Nosso Papa tem algumas frases, digamos, exatas – aprendeu de Jesus! Uma dessas é sobre o casamento. Afirmou: “o casamento nos conduz ao coração do projeto de Deus, que é um projeto de aliança com seu povo, com todos nós: um projeto de comunhão”. Creiamos: a comunhão é possível. “Façamos o ser humano à nossa imagem e semelhança” (Gn 1, 26). Deus não é solidão, mas comunhão, Família: Pai e Filho e Espírito Santo.
O Papa Francisco diz que, antes de tudo, “somos criados para amar, como reflexo de Deus e do Seu amor’, e que é na união conjugal entre o homem e a mulher que se realiza esta vocação, “no sinal de reciprocidade e de comunhão de vida plena e definitiva”. Quanta dignidade expressa nesta frase. Deus nos deu esta dignidade. Somos criados e chamados à excelência da vida divina.
Quando um homem e uma mulher se unem em matrimônio, Deus ‘se reflete neles’. Da mesma maneira, como indica São Paulo, na Carta aos Efésios: nos esposos cristãos reflete-se “a relação instaurada de Cristo com a Igreja, uma relação esponsal” (Ef 5, 25). E como é o amor que Jesus nutre por Sua Esposa, a Igreja? Eis as características: fidelidade, perseverança e fecundidade. Estas são também as características de um autêntico casamento cristão: que seja fiel, indissolúvel e fecundo.
Sabemos que isso nem sempre é fácil. Nem tudo foi fácil na vida de Jesus. Olhemos Sua agonia no Getsêmani! Contudo, nosso Senhor foi acolhendo toda a missão que do Pai recebera e buscou ser fiel, perseverante e fecundo, mesmo na dor e na derradeira morte: na Sua entrega de vida na Cruz. Em Cristo nossa identidade e nossa vocação profunda resplandecem. Somos criados capazes de fidelidade e de perseverança. Sim, nem sempre será fácil, mas a fidelidade, a indissolubilidade e a fecundidade são possíveis e ínsitas da identidade profunda da pessoa humana.
A Igreja pensa e proclama ser ‘bonito, verdadeiro e bom formar uma família, ser família hoje. Isto é indispensável para a vida do mundo, para o futuro da humanidade’, e fundamental para nossa sociedade. Mais uma vez a solidária palavra de Francisco: “É-nos pedidos colocar em evidência o luminoso plano de Deus sobre a família e ajudar os cônjuges a vivê-lo com alegria em sua existência, acompanhá-los em tantas dificuldades, com uma pastoral inteligente, corajosa e plena de amor”.
Santo Antônio, em suas pregações sobre o matrimônio, lembrava: só podem se unir em matrimônio os que têm fé e entendem ser este o caminho vocacional para viver o Evangelho; os que se amam: amam no amor de Cristo, do jeito de Cristo, como Ele amou: – “dar sua vida”; os que quiserem empenhar toda a vida em tornar o outro melhor; os que quiserem empenhar toda a sua vida em conduzir o outro a Deus: buscar tornar o outro santo.
(*) Dom João Inácio Müller é Bispo da Diocese de Lorena (SP) e articulista da Revista Canção Nova