A pandemia da Covid-19 avança inclemente sobre as populações mais vulneráveis, entre elas as nações indígenas. Segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), até esta terça-feira (22) já havia 7.753 casos confirmados de contaminação em 111 povos, com 347 mortos. Os 22 mil Xavante, que habitam sobretudo o Mato Grosso, estão entre os povos originários mais expostos e fragilizados.
Para tentar impedir mais um genocídio e prestar ajuda emergencial, a Federação dos Bancários do Centro-Norte (Fetec-CUT), a Federação dos Povos Indígenas do Mato Grosso (Fepoimt) e do Condisi Xavante (Conselho Distrital de Saúde Indígena Xavante) se uniram para lançar a campanha A’UWE TSARI – SOS XAVANTE, nesta quarta-feira (24), às 19h, pelas redes sociais. Também participam da campanha os Expedicionários da Saúde, a Operação Amazônia Nativa (Opan), o The Nature Conservancy Brasil e a Revista Xapuri.
O objetivo é sensibilizar não apenas os bancários, mas toda a sociedade brasileira e a opinião pública internacional. E arrecadar fundos para atendimento sanitário e alimentar durante a pandemia.
A busca por uma vida feliz e saudável
O nome A’uwe tsari, que se traduz por “ajude o povo Xavante“, ou simplesmente SOS XAVANTE, foi sugerido pelas próprias lideranças indígenas. Juntas, as palavras a’uwe (gente, povo) e tsari significam para os Xavante o vínculo com suas raízes, a busca por uma vida feliz e saudável, a cura pela natureza, a própria cosmogonia herdada de seus ancestrais nos jardins das plantas tortas, do bioma Cerrado, na região Centro-Oeste do Brasil.
No momento, infelizmente, há relatos de mortes e de pessoas enfermas em grande parte das mais de 300 aldeias Xavante. Um povo que heroicamente resistiu a 80 anos de contato com a sociedade nacional não haverá de sucumbir agora ante esta terrível pandemia.