A primeira questão que me intrigou a respeito da Voz do Brasil foi: por que algumas pessoas desligam o rádio ao ouvir o tema de O Guarani? O que existe neste programa de tão diferente? Esperava obter uma resposta. Qualidade sonora, unilateralismo O programa de rádio de caráter oficial mais antigo do mundo carrega em si o peso de quase setenta anos de história. É interessante acompanhar sua evolução através dos tempos, numa trajetória que empolga os mais apaixonados pela história do Brasil. Em detrimento disso o programa A Voz do Brasil completou 85 anos nesta quarta-feira (22). Criado em 1935, o noticiário começou como Programa Nacional, passou a ser chamado em 1938 de Hora do Brasil e, finalmente, em 1971, foi batizado como A Voz do Brasil. Ainda hoje, em muitas localidades o programa é uma das principais fontes de informação. A Voz do Brasil é um programa de rádio criado por Armando Campos para dar popularidade a Getúlio Vargas, seu amigo. Já foi chamada como Programa Nacional, mas de 1938 até os anos 70 era chamada de A Hora do Brasil.
Data de setembro de 1922, Rio de Janeiro. Durante as comemorações do centenário da independência do Brasil realizou-se a primeira transmissão radiofônica no país, com um discurso do presidente Epitácio Pessoa. Ali se iniciava a longa trajetória do meio de comunicação mais popular do Brasil, e, durante muito tempo, o mais forte veículo de informação e disseminação de valores e idéias no país. O rádio comumente é voltado para atender às “súplicas” de seu público ouvinte, buscar respostas das autoridades se tornando, assim, um grande aliado e “amigo” daqueles que necessitam. Tanto que se voltam mais para os problemas do cidadão comum, com ênfase no noticiário esportivo e policial. Não raro, programas abertos à participação dos ouvintes, seja através de cartas ou telefone, se prestam a conselhos, resolução de problemas de saúde e emocionais.
E A nossa região foi pioneira também nisso. Numa nota divulgada no jornal A Cidade de Corumbá, relata o seguinte fato: “Alexandre Wulfs instalou há pouco em sua residência um aparelho de rádio para alto falante de três válvulas de ondas largas. A segunda cidade sul-mato-grossense a contar com recepção de rádio foi Corumbá, onde as primeiras recepções datam, pelo menos, de 1927”.
De fato, a primeira estação radiodifusora constituída – não só no antigo sul de Mato Grosso, mas em todo o território do antigo estado uno – foi a rádio criada em princípio de 1930 pelo engenheiro corumbaense Carlos Miguel Mônaco, que montou, com recursos próprios, um transmissor de pequena potência, na garagem de sua residência. Conseguiu, assim, instalar A Voz de Corumbá, nome pelo qual ficou conhecida a sua emissora, oficialmente inaugurada em 13 de junho de 1935, todavia em 22 de setembro de 1940, foi solenemente inaugurada, a rádio Difusora Mato-Grossense, instalada no Edifício Marinho n. 2, na rua De Lamare. O rádio não serviu apenas como meio estritamente técnico, pois através do rádio foi possível informar, educar e também entreter. As fontes comprovaram que o rádio nessa região desempenhou um papel especialmente importante, pois o antigo Sul de Mato Grosso era uma região com população rarefeita e onde, por esse motivo, eram menos desenvolvidas as vias convencionais de comunicação, e para essas populações o rádio era o meio mais fácil de receberem informações, possuindo assim o rádio nessas regiões um caráter também de um serviço social.
São grandes personalidades, em vários pontos do Estado, vivendo esses momentos, posso citar dois nomes: um representando o presente, com Wander Alves Meleiro, da rádio Independente em Aquidauana, e outro retrata a longevidade, trata-se de João Bosco de Medeiros, que é um dos radialistas há mais tempo em atividade em Mato Grosso do Sul. Seu programa Alto Astral está no ar na Rádio Cidade 97,9 Mhz, emissora líder de audiência no horário; O primeiro programa do radialista, na antiga rádio Educação Rural chamava “Juventude em Brasa” e remetia os ouvintes ao efervescente movimento musical entre as décadas de 1950 e 1960, quando o tango, o bolero demarcavam os movimentos sociais. Importa saber que a singularidade do rádio como veículo de comunicação reside no fato de que é o ouvinte quem faz a cena. É o ouvinte quem cria a partir do que ouve todo o cenário do que está sendo dito, sugerido ou representado. O locutor, o repórter, o ator ou mesmo o cantor, são meros deflagradores de um processo que está na cabeça, na imaginação da audiência. Por isso, o resultado da comunicação pelo rádio é incontrolável. Ela é sempre mágica, etérea, esvoaçante, volitiva, quase uma quimera.
* Articulista