Ídolos do vôlei elogiam estrutura do Guanandizão, organização da Supercopa e valorizam vinda a Campo Grande

Campo Grande (MS) – A Capital de Mato Grosso do Sul foi casa do voleibol nacional nas últimas duas semanas, com a realização da Supercopa masculina (30 de outubro) e feminina (6 de novembro). O evento de abertura da temporada 2020/21 da modalidade reinaugurou o Ginásio Poliesportivo Avelino dos Reis (Guanandizão), após projeto de reforma e adequação executado pelo Governo do Estado e Prefeitura de Campo Grande.

Guanandizão em Campo Grande (MS) – Foto: Divulgação/FVMS

A estrutura do ginásio foi elogiada por ídolos do voleibol brasileiro, tais como os técnicos Bernardo Rezende (Bernardinho) e Paulo Coco, e a ponteira da seleção brasileira feminina, Fernanda Garay. A obra contemplou a requalificação de espaços internos e externos do complexo, e foi licitada em R$ 1,881 milhão. Fechado há sete anos, o ginásio passou por processo de modernização e está alinhado ao padrão internacional de eventos esportivos.

Além disso, a Cidade Morena foi congratulada por sua receptividade e pela organização das duas partidas da Supercopa, liderada pela Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte), Fundação Municipal de Esportes (Funesp) e Federação Estadual de Voleibol (FVMS). A escolha de Campo Grande como sede da competição nacional, que reuniu quatro das melhores equipes do Brasil e de maior investimento, foi vista com satisfação pelos atletas e técnicos, por se tratar da abertura de uma nova praça esportiva e sede de eventos de voleibol.

Multicampeão e sete vezes medalhista olímpico (uma como atleta e seis como técnico), Bernardinho retornou ao Guanandizão após 16 anos, desta vez como técnico da equipe feminina do Sesc RJ Flamengo (RJ). Em 2004, no comando da seleção brasileira masculina, enfrentou Portugal em Campo Grande, em dois jogos válidos pela Liga Mundial (hoje, Liga das Nações), com grande festa da torcida, que lotou o ginásio. O elenco da época, recheado de atletas de renome, incluía Giba, Ricardinho, Dante e Giovane. “Cada vez que entro num ginásio que já estive, como o Guanandizão, sempre vem à mente a história, uma geração de jogadores, uma série de momentos incríveis e que foram importantes na minha vida”.

Para o treinador, Campo Grande fez parte da trajetória vitoriosa da seleção tupiniquim, campeã dos Jogos Olímpicos de Verão 2004, em Atenas, na Grécia, sua primeira medalha dourada como técnico. “É muito bom poder voltar, reencontrar pessoas que tive contato há 16 anos e um ginásio muito bonito, moderno, e ver que o entusiasmo das pessoas pelo voleibol continua em alta aqui em Campo Grande”.

Técnico Bernardinho – Foto: Divulgação/FVMS

“Gostaria de agradecer à cidade e ao povo de Mato Grosso do Sul por essa hospitalidade, pela força que dá ao voleibol masculino e feminino, realizando as duas Supercopas aqui. O público esteve presente, agradeço toda essa força, importante a nós do vôlei e parabenizo em especial a FVMS, Fundesporte e Funesp”, finalizou Bernardinho.

“Gostinho especial”. Foi assim que classificou a ponteira e uma das líderes da delegação do Dentil/Praia Clube (MG), Fernanda Garay, sobre a volta do público aos jogos. A Supercopa na Capital sul-mato-grossense foi o primeiro evento esportivo com presença de torcida no país, em meio à pandemia da Covid-19. Foram convidadas 600 pessoas para as partidas, no masculino e feminino, o que corresponde a 10% da capacidade de público do Guanandizão (hoje, capaz de receber até 6.074 torcedores).

“É legal [o retorno do público] desde que seja de forma segura, como foi aqui. Os fãs sentem muita falta, gostam de estar perto, de acompanhar os jogos. É diferente estar presente no ginásio e acompanhar pela TV. Para essas pessoas vai ter um gostinho especial, como para a gente também”, enfatizou Garay.

A atleta, constantemente convocada à seleção brasileira, também valorizou a vinda à Capital dos Ipês, pela primeira vez em sua carreira, para recolocar mais um espaço esportivo no cenário das grandes competições do Brasil. “É muito importante relançar mais uma praça esportiva [o Guanandizão], porque não é só o vôlei que vai ter a oportunidade de jogar aqui. Então, é essencial que exista esses espaços para valorizar o esporte e incentivar que as pessoas cada vez mais pratiquem atividade física”.

O treinador do Dentil/Praia Clube e assistente técnico da seleção brasileira feminina, Paulo Coco, afirmou que se sentiu em casa, devido à acolhida dos torcedores desde a chegada ao aeroporto. “Fomos muito bem recebidos e foi uma satisfação poder estar em Campo Grande, trazer o voleibol de Superliga, de alto nível, ao público, fazendo a reinauguração do ginásio que já vimos que é bem organizado, muito bonito. Acho que presenteamos o público presente e todos os telespectadores que acompanharam esse grande jogo”.

Técnico Bernardinho e Roberta Giglio, coordenadora da área de estatística do Sesc RJ Flamengo – Foto: Divulgação/FVMS

Nostalgia no ar

O clima de nostalgia tomou conta de Roberta Giglio, coordenadora da área de estatística do Sesc RJ Flamengo e que atua ao lado de Bernardinho há mais de 20 anos. Responsável por captar imagens e analisar com números e detalhes o desempenho de sua equipe, ela usou deste “olhar clínico” para relembrar minuciosamente dos momentos em que esteve no Guanandizão há 16 anos, quando integrava a “Equipe Bernardinho” à frente do selecionado brasileiro masculino.

Ao adentrar o ginásio, no primeiro treino do time, na última quinta-feira (05.11), Roberta reservou para si cerca de 10 minutos e observou, de cima para baixo, a nova estrutura do ginásio. “Viemos jogar aqui contra os portugueses, naquele auge que foi 2004. E estava cheio, muito lotado mesmo e aos pouquinhos as lembranças começam a vir à cabeça”.

“Cheguei no ginásio, olhei detalhe por detalhe, e comecei a remeter ao passado, lembrando onde coloquei meu material, por onde andamos lá dentro, até das ruas que dão acesso ao ginásio. Conversei com o Bernardo sobre isso e passamos um tempinho relembrando e comentando sobre aquela vinda a Campo Grande. É um sentimento bem gostoso”, revelou Roberta.

A organização do evento também chamou a atenção da profissional do Sesc RJ Flamengo. “Foi super organizado, percebemos que as pessoas estavam felizes trabalhando, num evento que satisfez todo mundo, ninguém estava ali apenas por obrigação. Isso é uma diferença enorme e a gente percebe”, encerrou.

Em quadra, na última sexta-feira (06.11), o Dentil/Praia Clube ficou com o título da Supercopa 2020, ao derrotar o Sesc RJ Flamengo por 3 sets a 1. Já na semana anterior, dia 30 de outubro, no duelo masculino, o EMS/Taubaté Funvic (SP) ficou com o troféu. A equipe paulista superou o Sada Cruzeiro (MG) por 3 sets a 2, na emoção do tie-break­.

A Supercopa, além de relançar o Guanandizão, foi um evento-teste para a Liga das Nações, que será realizada entre 11 e 13 de junho do ano que vem. A competição internacional reunirá as seleções masculinas de vôlei de Alemanha, Brasil, Itália e Rússia. O evento já tem aporte financeiro do Governo do Estado de R$ 1,3 milhão, repassados à Federação Internacional de Voleibol (FIVB, na sigla em inglês), por meio da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV).

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