Com apenas dois veículos brasileiros inscritos, o Rally Dakar já desembarcou na Arábia Saudita, onde disputará sua 42ª edição e também fará sua estreia. Em um país bastante peculiar, com leis e costumes contrastando com a pujança econômica apoiada nas vastas reservas de petróleo, o maior rally do mundo mostra novamente a capacidade adaptativa que o fez superar diversas crises, incluindo o cancelamento da edição 2008 por ameaças da Al Qaeda na Mauritânia – episódio que levou o Dakar para a América do Sul em 2009.
Com Angola, África do Sul e Arábia Saudita pleiteando a prova em 2020, os organizadores optaram por este último, impondo um contrato de cinco anos. Para os sauditas, que verão a estreia da prova em seu território, o evento é visto como uma forma de divulgar seu esforço de atrair novos negócios não ligados ao petróleo – uma tentativa de melhorar a imagem e a estabilidade econômica de um país já bastante rico.
Os brasileiros têm na dupla Reinaldo Varela e Gustavo Gugelmin, que compete na categoria UTV pela equipe Monster Energy/Can-Am, uma boa aposta para sair da prova com um título. Os dois venceram a prova em 2018, chegaram em terceiro em 2019 (depois de liderar quando sofreram uma quebra) e em outubro se sagraram tricampeões mundiais. Além deles, o país será representado por Lincoln Berrocal, que competirá entre as motos. Confira abaixo números e curiosidades sobre o maior rally do planeta:
Velocidade vem do berço – O piloto Reinaldo Varela é um dos grandes nomes do off-road brasileiro. Com dezenas de títulos nacionais e internacionais, ele também colocou os filhos Rodrigo, Gabriel e Bruno para competir – e todos se sagraram campeões brasileiros. Já o navegador Gustavo Gugelmin, que também coleciona títulos, é primo do ex-piloto de Fórmula 1 Maurício Gugelmin.
Teste máximo – A edição 2020 do Dakar reunirá os mais variados desafios que o off-road pode oferecer. Desde o maior deserto do mundo e suas dunas gigantescas, passando por montanhas e despenhadeiros, até trechos de alta velocidade e trilhas com rochas enormes espalhadas no meio do caminho.
Estreia ousada – Mesmo assim, 85 competidores disputarão a prova pela primeira vez. De outro lado, 47 inscritos já competiram em pelo menos dez edições do Dakar.
53 nações representadas – No total, estão inscritos 351 veículos entre motos (147), carros (87), UTVs (47), caminhões (47) e quadriciclos (23), reunindo 557 competidores de 53 países diferentes.
Navio sul-americano – Em 2019, um terço dos competidores do Dakar eram de países da América do Sul. Por isso, a organização alugou um navio para levar equipes e equipamentos do continente até a Arábia Saudita – uma das principais despesas para os times da região.
Território número 30 – Em 42 edições, o Dakar passou por três países europeus, 21 africanos e cinco sul-americanos. A Arábia Saudita será o 30º país a receber a prova, em seu percurso total ou apenas parcial. Com um contrato de cinco anos, a nova casa do Dakar será o segundo país a sediar a prova sozinho. O primeiro foi o Peru, em 2019.
Em todo o mundo – A prova contará com 12 horas de programação diária colocada no ar pelas emissoras oficiais, com uma produção total de 1.200 horas de conteúdo captado durante 13 dias. Setenta canais de TV estão credenciados, abrangendo uma cobertura disponível em 190 países.
O mais longo da história – Com 7.856 km de extensão, a edição 2020 do Dakar terá um recorde de 5.097 km de trechos cronometrados em alta velocidade – o mais longo da história da prova. Uma estreia e tanto em um dos territórios mais desafiadores já visitados pelo Dakar.
Pé na areia – 65% do percurso (ou aproximadamente 4.870km) serão disputados em trechos de areia. Isso inclui diversas conformações de dunas, desde as gigantes com 250 metros até as pequenas, mas incômodas por promoverem sequências intermináveis de saltos. Um teste de resistência para tripulações e veículos.
Da nossa parte, tudo bem – O deserto e as dunas devem ser aliados da dupla brasileira Varela/Gugelmin. Isso por que, para a conquista do tricampeonato mundial, em outubro, eles venceram rallies no Marrocos, Qatar e Cazaquistão – todos com grande parte do trajeto em áreas desérticas.
Território “elétrico” – Curiosamente, o Dakar terá um dia de descanso no mesmo lugar onde é montada a pista do Mundial de Fórmula E, em Riyadh (Riad), capital e maior cidade do país. É também a terra original da família Saud, que fundou o Reino da Arábia Saudita.
Joia da coroa – Os vários reinos que formaram a Arábia Saudita foram unificados em 1932 pelo patriarca e conquistador Ibn Saud. No território anexado está o maior deserto contínuo do mundo: o Rub’ al Kahli, cujo nome significa “Território Vazio” (em tradução livre), uma característica explicável pelas duras condições de sobrevivência. Lá, tempestades de areia formam dunas de até 250m de altura. O Rub’ al Kahli é uma das estrelas do Dakar 2020.
De olho na vitória – Em grande fase nas competições internacionais, os tricampeões mundiais Reinaldo Varela e Gustavo Gugelmin são a aposta da equipe Monstar Energy/Can-Am para a conquista de seu segundo Dakar na categoria UTV. Eles venceram em 2018 e só não repetiram a façanha em 2019 por que seu carro quebrou quando estavam na liderança. São também a principal esperança brasileira na competição