Um modelo de gestão de rodovias, que avançou nos últimos anos no Brasil, chegou ao Mato Grosso do Sul. A BR-163, importante corredor de escoamento do agronegócio brasileiro, entrou para o rol das rodovias pedagiadas.
Apesar de testado no Brasil, o modelo de gestão de rodovias administradas pela iniciativa privada é algo novo em Mato Grosso do Sul, o que cria um ambiente de discussão sobre “se vale ou não a pena pagar pedágio”. Pensar no pedágio apenas como um custo, sem considerar tudo o que é feito com os recursos oriundos deste, é reduzir a discussão. E isso não envolve apenas a visível melhoria da infraestrutura física das vias, tem a ver, sobretudo – e mais importante –, com a preservação de vidas.
O Brasil ainda é um dos países onde a violência no trânsito mais mata. Dados da Polícia Rodoviária Federal mostram que, em 2014, 8.227 pessoas morreram nas estradas brasileiras. Apesar da queda 2,3% em relação a 2013, o Brasil registra três vezes mais mortes que países desenvolvidos. São vítimas, muitas vezes, das condições precárias das rodovias que dilaceram milhares de famílias todos os anos.
A BR-163/MS, por onde circula parte do PIB agrícola brasileiro, não escapa dessa realidade. Milhares de caminhões trafegam por ela todos os dias. Dos 845,4 quilômetros da rodovia, 756 quilômetros são de pistas simples. O modelo pedagiado, que entrou em vigor em abril do ano passado, já conseguiu duplicar 90 quilômetros e recuperar todo o restante de pista simples. Em até cinco anos, toda a rodovia estará duplicada.
Nada disso teria sido possível sem o programa de concessões, que atraiu uma empresa experiente e pioneira no ramo de concessões rodoviárias, e que irá realizar com a arrecadação do pedágio os investimentos que serão realizados nos próximos anos.
É a partir dos recursos do pedágio que será possível a duplicação completa da rodovia, a manutenção diária da pista, a prestação de socorros médico e mecânico a qualquer hora do dia ou da noite. Importante ressaltar que a instalação de bases operacionais para atendimento aos usuários, o desenvolvimento de tecnologias e outras melhorias foram feitas antes do início da arrecadação. Esse conjunto de ações levará à diminuição do número de acidentes e de mortes, assim como se observou em outros locais do país onde o modelo foi implantado.
Um estudo da Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR) identificou que um terço dos recursos arrecadados com pedágios é investido diretamente em obras, recuperação e manutenção das rodovias pedagiadas. É a maior parte dos valores oriundos dessa fonte. Esse modelo de gestão tem gerado benefícios concretos para os usuários, principalmente com a redução de acidentes e vítimas fatais nas rodovias. Nossos registros contabilizam queda de 26,7% no número de mortes nos 19,7 mil quilômetros de rodovias concessionadas no Brasil nos últimos cinco anos.
Em São Paulo, onde o programa de concessão de rodovias acumula longa experiência, os números também são animadores. Levantamento da Artesp (agência reguladora de transportes estadual), divulgado em 7 de outubro, mostra que nos primeiros oito meses deste ano as mortes por acidentes nas rodovias concedidas caíram 21% em relação ao mesmo período do ano passado.
É a maior queda registrada desde o início do programa de concessões, em 1998. Já o número de acidentes foi reduzido em 10,6%, enquanto o de feridos diminuiu 11%.
A própria BR-163 (MS) já registrou diminuição de 33% nas mortes em apenas um ano de operação da CCR MSVia.
Portanto, os números demonstram que, apesar dos índices assustadores de mortes, há um caminho testado e eficiente para que o Brasil tenha um trânsito mais seguro e uma infraestrutura muito mais moderna. É o caminho que está sendo trilhado em Mato Grosso do Sul. Foi o que aconteceu em outros Estados. As 20 melhores rodovias do Brasil, segundo a pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), são concedidas.
Rodovias pedagiadas têm se mostrado um modelo muito mais eficiente para atualização da infraestrutura viária no país. Mais do que isso. Estradas bem cuidadas significam vidas preservadas.
(*) Flávio Freitas, diretor de desenvolvimento e tecnologia da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias – ABCR.
Fonte: Sato Comunicação