O mês de setembro foi escolhido para conscientizar a população para a prevenção do suicídio e a preservação da vida. Durante todo o mês, entidades de todo o mundo vão estampar luzes amarelas, um símbolo do setembro amarelo, campanha que surgiu em 2003, depois que um jovem estadunidense cometeu suicídio.
O caso tornou-se famoso mundialmente, assim como a campanha, que chegou ao Brasil em 2015, graças ao Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Para Andréa Chaves, psicóloga especialista em saúde mental, é de fundamental importância debater sobre o suicídio e a saúde mental.
“Assim geramos um processo de clarificação, onde as pessoas com acesso à informação podem buscar o conhecimento que precisam e desmistificar os mitos acerca do tema, aqueles famosos ditos populares ‘ah isso é frescura’, é coisa de gente fraca’ e ainda ‘é coisa do diabo”, destaca.
Um estudo recente, realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria, revelou que o Brasil está na contramão do resto do mundo quando o assunto é suicídio.
Conforme o levantamento de 2006 a 2015 houve um aumento de 24% nos casos de suicídio entre jovens brasileiros, dos 10 aos 19 anos. Em contrapartida, o crescimento foi de apenas 17% ao redor do mundo.
Depressão X suicídio
Andréa lembra que um dos maiores problemas da saúde mental é a depressão. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a quantidade de depressivos aumentou em 18% nos últimos dez anos e até 2020 esta será a doença mais incapacitante do mundo.
Segundo a especialista, os sinais psíquicos mais comuns são: humor depressivo (rebaixamento afetivo), redução da capacidade de experimentar prazer na maior parte das atividades, antes consideradas como agradáveis, fadiga ou sensação de perda de energia e diminuição da capacidade de pensar, de se concentrar ou de tomar decisões.
Além é claro dos sintomas fisiológicos, como alterações no sono, apetite e libido. “Há ainda mudanças de comportamento, como o retraimento social, crises de choro, comportamentos suicidas e retardo ou agitação psicomotora”, aponta.
Ela complementa que frente a todos estes sintomas, a depressão causa o isolamento social e coloca o indivíduo como vulnerável a padrões de julgamento muito comuns em nossa sociedade “falta de fé” “falta de atitude” ” obrigação de reagir” etc. ” Isso piora e muito os sintomas e agrava o quadro”, destaca.