso ou já se fez estas perguntas. Por isso, o primeiro convite é ter consciência, pensar, refletir, questionar-se sobre sua existência.
Já escutamos algumas teorias e a mais famosa e aceita é a do “big bang”. Uma explosão onde se uniram elementos e assim a vida e depois todo o processo de evolução que chegou até o que somos hoje. Maravilha, então podemos pensar: quem causou a explosão? Quem criou tais elementos que se juntaram? E o resultado, a natureza, homens, animais, plantas, terra, água?
A Bíblia não é um livro científico, mas um livro de fé. Em Gênesis se narra a criação, com impressionante riqueza de detalhes, e, em resumo, ousaria dizer: Deus é o todo poderoso, Aquele que criou todas as coisas. Quem seria capaz de criar o que temos hoje? E o que se cria hoje, se faz a partir do nada? Deus criou todas as coisas não somente a partir do nada, mas a partir d’Ele mesmo, pois Deus é a fonte e a origem de todas as coisas, das coisas boas, assim nos ensina a teologia. Esse é o primeiro passo: tomar consciência de que Deus Pai criou todas as coisas e nos criou por amor.
O segundo passo é tomar posse de Seu amor. Quando o Pai me amou? O Pai sempre me amou e ama! Desde a criação, Deus nos amou, criou todas as coisas por amor, falou por meio dos profetas, por amor, falou-nos e se apresentou em Jesus Cristo, por amor, ou seja, nos quis neste mundo por amor.
O Pai só sabe amar, a especialidade d’Ele é amar. Mesmo quando pecamos, quando estamos tristes, quando não lhe obedecemos, Ele continua a nos amar. Mas é claro, Ele quer a nossa conversão, quer que deixemos de lado tudo aquilo que não convém a um(a) filho(a). Jesus já ensinava que devemos fazer a vontade do Pai (Mt 7,21). Quando fazemos a Sua vontade, fazemos parte de Sua família (Mt 12,49-50), somos felizes (Jo 15,10-11) e herdaremos a vida eterna (Jo 6,40).
Se tomamos consciência de que fomos criados pelo Pai e que Seu amor por nós é incondicional, compreenderemos o terceiro e último passo dessa breve reflexão: viver o amor do Pai por nós, para os outros.
É muito bom receber um presente, mas é bom também dar presente. É muito bom receber uma bênção, mas é bom também ser uma bênção. Por isso o Pai das Misericórdias concede a Sua misericórdia, mas também quer nos usar como canais da Sua misericórdia (Lc 6,36). “De graça recebemos, de graça devemos dar” (Mt 10,8b). Sejamos apóstolos da misericórdia!
O padre Jonas Abib quando teve a inspiração que a Canção Nova seria a casa da misericórdia, não pensava apenas no espaço construído, mas que cada membro da comunidade fosse casa de misericórdia! E aqui quero estender esse pensamento a todos nós que recebemos a misericórdia de Deus. Todos nós somos a casa do Pai das Misericórdias. Portanto, se Deus Pai é misericordioso comigo, devo ser também com os outros.
Nosso Deus, o Pai das Misericórdias, nos ama e concede a Sua misericórdia a todos os seus filhos, sem distinção. Ele deseja apenas um passo, uma tomada de consciência para dar aquele abraço forte! O Pai nos ama em Seu Filho Jesus Cristo e quer que também sejamos misericórdia nesse mundo.
* Padre Marcio Prado é sacerdote da Comunidade Canção Nova e Vice-Reitor do Santuário do Pai das Misericórdias. É autor dos livros “Entender e viver o Ano da Misericórdia” e “Via-sacra do Santuário do Pai das Misericórdias”, pela editora Canção Nova.
Twitter: @pemarciocn