Depressão na quarentena: como lidar?

Psicóloga Marihá Lopes – Crédito: Raphael Feitoza

A pandemia de Covid-19 e a alteração da rotina por causa da quarentena que se prolonga são motivos de grande preocupação. Precisamos modificar alguns hábitos de higiene e convívio para conseguir enfrentar esse desafio e diminuir nossos riscos.

Ao longo desse processo, muitas pessoas tem apresentado sintomas de ansiedade e/ou depressão. Junto com eles, vem também alguns pensamentos negativos automáticos: “não vou aguentar mais passar por tudo isso”, “acho que não irei sobreviver”, “o que será de nós?”, “isso nunca vai acabar”, etc.

É necessário, no entanto, que prestemos atenção em alguns pontos, com o objetivo de nos regularmos emocionalmente e com isso conseguir seguir em frente nesse combate. Um ponto importante é tentar, ao máximo, manter uma rotina de trabalho ou estudo. “Não estamos de férias, então não podemos nos comportar como se estivéssemos, mas também é necessário tirar um momento de descanso”, aponta a psicóloga Marihá Lopes, especialista em terapia cognitiva comportamental, psicologia social e no uso da realidade virtual no tratamento de ansiedade e fobias. Confira suas dicas para enfrentar esse período de muito cuidado.

1 – Ansiedade: Para os que sofrem com transtorno de ansiedade é importante sempre validar sua emoção. Entenda que é uma resposta humana diante da situação e não se sinta mal por isso. Da mesma maneira que você tem o direito de se sentir ansioso, também tem o direito de colocar a situação em perspectiva.

2 – Rotina: Mantenha uma rotina semanal, trabalhe e estude. Não se entupa de informações. Se elas fazem mal para você, diminua o acesso a elas. Mantenha contato com amigos e familiares, crie grupos online, faça chamadas de vídeo para estreitar os laços. Faça atividade física; hoje a tecnologia nos possibilita ter acesso a muitas aulas de forma gratuita. Organize sua casa, organize sua rotina, faça listas do que fazer diariamente – cuidado com a procrastinação, esse é o momento para iniciarmos tarefas que estavam sendo deixadas de lado. Não beba em excesso. Disponha-se a ajudar quem esteja precisando de suporte. Afinal, estamos todos juntos.

3 – Acredite mais em você: Quem sofre de transtorno depressivo pode se sentir mais pessimista, triste e desesperançoso durante esse processo. Sabemos que os pensamentos depressivos possuem alguns vieses na forma como pensamos. É como se o tempo todo a pessoa usasse óculos escuros, logo, tudo a sua volta não terá cor. Mas nós podemos retirar esses óculos para perceber que algumas vezes superestimamos algumas situações e subestimamos nossa capacidade de enfrentar essas situações.

4 – Seja realista, não catastrófico: Nesse momento, precisamos ser realistas, entender a gravidade do momento, mas se conscientizar de que alimentar pensamentos catastróficos só ajudará a piorar o quadro depressivo. Algumas pessoas acreditam que estão completamente desamparadas. O ideal é manter contato com pessoas queridas, participar de grupos online, fazer atividade física, participar de aulas compartilhadas pelas redes sociais. Agora é a hora de focar no que podemos fazer, em vez de focar no que não podemos fazer. Nem todas as pessoas são perigosas, está certo que muitos estão contaminados com o vírus, por isso o distanciamento social e a higiene são fundamentais, mas não precisamos ter pavor do ser humano, apenas precaução. Fique atento aos seus pensamentos catastróficos. Nesse período, é muito fácil virem à tona e você ser tomado pela ideia de que isso não terá um fim. Saiba que toda pandemia termina e com essa não será diferente.

5 – Jamais perca a esperança: Mantenha-se firme, observe seus pensamentos e busque alternativas realistas para eles. Busque ajuda psicológica sempre que sentir necessidade. Tudo isso vai passar!

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