Por que nosso coração pode crescer e como identificar se isso é um problema cardíaco

A dilatação do músculo cardíaco é recorrente em atletas que praticam modalidades que requerem esforço físico intenso, mas geralmente não tem relação com problemas

São Paulo (SP) – Pela ocorrência bem específica, poucas pessoas sabem que nosso coração pode aumentar de tamanho e porquê isso ocorre. Essa dilatação do músculo cardíaco é chamada popularmente de coração de atleta e, de acordo com Alexandre Soeiro, cardiologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, não se trata necessariamente de uma doença.

“Essa hipertrofia ventricular secundária ligada à atividade física é relativamente comum em atletas praticantes de modalidades de alto rendimento e o surgimento é tão particular que não há dados ou mesmo estudos que confirmem que essa condição tem qualquer relação com problemas cardiológicos”, explica o especialista da BP.

O que se pode afirmar é que, diante de um esforço excessivo, o coração procura se adaptar e, com o tempo, se torna maior do que o órgão de uma pessoa comum. Essa adaptação fisiológica às sobrecargas de força e metabolismo independe do sexo do atleta. “Sabemos que o surgimento depende muito mais do tipo de exercício e da quantidade de esforço envolvidos. A maioria dos médicos sequer trata essa condição como doença porque o coração fica hipertrofiado e dilatado apenas para suportar o excesso de atividade”, informa Soeiro.

Atletas identificados com essa condição apresentam maior eficiência mecânica da musculatura esquelética, aumento da capilarização e de atividades enzimáticas, aumento da capacidade funcional pulmonar e melhor relação ventilação/perfusão. “Essas alterações dependem da intensidade e duração do treinamento, do tipo de atividade atlética e de fatores genéticos”, explica o médico.

Ainda não há dados que comprovem que essas alterações levem a problemas cardiovasculares mais graves. Mas então como os cardiologistas tratam desses casos, quando identificados? “Quando há alguma dúvida é necessário se basear em exames complementares para fechar um tratamento ou para recomendar apenas um acompanhamento”, diz Soeiro. E o médico lembra que essa adaptação do órgão, decorrente do excesso de treino, não costuma ser motivo para que o atleta pare de praticar exercícios físicos. Mas o acompanhamento com o cardiologista é fundamental.

Há ainda casos em que o coração se desenvolve por outros fatores. Quando há dúvidas se esse crescimento é resultado de uma adaptação ou doença estrutural cardíaca, caberá ao médico pedir exames complementares. Normalmente, utiliza-se a ressonância magnética cardíaca para averiguar o grau de espessura do músculo, a presença ou não de alterações diastólicas, a força de contração, presença de fibrose e tamanho da cavidade. “Quando mesmo assim persistem dúvidas, o indivíduo é orientado para se afastar momentaneamente das atividades para interrupção do esforço e ser possível fazer uma reavaliação”, conclui o médico.

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