Carnaval é sinônimo de festa, diversão e alguns exageros também. Beber demais, comer alimentos ultraprocessados ou mesmo mal preparados e se cansar de tanto dançar nos blocos de rua podem gerar enjoo, dor de cabeça, azia, prisão de ventre, dor de garganta e outros desconfortos passageiros.
Para aproveitar ao máximo essa época, é preciso colocar em prática o autocuidado antes, durante e depois da folia. Para isso, adote práticas saudáveis, tenha bons hábitos de higiene e, se necessário, use medicamentos isentos de prescrição, sempre de forma consciente.
No geral, a automedicação com MIPs – aqueles medicamentos sem tarja, de livre acesso, que ficam do lado de fora do balcão – é uma prática regulamentada para tratar problemas de saúde já conhecidos. Já a autoprescrição, que é o ato de utilizar medicamentos de tarja vermelha ou preta por conta própria, sem a receita médica, é extremamente arriscada e prejudicial à saúde.
Além desses dois pontos, veja abaixo outros esclarecimentos sobre os MIPs para acabar de uma vez por todas com as confusões e mal-entendidos sobre a automedicação e conseguir aproveitar a época sem indisposições.
Automedicação com MIPs NÃO é a principal causa de intoxicações
Para ser considerado um MIP e ser vendido do lado de fora do balcão, o medicamento passa por uma avaliação criteriosa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Entre os principais critérios de avaliação utilizados pelo órgão estão baixo teor de toxicidade do medicamento, reações adversas reversíveis após a pessoa parar de tomar o medicamento, se há interações medicamentosas ou com alimentos, baixo risco ao paciente em caso de abuso ou erro de dosagem e a sua facilidade de uso, sempre por um curto período de tempo.
De acordo com o Mestre em Toxicologia pela USP, Dr. Sergio Graff, uma análise mais detalhada de casos registrados no Sinitox (Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas) mostra que os principais medicamentos causadores de intoxicações não são os MIPs e sim, em ordem de importância: antidepressivos, anticonvulsivos, anticoncepcionais, neurolépticos e ansiolíticos (todos com tarja).
“O que acontece é que, quando vemos notícias na mídia falando sobre o número de pessoas que são hospitalizadas por causa da automedicação, estamos vendo, na verdade, números relacionados a internações causadas por medicamentos tarjados. Isso acontece porque não há registros nas estatísticas que nos permitam analisar apenas os casos de intoxicação por MIPs”, explica Graff.
O fato de os medicamentos serem vendidos livremente NÃO aumenta o consumo pela população
Não existem registros de uso de medicamento sem prescrição por impulso, já que o consumidor utiliza esse recurso apenas quando apresenta algum sintoma ou problema de saúde.
Automedicação NÃO é um risco para a população
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o uso de medicamentos que não necessitam de receita médica (automedicação) é hoje aceito como parte importante do autocuidado. Seu uso consciente evita a sobrecarga dos serviços de saúde, visto que não há necessidade de ir a um hospital para tratar de um sintoma já conhecido no dia a dia. Esses medicamentos também exercem um papel social e econômico importante para o país: para cada R$ 1,00 gasto com um MIP, são economizados R$ 7,00 para o sistema de saúde. Dessa forma, os MIPs permitem que os recursos públicos que seriam usados no tratamento de doenças menores sejam dirigidos para doenças mais graves, que têm um grande impacto sobre a população e a saúde pública.
Merece atenção o fato de que muitos medicamentos acabam sendo vendidos, erroneamente, sem a apresentação da prescrição, apesar de possuírem tarja vermelha ou preta. Nesse caso, se forem consumidos sem receita médica, será uma prática de autoprescrição, o que pode resultar em riscos à saúde.