Pesquisa aponta variações de impactos da Covid-19 nos negócios de MS

Segundo estudo do Sebrae e Fecomércio, a pandemia tem afetado de forma diferente as atividades econômicas e as regiões do estado.

Parte de segmentos registraram aumento nas vendas durante pandemia do coronavírus – Foto: Sebrae/MS – Divulgação

Com o objetivo de verificar os efeitos da pandemia de Covid-19 na economia do Estado, o Sebrae e o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio (IPF/MS) realizaram o estudo “Impactos do Coronavírus no Comércio de Bens e Serviços de MS”, divulgado nesta sexta-feira (08). O levantamento apresenta cenários, perspectivas e percepções de empresários e consumidores.

O estudo aponta que a pandemia do novo coronavírus afetou de forma diferente os negócios de Mato Grosso do Sul. A depender do segmento e da mesorregião do estado, os impactos foram maiores, enquanto em outros setores, como Beleza, Nutrição e Saúde, 15% dos entrevistados relataram aumento nas vendas, uma perspectiva positiva.

Mas, assim como em todo o mundo, os negócios de MS vêm sentindo os efeitos da crise, com queda nas vendas e na prestação de serviços na maioria (85%). Para uma parte, não houve alterações (8%) e para outra, as vendas aumentaram (7%). Entre os segmentos, o baque foi maior para Roupas, Sapatos e Acessórios, com redução de 95% nas vendas, seguido por Hotéis e Eventos e Restaurantes, ambos com queda de 92%.

Apesar do cenário, existem oportunidades. “A desaceleração dos mercados está causando mudanças nas relações comerciais que podem deixar legados positivos para a forma como o consumo vai acontecer no futuro, de forma mais consciente e tendo como base novos padrões de valores, tanto para as empresas quanto para os consumidores”, diz a analista do Sebrae/MS, Vanessa Schmidt.

A economista do IPF-MS, Daniela Dias, ressalta que os impactos da pandemia na economia do Estado já apontam quedas na movimentação e demissões, mas, a maior parte dos empresários optou por manter seus quadros. “Todas as vezes que temos pessoas trabalhando temos amenização da insegurança, garantia de renda e, consequentemente, compras”.

Para os próximos três meses, a maioria dos empresários pretende manter o quadro de funcionários atual (67%) e mais da metade não realizou alterações na equipe de colaboradores durante este período (56%), o que reforça a preocupação em não demitir. Todavia, com a queda média do faturamento em 46% dos negócios, parte precisou desligar colaboradores (38%).

Neste sentido, o estudo aponta que várias estratégias são realizadas pelos empresários para manter a equipe, como a concessão de férias, suspensão temporária de contratos, home office, dispensa temporária dos trabalhadores com pagamento integral ou parcial do salário, revezamento de horário, alteração de carga horária, entre outros.

No estudo, os empreendedores também indicaram os mecanismos que poderiam amenizar os resultados negativos com as vendas. Entre eles, estão acesso a crédito (18%), fim da quarentena e reabertura do comércio (12%), auxílio e suporte do governo e prefeitura (10%).

Mudanças no Comportamento

Quando se fala em faturamento, a mudança de comportamento mais contundente dos empresários foi a adoção de canais de comercialização à distância, atendimento e produtos diferenciados, adaptados às necessidades dos consumidores, mitigando efeitos da crise. A maioria – equivalente a 71% – realizou alterações nos canais de venda, e 54% pretende manter as alterações no pós-pandemia.

“No que diz respeito ao consumidor chama atenção o fato de que eles ainda estão com medo, mesmo que tenha se amenizado essa sensação, ainda há efeitos. A recuperação tende a ser mais rápida na região do Pantanal e mais lenta na região norte, onde vai precisar de mais ações para fortalecimento das perspectivas dos consumidores”, explica a economista do IPF-MS, Daniela Dias.

“As relações sociais vão mudar, as relações de trabalho e as relações de consumo. O empresário vai precisar observar o novo padrão de comportamento do mercado e os novos padrões de valor do seu cliente e se adequar”, finaliza a analista do Sebrae/MS, Vanessa Schmidt.

Pesquisa

A pesquisa “Impactos do Coronavírus no Comércio de Bens e Serviços de Mato Grosso do Sul” ouviu 1.717  consumidores, entre os dias 06 a 27 de abril com 95% de nível de confiança e 5% de margem de erro; e 217 empresários, entre 15 a 22 de abril, com 95% de nível de confiança e 6,5% de margem de erro.

O estudo foi realizado online com envio para todos os municípios do Estado. Ao todo, 18 cidades responderam, agrupadas em quatro mesorregiões para amostras mais representativas do comportamento regional: Centro-Norte (Campo Grande e Coxim), Leste (Três Lagoas), Pantanais (Corumbá/Ladário) e Sudoeste (Dourados e Bonito).

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