No encerramento de um ano conturbado uma das tarefas mais importantes do período natalino é preparar o orçamento para os próximos 365 dias. Uma das dicas da economista Juliana Barbosa é começar pela análise do passado. O levantamento da movimentação de receitas e gastos do período anterior fornece elementos para que se faça uma faxina nas finanças e avalie se quer repetir 2020 ou fazer tudo diferente em 2021.
A maioria da população não tem o hábito de organizar e dar previsibilidade à distribuição dos seus recursos, comentou Juliana Barbosa durante workshop virtual realizado em 9/12 para participantes da Fundação de Previdência Complementar do Estado de São Paulo (Prevcom). O mapeamento é uma necessidade, um instrumento de análise que deve ser feito periodicamente para que as pessoas possam visualizar sua situação financeira, tomar decisões e construir seu projeto de vida.
Com base neste rastreamento é possível refletir sobre os gastos, enumerar o que foi feito, o que falta realizar e descobrir se sua renda está equilibrada ou corroída pelas prestações. Com estes dados conseguimos corrigir hábitos e erros cometidos no uso do dinheiro, alinhar e blindar as expectativas para o próximo ano e priorizar os propósitos e necessidades financeiras.
Segundo a especialista, com a inflação de novembro em patamar histórico, o maior índice desde 2015 em virtude da elevação dos preços de produtos essenciais como medicamentos, a pressão sobre os recursos aumentou. Ela cita a pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) sobre a destinação dada para a maior parte do dinheiro das pessoas.
As despesas, de acordo com o levantamento, se concentram em itens essenciais de supermercado (59,7%), moradia (59,2%), aluguel (24,4%), transporte/combustível (21,9%), serviços médicos e de saúde (18,7%) além de 15,4% em produtos supérfluos oferecidos nas redes supermercadistas e 12,9% para o pagamento de dívidas. Uma parcela correspondente a 11,8% se destina a roupas, calçados e acessórios, 7,8% para baladas, bares, restaurantes e delivery e 2,1% para serviços de beleza.
O cenário traçado pela sondagem mostra vários pontos de observação que podem ser úteis no momento de elaborar o orçamento real, que revela o seu movimento financeiro, a entrada e saída de recursos. Ele será a base para um outro orçamento, mental, que nos mantém em estado de alerta com foco nos objetivos, sem cair em armadilhas do consumo ou persistir em gastos com itens que podem ser cortados como, por exemplo, um plano de tv a cabo que não é utilizado em sua integralidade e compras desnecessárias em supermercados.
“O orçamento é o GPS da vida financeira”, afirma a economista. Sua montagem deve ser feita pelo menos uma vez por ano e conter: 1) movimentação financeira – renda ativa (salário) e renda passiva (rentabilidade de investimentos, previdência privada etc.); 2) sonhos que queira realizar em curto, médio e longo prazos: 3) prestações mensais como aluguel, parcela do carro, mensalidade escolar, ou sazonais como impostos etc.; 4) reservas para aposentadoria; 5) dinheiro para formar a reserva estratégica cuja dimensão ideal seria de 6 vezes o salário mensal, suficiente para fazer frente a problemas de saúde, quebra de equipamentos, perda de emprego e obras eventuais na residência.
Ficam fora da lista as dívidas vencidas, que exigem negociação e organização para pagar, o saldo de aplicações financeiras e o patrimônio composto por bens móveis e imóveis, orienta a Juliana Barbosa, que é educadora da DSOP Educação Financeira e graduada pela Faculdade Católica de Ciências Econômicas da Bahia com especialização em gestão empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O workshop online da Prevcom integra o programa Conta Comigo de educação financeira e foi desenvolvido pela entidade em parceria da DSOP.