Robert Scheidt chega aos 47 anos e espera pelo presente de aniversário: voltar a velejar

Bicampeão olímpico segue treinando em sua casa, na Itália, para manter a forma física durante o período de isolamento social em função da pandemia do novo coronavírus

Scheidt espera voltar a velejar o quanto antes (Divulgação)

São Paulo (SP) – Robert Scheidt completa 47 anos nesta quarta-feira (15). Em isolamento social com a mulher e os dois filhos na Itália, o bicampeão olímpico sabe que ainda terá que esperar para receber o maior presente de aniversário: voltar a velejar. “Sigo treinando em casa para manter a forma física. Não sabemos ainda quando poderemos voltar para a água. Se a curva continuar diminuindo, existe a expectativa de que consigamos começar a retomar as atividades externas por volta do final de maio. Esse é o melhor cenário, mas não é nada garantido. Espero poder voltar a velejar o quanto antes, mas neste momento o mais importante é a saúde de todos”, afirmou o velejador, que vai disputar a sétima Olimpíada em Tóquio, em 2021.

Enquanto está impedido de subir em um barco, Scheidt aproveita o tempo livre para se dedicar à família e outros aspectos importantes da carreira de velejador. “Tenho passado bastante tempo com meus filhos. Ajudo nas lições de casa, além de outras atividades. O meu mais velho, o Erik, já veleja e começou a treinar junto comigo aqui em casa. Além do trabalho físico, aproveito para tratar de outros pontos que também fazem parte de uma boa preparação, como ler livros para me manter atualizado com as questões técnicas do esporte e estudar de regras”, explica o velejador, que é patrocinado pelo Banco do Brasil e Rolex e que conta com o apoio do COB e CBVela.

Com a mudança da data dos Jogos de Tóquio para 2021, Scheidt terá que refazer sua programação. Para o maior medalhista brasileiro em Olimpíada – com cinco pódios –, a espera para competir em sua sétima Olimpíada (recorde entre os atletas brasileiros) não trará problemas, nem mesmo quanto a idade, já que terá 48 anos em julho de 2021. “Não vejo uma grande diferença de competir com 45, 46, 47 ou 48 anos. Lógico que eu gostaria de ter 25 anos de idade, estar no auge da carreira, mas eu fiz a Olimpíada do Rio (em 2016) com 43 e me comprometi a fazer a do Japão com 47. Nesse ano a mais, vou poder identificar em que pontos posso melhorar.”

O bicampeão olímpico reafirma que, apesar da dificuldade do isolamento social, o momento é de pensar no coletivo e na saúde do planeta. “Claro que não é fácil. Esse momento é um desafio para todos nós, obrigados a alterar a rotina. Mas tudo isso é para o bem da sociedade, para o bem da humanidade. Temos que entender, ter paciência e serenidade. Vamos superar e ter a chance de voltar a fazer o que tanto gostamos. No meu caso, velejar”, garante o atleta, natural de São Paulo e que vive na cidade italiana de Torbele, às margens do Lago Di Garda.

Scheidt às margens do Lago di Garda, na Itália (Divulgação)

Desafio olímpico –  Scheidt retornou à classe Laser em 2019, após quase três anos ausente, desde os Jogos do Rio/2016, onde terminou na quarta colocação mesmo vencendo a medal race. Nesse período de readaptação às novas técnicas e nova mastreação, cumpriu seu objetivo principal, que foi o índice para Tóquio, com o 12° lugar no Campeonato Mundial da Classe Laser 2019, em Sakaiminato, no Japão, em julho. Ele confirmou a vaga no Mundial da Austrália, em fevereiro, quando chegou à flotilha ouro e foi o melhor brasileiro na disputa.

Na volta à vela olímpica, Scheidt disputou outras três grandes competições. A última foi o Ready Steady Tokyo, no final de agosto de 2019, em Enoshima, quando terminou em 10° lugar, chegando à medal race pela primeira vez desde que decidiu interromper a aposentadoria da classe Laser. Ele ficou próximo da regata da medalha no Troféu Princesa Sofia e na Semana de Vela de Hyères.

Maior atleta olímpico brasileiro

Cinco medalhas:

Ouro: Atlanta/96 e Atenas/2004 (ambas na Classe Laser)

Prata: Sidney/2000 (Laser) e Pequim/2008 (Star)

Bronze: Londres/2012 (Star)

181 títulos – 89 internacionais e 92 nacionais, incluindo a Semana Internacional do Rio, o Campeonato Brasileiro de Laser e a etapa de Miami da Copa do Mundo, todos em 2016. Em novembro de 2017, pela Star, conquistou a Taça Royal Thames e, neste domingo, o Europeu de Star.

Laser

– Onze títulos mundiais – 1991 (juvenil), 1995, 1996, 1997, 2000, 2001, 2002*, 2004 e 2005 e 2013

*Em 2002, foram realizados, separadamente, o Mundial de Vela da Isaf e o Mundial de Laser, ambos vencidos por Robert Scheidt

– Três medalhas olímpicas – ouro em Atlanta/1996 e Atenas/2004, prata em Sydney/2000

Star

– Três títulos mundiais – 2007, 2011 e 2012*

*Além de Scheidt e Bruno Prada, só os italianos Agostino Straulino e Nicolo Rode venceram três mundiais velejando juntos, na história da classe

– Duas medalhas olímpicas – prata em Pequim/2008 e bronze em Londres/2012

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