São Paulo (SP) – Os últimos dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, publicado em dezembro de 2018, chamam atenção para o número de diagnósticos de HIV em pessoas da terceira idade. De 2007 a 2017, os diagnósticos cresceram sete vezes. Em mulheres com 60 anos ou mais, foi observado um aumento de 21,2% quando comparado ao mesmo período.
O Dia Internacional do Idoso, comemorado em 1º de outubro, pode ser uma oportunidade para discussão sobre a prevenção do HIV na terceira idade e para refletir sobre os motivos pelos quais ainda se registram tantos diagnósticos em uma era de tratamento, prevenção e informação como a de hoje.
“Com o aumento de parcerias sexuais na terceira idade, cada vez mais este grupo torna-se vulnerável a contrair o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis. Um dos principais motivos para isso é que alguns assuntos ainda são tabus na nossa sociedade, como o uso de preservativos por esta geração”, conclui Dra. Rita Manzano Sarti, infectologista e diretora médica da Gilead Sciences – biofarmacêutica que tem o HIV/AIDS como uma de suas principais áreas terapêuticas de pesquisa e desenvolvimento.
Segundo especialistas, este aumento excessivo de casos de HIV na 3ª Idade também está atrelado à redescoberta do sexo por meio de medicações para impotência sexual e ao fato de que a maioria desta geração não aderiu à cultura do uso do preservativo, não se atentando ao risco de contrair o vírus.
“Por isso a informação e a quebra de tabu são importantes. É preciso falar abertamente sobre sexualidade e orientar as pessoas, independentemente da idade, sobre todas as formas de prevenção, não somente o uso do preservativo”, conclui Dra. Rita.
Sobre isso, a médica explica que surgiram ao longo do tempo outras ferramentas eficientes e complementares para a prevenção do HIV/Aids. Chamada de Prevenção Combinada, esse conjunto de estratégias faz uso simultâneo de diferentes abordagens de prevenção e garante a proteção ideal para determinados públicos como as populações-chave e prioritárias.
Entre elas destaca-se a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), que consiste na utilização de medicamento antirretroviral por indivíduos que não estão infectados pelo HIV, mas que se encontram em situação de vulnerabilidade.
A PrEP é indicada principalmente para segmentos populacionais prioritários como: trabalhadores (as) do sexo, pessoas trans, homens que fazem sexo com homens e casais sorodiscordantes.
Outro alerta é que a população idosa contaminada pelo HIV pode apresentar comorbidades como insuficiência renal, perda de massa óssea, doenças do fígado, alterações metabólicas, cardiovasculares e declínio cognitivo. Além disso, a tuberculose é a principal causa de morte relacionada à Aids, sendo responsável por cerca de 1/3 dos óbitos.