O Brasil é o segundo país que onde mais se fala sobre Black Friday no Twitter, segundo um levantamento da própria plataforma; além disso, os dados afirmam que 47% das pessoas comprariam livros, quadrinhos e revistas durante o evento. Com o crescimento das vendas de livros durante a pandemia de Covid-19 e os dados consideráveis compartilhados pela rede social, autores criaram expectativas com a ação deste ano.
Após grandes complicações proporcionadas pela pandemia no Brasil, o mercado editorial anda apresentando um crescimento consistente nos últimos meses, segundo o 11° Painel do Varejo de Livros no Brasil 2020. No dia 17 de novembro o Sindicado Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e a Nielsen anunciaram os crescimentos do mercado, sendo 25% em volume e 22% em valor dos livros comercializados, assim, comparando ao mesmo período de 2019.
O presidente do SNEL, Marcos da Veiga Pereira, afirmou que: “A discussão recente sobre a tributação dos livros teve um impacto positivo para a indústria. A reação da sociedade, representada pelo abaixo-assinado #DefendaOLivro, acabou refletida no consumo. Claramente o brasileiro está lendo mais durante a pandemia.”
Com dados positivos para um segmento que há anos sofre uma grande crise, autores nacionais encontraram grandes esperanças de vender muitos exemplares durante a Black Friday de 2020.
Autores nacionais de diferentes gêneros literários
Nos últimos 14 anos somente os livros do gênero gospel cresceram em vendas dentro do mercado editorial, e isso aquece o coração de Larissa Pessoa, autora de “Se não fosse o seu amor” e “Amor perfeito”, duas obras cristãs publicadas pelo Grupo Editorial Coerência. Em entrevista, ela afirmou: “Acredito que minhas histórias são conduzidas por Deus, simplesmente por ser uma missão divina, e espero que durante a Black Friday mais pessoas possam ser abençoada pelas narrativas.”
Já por outro lado, autores que fogem da linha cristã encontram outras formas de ganhar alcance durante a Black Friday, seja no otimismo ou humor. Esse é o caso de Andrew Oliveira e Maurizio Ruzzi, dois autores com livros publicados pela Skull Editora.
Em entrevista, Andrew afirmou que se mantém otimista com o evento e em suas redes sociais brinca com memes. Já Maurizio Ruzzi trabalha com o humor e ironiza: “Estou multiplicando meus preços por 10. Assim posso dar 80% de desconto”.
Todos trabalham com obras literárias de diferentes gêneros, e por meio dos descontos da Black Friday buscam formas diferentes de alcançar novos públicos.
A situação dos autores nacionais que moram fora do Brasil
A escritora Telma Brites disse em entrevista que é muito difícil vender livros na Alemanha, país que mora há 11 anos. Segundo ela “Os brasileiros que moram em território internacional não costumam ter interesse em obras escritas por nacionais. Por isso, prefiro participar das bienais e eventos literários no Brasil, os resultados são melhores, até mesmo da Black Friday.”
Já a biomédica Vanessa Guimarães saiu de Portugal e chegou recentemente no Brasil para o lançamento de “Beijo de borboleta”, seu livro de estreia. Somente com leitores da pré-venda a autora conseguiu ser uma das mais vendidas no Grupo Editorial Coerência durante o mês de outubro, e acredita que a Black Friday será fundamental para seus exemplares chegarem nas mãos de novas pessoas: “Apesar da recomendação de isolamento social mediante a pandemia de Covid-19, acredito que eu preciso estar no Brasil para ter um contato melhor, mesmo que digital, com os meus leitores. Se não, serei esquecida com muita facilidade.”
Por outro lado, Aline Silvestri, que também mora em Portugal, consegue se destacar no Wattpad com suas histórias publicadas na plataforma on-line, mas se empenha na divulgação do seu primeiro livro físico chamado “Angel’s Blood” que entrou em pré-venda esta semana. Além disso, a autora também acredita que venderá muitos exemplares das antologias que participou. Ela e Vanessa Guimarães têm pretensões de também atuar no mercado editorial português.
As grandes apostas dos e-books
Os e-books trouxeram grandes mudanças para o mercado editorial. Com a facilidade de lançar um livro digital pela Amazon, muitos autores estão preparando a própria obra e lançando na plataforma.
Este é o caso de Rachel Fernandes, que em apenas 2 dias vendeu mais de 1.250 e-books, e a de Natalia Moreno que costuma lançar contos com uma frequência significante pela Amazon.
Em entrevista, ambas afirmaram que a flexibilidade dos e-books tendem conquistar o mercado editorial: “Acredito que os e-books têm tudo para ganharem não só a Black Friday desse ano, mas grande parte das datas do comércio”, reforçou Rachel.
Os iniciantes se preparam para a primeira Black Friday
Os autores que estão iniciando no mercado editorial se preparam para a primeira Black Friday e a maioria acredita ser um momento muito oportuno para divulgar e vender os exemplares. Paula Barros lançou seu livro no início do ano, mas somente em novembro teve a oportunidade de realizar um evento de lançamento: “Estou cheia de novidades para os meus atuais e futuros leitores, minha história é bastante completa e devido a pandemia de Covid-19 fui um pouco prejudicada com as vendas, mas acredito que agora tudo vai fluir, a Black Friday tem um poder muito grande no meio literário.”
Alguns autores iniciantes já não poderão participar do evento, como o Luís Cláudio S. Pereira, que recentemente alcançou a meta do financiamento coletivo que abriu para o lançamento de “América Latina 2051”. Os livros da primeira tiragem serão enviados para os leitores que colaboraram com o projeto e outros 200 serão doados para bibliotecas da América Latina. Porém, o escritor afirmou em entrevista: “Como sou novo no ramo, durante essa Black Friday analisarei como funciona os descontos e como o público interage com as promoções, eu não posso vender, mas posso ganhar conhecimento e experiência.”
A produção de livros no Brasil não acompanhou o mesmo crescimento que as vendas de livros, mas também não sofreu nenhum prejuízo. A RenovaGraf, uma gráfica dedicada em obras literárias de São Paulo, informou que durante a pandemia de Covid-19 se adaptou com a nova realidade e conseguiu manter fluxo de produção, e ressaltou que a procura está aumentando gradativamente.