Os homens passam às gerações seguintes aquilo que criaram e assim sucessivamente, com isso diferenciam-se dos animais que não guardam seus instrumentos e não os transmite para outras gerações, reverberam instintos. Portanto, o desenvolvimento da humanidade só é possível com a transmissão, às novas gerações, das aquisições da cultura humana, através da educação. No nosso caso, ser pantaneiro é sentir o cheiro da fruta, nadar em águas barrentas, remar em águas correntes. Ser pantaneiro é a fuga da morte, é a busca da vida… (Ciranda Pantaneira). Esses versos, evocam que a imagem do homem pantaneiro que predomina nas músicas é de alguém que se orgulha de ser de onde é, que se reconhece como caipira ou caboclo, que tem características de herói que protege a mulher, e, acima de tudo, alguém que conhece a linguagem das plantas e dos animais e os respeita. Com essas características temos um cinquentenário representante deste cenário. É o Grupo Acaba, músicos que se apresentaram no primeiro evento de Mato Grosso do Sul em Brasília. Em 1978 na praça dos Poderes. Durante o hasteamento da nossa bandeira foi cantado, lógico: “Ciranda Pantaneira”.
O Grupo Acaba foi criado em 1966 por iniciativa dos irmãos Chico e Moacir Lacerda. Os dois nasceram em Corumbá, em Albuquerque e Porto Esperança. O nome Acaba é uma abreviação de Associação dos Compositores Autônomos do Bairro Amambaí. Defensores da fauna e flora de Mato Grosso do Sul, principalmente do Pantanal, o grupo acabou atuando de forma ativa e como protagonista em diversos eventos históricos pela defesa do meio ambiente como: SOS Pantanal 1980, contra as instalações de usinas de álcool na bacia pantaneira, mobilização de estudantes e da população de Campo Grande em 1985 contra a mortandade de peixes no Rio Miranda, representando o Estado de MS no Fórum Global da Conferencia Mundial de Meio Ambiente, Rio 92.
O Grupo Acaba, representa o belo com competência. São mais de 50 anos de amizade e exemplo. Como eu tenho dois ex-professores nesse grupo, e posso discretear mais acerca da grandeza, pormenorizada de cada um, afinal, cada um tem um belo exemplo para nos dar de fraternidade, irmandade, inteligência intimorata. Além de carregar pra sempre um momento de inigualável emoção quando recebemos juntos o troféu Marçal de Souza Tupa-Y. Eu pelas minhas atividades como negociador em bloqueios e conflitos indígenas e de artigos que escrevi, sendo traduzido para a língua Terena pela Doutora em Antropologia pela PUC/SP Lindomar Sebastião, e estudado nas aldeias do município de Miranda, que possui uma população de 6.475 indígenas, formando a segunda maior do Estado, atrás apenas de Amambai com 7.225. Mormente, neste artigo, quero exaltar, neste, em especial o cantor Vandir Barreto, compositor e instrumentista, toca violão, viola, craviola e contrabaixo.
Com as informações de sua rebenta Viviane Barreto. Ela conta que, Vandir, com tenra idade foi cativado pela música, pois aos 4 anos de idade ganhou seu primeiro instrumento: um cavaquinho, e aprendeu suas primeiras notas com seu avô e apesar de ser formado em contabilidade e atuar também como corretor de imóveis a música é sua paixão, que vai transmitido geneticamente pois seus quatro filhos tem de alguma forma acesso e envolvimento musical. A música é a vitória do sentimento sobre o conhecimento”. A palavra música, do grego “mousikê”, significando “arte das musas”, fazendo-se uma referência à mitologia grega. Eu ousaria dizer que a “Música” é a arte de combinar os sons e o silêncio. O som vem do cantar dos pássaros, da voz de seu filho, do pulsar do coração quando toca os lábios da mulher amada. Já o silêncio, grita poesia…pulula o poema que dá lugar a inquietude, ao desconhecido além da escuridão que olhos e ouvidos não sentem! E Vandir Barreto, traz isso no tom de sua voz, quando entoa “Sua asa tão linda, abraçou o espaço, desenhou meu retrato, pra ficar nessa terra! “
*Articulista