São Paulo (SP) – Pessoas com doenças crônicas, com baixa imunidade devido a essas condições ou aos tratamentos que usam, também fazem parte do grupo de risco para a COVID-19. Ainda não há informações que demonstrem maior chance de infecção grave pelo coronavírus nesses pacientes, mas especialistas acreditam que a possibilidade seja real. Dessa forma, a recomendação médica é que essa população adote medidas preventivas rigorosas e, principalmente, não suspenda o uso de medicações, sem que haja recomendação do profissional de saúde.
No dia 29 de junho é realizada a campanha de conscientização da esclerodermia, uma condição inflamatória crônica de causa autoimune que compromete a rotina dos pacientes. A doença afeta, sobretudo, os pequenos vasos sanguíneos, a pele e as articulações, podendo evoluir para perda de função de órgãos internos, sendo o pulmão um dos mais acometidos. Até 90% dos pacientes com esclerose sistêmica têm doença pulmonar intersticial, uma espécie de inflamação e de espessamento (fibrose) da parede por onde o oxigênio passa, provocando maior dificuldade respiratória[iii]. Os sintomas mais frequentes desse comprometimento pulmonar incluem falta de ar e tosse, normalmente seca.
Por se tratar de uma doença rara, a busca por informações sobre a esclerodermia é escassa e, normalmente, de difícil compreensão para os pacientes. Para auxiliá-los nessa procura, será lançado no dia 29 de junho o portal “Por dentro da Esclerodermia”. A página conta histórias de pacientes, responde dúvidas comuns sobre sintomas, diagnósticos e como conviver com a doença e o tratamento. A página irá auxiliar pacientes e seus familiares e cuidadores a conhecer a história de outras pessoas com a doença e trazer mais clareza nas informações.
Doença pulmonar intersticial e COVID-19
“Como a tosse e falta de ar, sintomas da doença pulmonar na esclerodermia também estão presentes na COVID-19, e é imprescindível que os pacientes não interrompam o tratamento da doença pulmonar intersticial”, esclarece o médico reumatologista, Dr. Percival Sampaio-Barros, diretor Científico da Associação Brasileira de Pacientes de Esclerose Sistêmica (Abrapes). A terapia tem o objetivo de diminuir a evolução da fibrose e suas manifestações clínicas. O tratamento pode ser complementar à utilização de medicamentos imunossupressores, que controlam as manifestações da esclerose sistêmica.
O uso de drogas que baixam a imunidade, completa o reumatologista, é um fator que requer cuidado redobrado na prevenção da infecção pelo coronavírus. Qualquer vírus respiratório pode representar um risco para pacientes com imunodeficiências. Portanto, esses indivíduos devem manter ações consistentes para evitar a contaminação. “Suspender a medicação por conta própria é totalmente desaconselhável. Em caso de dúvidas ou se houver suspeita de uma infecção, aconselhamos entrar em contato com o profissional de saúde”, explica.