Ele chegou discretamente no Brasil em 2017 e foi, aos poucos, chamando a atenção de pecuaristas e agricultores pela sua versatilidade, qualidade e resultados práticos. Hoje já é opção de muitos produtores para produzir silagem barata, constituir palhada vigorosa para o plantio direto e utilização até mesmo na produção de bioenergia. Trata-se do sorgo Agri 002E, mais conhecido como sorgo gigante em função de seu porte (pode atingir aproximadamente cinco metros de altura). A variedade promete ser uma das atrações do Showtec 2020, evento que abre o circuito anual das feiras agrotecnológicas no Brasil e que acontece entre os dias 22 e 24 de janeiro em Maracaju, MS.
O material será apresentado no stand da Agricomseeds, multinacional sul-americana responsável pelo desenvolvimento e melhoramento genético (a empresa não trabalha com transgênicos) desta e de outras cultivares de sorgo e milho voltadas para o plantio fundamentalmente em regiões tropicais. O portfólio da companhia é fruto de criteriosas pesquisas desenvolvidas desde 1995. As sementes são multiplicadas em uma área superior a 1.100 hectares em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, onde fica sua sede. No Brasil, as pesquisas são desenvolvidas em um centro tecnológico instalado em Leme, SP.
De acordo com o William Sawa, diretor-executivo da Latina Sementes (subsidiária para comercialização nos mercados brasileiro e paraguaio), a Agricomseeds está presente hoje em todos os países da América do Sul e também na África (Angola e Quênia), além de desenvolver parcerias em genética na China e nos Estados Unidos.
Versatilidade
A expectativa da empresa boliviana é de multiplicação substancial da área de cultivo comercial do sorgo gigante no Brasil. As projeções são de que a extensão de plantio chegue a 120 mil hectares (ha) no ciclo 2020/2021 e pule para 250 mil ha na safra 2021/2022.
Sua versatilidade é um dos pontos altos. Diante da substancial alta no preço do milho, cuja saca de 60 kg supera hoje a casa de R$ 40 no oeste do PR e sul do MS, o sorgo tornou-se a melhor opção na atual safra para a produção de silagem barata (para alimentação de animais no cocho). Há relatos de cultivos do sorgo gigante no Brasil cuja silagem obtida saiu a um custo entre R$ 0,04 e R$ 0,06 o kg. “Além disso, esta cultivar é também indicada para uso na restruturação do solo e para a diminuição dos impactos tropicais na cultura da soja, cultivada antecedendo a semeadura da oleaginosa e oferecendo uma ampla palhada”, garante Sawa.
Com um manejo adequado e cuidados agronômicos, o desempenho do Agri 002E chega a impressionar. Em experimentos realizados no Paraná pela G12 Agro Consultoria, sob a coordenação do engenheiro agrônomo Igor Quirrenbach, o sorgo gigante conseguiu uma produção de 105 t/ha de massa verde quando plantado na safra de verão (ao longo de 134 dias) e de 50 t/ha na safra de inverno/safrinha (ciclo de 115 dias). “Na pecuária de corte, por exemplo, um hectare cultivado com o sorgo gigante pode alimentar até oito unidades animal (ua)/ha/ano na primeira safra e cinco ua/ha na safrinha”, garante. O ganho de peso diário (GMD), segundo ele, pode variar entre 0,5 a 1,5 kg, dependendo do nível de suplementação da dieta.
O stand da Agricomseeds na Showtec 2020 terá espaço climatizado e área de cultivo experimental para visitação. Outras variedades de sorgo (forrageiro, granífero e bioenergético) estarão em exposição, assim como o milho com tecnologia Leadgrain, conhecido como o milho gordo (cuja espiga apresenta maior número de linhas de grãos em relação às espigas convencionais).
O Showtec 2020 terá uma ampla programação voltada para a agricultura, pecuária e tecnologia digital. A abertura acontece no dia 22 de janeiro às 8 horas. Para o mesmo dia está programado o “Encontro Jovens da Agropecuária: inovações que moldam o futuro do campo”. A feira acontece em um espaço pertencente à Fundação MS, na estrada da Usina Velha, km 02.