Ilhabela (SP) – O turismo de natureza e de aventura representa 8,1% do PIB do Brasil, garantindo ocupação para 6,9 milhões de pessoas. No mundo, esse índice é de 10,4% na média de 185 países pesquisados pelo World Travel & Tourism Council (WTTC). E mais. O segmento teve crescimento de 3,1% no ano passado, enquanto o PIB brasileiro cresceu 1,1% no mesmo período, segundo o Instituto brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dados do governo federal confirmam que o número de turistas estrangeiros cresceu quase 30% nos últimos anos. Baseado nestes números e em análises de outros fatores, Flávio Ferrari, Head do CIFS BR – Copenhagen Institute for Future Studies aponta o ecoturismo e turismo de aventura como a solução para diversos problemas do País.
A ideia defendida por Ferrari foi a base da palestra ‘Ecos do futuro. O poder transformador do turismo de natureza’, ministrada nesta quinta-feira (15), no Esporte Clube Ilhabela, no primeiro dia de atividades do Abeta Summit, Congresso Brasileiro de Ecoturismo e Turismo de Aventura, que prossegue até domingo (18), no arquipélago do litoral norte paulista. “O setor pode ajudar em várias frentes, como meio ambiente, educação, economia, trabalho, saúde, entre outros. Desses pontos, talvez educação seja o mais importante, pois serve de base para todos os outros. E o ecoturismo e de aventura pode trazer conhecimento, ensinando respeito, noções de sustentabilidade e qualificação para o trabalho. Além disso, ao amplificar nossas belezas naturais estaremos melhorando a imagem do País”, afirmou.
Head do CIFS BR lembrou que na pesquisa ‘Planos dos brasileiros para 2019’, 63% dos entrevistados priorizaram `cuidar da saúde`. `Estudar e aprender coisas novas` foi a resposta de 56% das pessoas, seguida de `praticar atividade física (54%), ‘viver novas experiências’ (47%), ‘dedicar mais tempo para mim’ (45%), ‘fazer viagens interessantes` (44%), entre outras opções. “Isso quer dizer que essas pessoas querem fazer ecoturismo e turismo de aventura. Eles só não sabem disso. E cabe a nós mostrar isso para quem valoriza a experiência em detrimento ao consumo de bens, uma tendência em crescimento acelerado no mundo”, explicou Ferrari.
Quando fala em soluções para o Brasil, Ferrari enfatiza o papel de agente transformador do turismo de natureza e de aventura. “Vivemos em um mundo acelerado e em mudança constante, no qual, quando você aprende uma coisa, ela já está diferente. E isso pode deixar as pessoas perplexas. O nosso papel é ajudar a trazer o indivíduo para o aqui e o agora, desacelerando esse ritmo frenético imposto pela tecnologia por meio de atividades prazerosas, seguras e desafiadoras em lugares de belezas naturais sem igual como o Brasil. Esse é o nosso desafio para o futuro”, complementa.
Crescimento entre turistas estrangeiros – O panorama do setor é positivo e dados do governo brasileiro corrobaram com o otimismo de Flávio Ferrari. No painel “A importância do turismo de natureza na economia”, também realizado na quinta-feira (15), o secretário nacional de Integração Interinstitucional do Ministério do Turismo, Bob Santos, destacou que nos últimos anos a procura de turistas estrangeiros pelo turismo de natureza cresceu 27,3%. “Isso mostra que o turismo de natureza tem se tornado uma das principais portas de entrada das viagens no Brasil, país considerado o número 1 em atrativos naturais no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial. Precisamos potencializar esse espaço que o Brasil já possui. O ecoturismo é mais do que um tipo de turismo. Ele é renda, é oportunidade de emprego para o cidadão, é preservação, é educação”, afirmou Santos.
O secretário complementou ainda que o Ministério firmou um acordo de cooperação com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Ministério do Meio Ambiente e a Embratur com o intuito de incentivar o ecoturismo associado à preservação da biodiversidade. O objetivo é aproveitar o potencial das unidades de conservação para atrair visitantes a estes espaços e ao seu entorno. Dados do ICMBio estimam que os visitantes gastaram cerca de R$ 2 bilhões nos munícipios do entorno das unidades de conservação, gerando cerca de 80 mil empregos diretos.
“Precisamos desenvolver o turismo ecológico integrado à diversidade sociocultural e à conservação da biodiversidade, principalmente nas nossas unidades de conservação. Além disso, precisamos potencializar a promoção e comercialização em âmbito nacional e internacional. Cerca de 71% das visitas a unidades de conservação do Brasil foram realizadas em nossos parques nacionais”, reforçou o secretário. O debate teve ainda a presença do secretário de Turismo do Estado de São Paulo, Vinicius Lummertz, Pedro de Castro da Cunha e Menezes, do Ministério das Relações Exteriores, além do professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Cadu Yang.
Autoridades nacionais e estaduais – Promovido pela Prefeitura de Ilhabela, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e do Turismo, a edição 2019 do Abeta Summit teve a cerimônia de abertura na noite de quarta-feira (14). Entre as autoridades convidadas pela secretaria de Desenvolvimento Econômico e do Turismo de Ilhabela, Bianca Colepicolo e por Luiz Del Vigna, diretor executivo da Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura, estavam o secretário nacional de Integração Interinstitucional do Ministério do Turismo, Bob Santos, e o secretário de ecoturismo do Ministério do Meio Ambiente, André Germanos.
Após a abertura, teve início o ciclo de palestras, oficinas de capacitação, visitas técnicas e encontros de negócios para profissionais, empresas e destinos turísticos nesta quinta-feira, com a presença do Secretário de Turismo do Estado de São Paulo, Vinicius Lummertz. “Receber essas autoridades, tanto do poder público federal como do estadual reforça a importância do evento da Abeta e coloca Ilhabela no centro do mapa do escoturismo e do turismo de aventura no Brasil e confirma o slogan Ilhabela Vida Natural”, avalia Bianca Colepicolo.
A prefeita de Ilhabela, Maria das Graças Ferreira, a Gracinha, também se encontrou o secretário estadual Lummertz, que se colocou à disposição para apoiar todos os projetos voltados à universalização do saneamento, de incentivo ao turismo e eventos náuticos da ilha. “É muito importante receber uma autoridade do governo do Estado, principalmente quando se dispõe a ajudar projetos de interesse de nossa população, como o saneamento, o turismo e os eventos esportivos”, destacou Gracinha Ferreira.
Da teoria para a prática – Nesta sexta-feira (16), é dia de os participantes do Abeta Summit deixaram a teoria um pouco de lado e partir para a prática, com experiências e atividades ao ar livre. Entre as opções oferecidas pela Prefeitura de Ilhabela e empresários locais estão atrações como caminhada, cicloturismo, vela oceânica, escalada, mergulho, canoagem e turismo de base comunitária.
O sábado (17) foi reservado para capacitação. Ao longo do dia, serão feitas 11 oficinas com variados temas. O evento será encerrado no domingo (18), com uma assembleia com os associados da Abeta.
O Congresso Brasileiro de Ecoturismo e Turismo de Aventura é realizado anualmente desde 2003. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura, a edição em Ilhabela vai ampliar a diversidade do público presente, incluindo consumidores e interessados nos temas relativos ao turismo de aventura, ao ecoturismo, a sustentabilidade e a natureza de maneira geral.
Sobre a Abeta – Com mais de uma centena de empresas associadas presentes em 22 Estados e no Distrito Federal, a Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta), é uma associação civil que atua para transformar o potencial turístico do Brasil em vetor de desenvolvimento econômico e social, promovendo o associativismo, a capacitação profissional e o uso inteligente e sustentável do ambiente natural e cultural do país para a prática do turismo seguro e responsável.
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