FEBRACE 2021: estudantes dão um show de inovação mesmo na pandemia

Maior feira de Ciências e Engenharia do País começa nesta segunda-feira (15/3). Visitantes poderão conhecer os projetos pela Plataforma FEBRACE Virtual.

Foto: Divulgação

Os 345 projetos finalistas da 19ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE), que acontece entre 15 de 26 de março, são uma mostra do potencial dos estudantes de ensino básico e técnico que participam de projetos de iniciação científica. Mesmo com todas as dificuldades da pandemia – aulas a distância, pouco acesso aos laboratórios – eles conseguiriam desenvolver projetos que se destacam pelo rigor científico e criatividade. Abaixo, alguns dos destaques que estarão em exposição pela Plataforma FEBRACE Virtual.

Drones ‘semeadores’ –

 Olhando no Google Maps, três estudantes do ensino técnico da cidade de Fernandópolis (SP) notaram que a cidade estava perdendo áreas verdes. Ano após ano, isso ficava evidente nas imagens. Também constataram que a mudança deste cenário exigia mais do que os esforços que a prefeitura conseguia fazer. Foi aí que tiveram a ideia de criar o projeto de um drone, capaz de semear áreas inóspitas. O resultado foi uma aeronave autônoma, com um reservatório para sementes acoplado. A portinhola que libera as sementes é movida por um motor. A ‘inteligência’ do sistema, assim como o projeto do reservatório e outros componentes, foi toda desenvolvida pelos estudantes, que pesquisaram ainda quais seriam as sementes mais promissoras para este tipo de plantio. “Nós também colocamos uma cápsula para envolver a semente junto com nutrientes, de forma a ajudar no desenvolvimento da planta”, conta a estudante Julia Victoria Bonifacio Cabrieira, integrante da equipe ao lado de Artur Enrico Polizelle e Mateus Dias Zanelli. A primeira semeadura aérea foi feita em uma área, anexa ao estádio esportivo Beira Rio da cidade. Os resultados dessa ação ainda serão avaliados, mas, em testes de laboratório, as sementes brotaram, mesmo com pouca água.

Microplásticos longe da água –

 Estudos mostram que a água tratada que consumimos já contém microplásticos – partículas com menos de 5 milímetros que podem carregar metais pesados, nocivos ao ser humano e animais. Ao consumir água com esses microplásticos, uma pessoa chega a ingerir cerca de 120 mil partículas por ano. O estudante Gabriel Fernandes Mello Ferreira, do Colégio São José, de Itajaí (SC), criou um sistema de filtragem que se mostrou 100% eficiente para retê-los. Tão eficiente que poderá ser adotado por uma estação de tratamento de água, responsável por 70% do abastecimento de Itajaí e Navegantes. “O sistema – cujo custo é de apenas R$ 450,00 – pode ser inserido no processo de tratamento sem necessidades de obras ou fonte de energia”, conta o estudante, que tem apenas 16 anos.

Ração de baixo custo – 

Vendo a população de cães abandonados crescer na cidade, as estudantes Emily Thâmara Pereira da Conceição e Íris Aparecida da Costa Silva, do Colégio Estadual de Casa Nova (BA), decidiram criar uma ração canina, barata e nutritiva, para ajudar a diminuir os gastos com alimentação das organizações que cuidam desses animais. Feita e arroz, aveia, cenoura, beterraba e óleo, a formulação usa pedaços de peixe como proteína, fruto do descarte de resíduos da indústria local. Sem conservantes, a ração dura sete dias fora da geladeira. Tem a mesma aparência que a convencional e teve boa aceitação dos cães. Custa cerca de R$ 5,00 o kg.

Fralda seca – 

Pessoas enfermas e acamadas, que usam fraldas, não raro têm assaduras e dermatites causadas pelo contato prolongado da urina com a pele. Uma forma de resolver esse problema é fazer a fralda ‘avisar’ que está na hora da troca. Foi o que fizeram três estudantes da Escola SESI, da cidade de Sertãozinho (SP). Eles criaram um dispositivo com esta finalidade. Movido a bateria, seu sensor, uma vez inserido dentro da fralda, aciona um apito de alerta. A invenção, cujo custo está em torno de R$ 150,00, teve sua eficácia comprovada em testes com pacientes de uma instituição. “Pretendemos acoplar ao sistema um painel onde ficariam informações sobre os horários das trocas de fraldas, de forma a ajudar ainda mais o trabalho da enfermagem”, explica a estudante Isabelle Aparecida Andrade. A equipe do projeto é composta também por Ana Luiza Oliveira Melo e João Pedro Borges Martins.

Robô limpa praia – 

O lixo que é jogado nas praias brasileiras geralmente é retirado por tratores, mas sempre sobram pequenos objetos na areia, como tampas de garrafas e bitucas de cigarro. Um pequeno robô, prototipado por estudantes do Colégio Técnico de Campinas (SP), tem potencial para resolver esse problema. Movido de forma autônoma, o robô possui dois motores, microprocessador, sensor e um ‘rastelo’ para separar o lixo da areia. “A ideia é que o robô faça toda a operação sozinho, incluindo o descarte do lixo”, explica o estudante Felipe Barbetti de Grabalos, que fez o trabalho ao lado dos colegas Fernando de Araujo Sacerdote e Nathan Tiago Pagliatto de Liz. “Obviamente que para se tornar um produto são necessários conhecimentos de nível superior; o que fizemos foi uma provocação, mostrando que existem soluções.”

Psicologia nas ‘cartas’ – 

Relacionamentos abusivos são mais comuns entre adolescentes do que se imagina. E de tanto ver isso acontecer, dois estudantes da Escola Estadual Maria Joaquina de Arruda, da cidade de Leme (SP), Alan Wellington Rodrigues e Aralys Gallo Ferreira da Silva – encontraram uma forma eficaz de conscientizar os colegas para o problema. Eles desenvolveram um jogo de 39 cartas, no qual cada carta traz uma frase típica e indicadora, mostrando se o relacionamento é ou não abusivo. Para cada carta sorteada, os participantes devem dizer a qual tipo de relacionamento ela corresponde. Ao final do jogo, duas cartas principais são apresentadas, cada uma descrevendo as diferenças entre ambos. O jogo, que termina com reflexões entre os participantes, foi testado por vídeo chamada com dois grupos. “Aplicamos depois um questionário e as respostas mostraram que os participantes entenderam 100% o que é um relacionamento abusivo”, diz Aralys. A ideia agora é patentear o produto e transformá-lo num jogo online, de forma que as escolas possam usá-lo para trabalhar esse problema com seus alunos.

Ovos vida longa –

 Ovo fora da geladeira dura, no geral, cerca de 15 dias. Fora disso, começa a ficar impróprio para o consumo. Soluções para ampliar sua vida de prateleira já existem. O que faltava era uma que fosse simples e barata. E isso foi feito por três alunas da Escola Estadual Dário Gomes de Lima, da cidade de Flores (PE). As estudantes Jéssica Silva, Jamily Ferreira dos Santos e Maria Isabel Araújo da Silva desenvolveram um produto líquido que, ao ser borrifado no ovo, diminui a perda de massa do ovo e a troca gasosa com o ambiente. Isso reduz as chances de proliferação de micro-organismos e, consequentemente, possibilita que o alimento dure mais. No caso, 28 dias em temperatura ambiente. Feito de amido reaproveitado do arroz vermelho (muito comum na região), glicerina, ácido acético e água destilada, o produto se mostrou eficaz em sua proposta nos testes de laboratório. E já tem nome: Revesteggs.

Ecoprodutos – 

Produtos de limpeza sustentáveis têm aos montes no mercado. Mas e produtos do gênero feitos artesanalmente, de forma segura e barata? Com essa proposta, três alunas da Escola Estadual Prof. Arthur Ramos, da cidade de Pilar (AL), desenvolveram uma linha de produtos cujo diferencial é conter extrato da folha de bananeira – rica em alantoína, uma substância com poder cicatrizante. Presente nas formulações do sabão em barra e em pó, da água sanitária, do amaciante e do detergente da linha, a alantoína torna os produtos menos agressivos à pele. Isso foi comprovado em testes de pH nos produtos. “Ao inserir o extrato da folha de bananeira, também queríamos dar uma destinação adequada aos resíduos do plantio da banana”, destaca Thawane Silva Santos, uma das estudantes do grupo. Segundo ela, a produção de toda a linha é bem simples e barata; pode ser feita por quem precisa de uma fonte extra de renda.

Áudio dicionário indígena – 

O que alguns alunos do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul fazem é exemplar. Desde 2017, eles trabalham para evitar a extinção de duas línguas indígenas que são predominantes na região de Dourados. Trata-se do projeto Guaruak, que consiste em gravar em áudio termos das línguas Guarani e Terena e disponibilizá-los online, por site e aplicação web. O Guaruak já possui mil termos gravados – 600 deles obtidos durante a pandemia. “É um trabalho importante porque as gerações que dominam os idiomas deixaram de ensinar a língua materna aos novos; isso, porque não querem que seus filhos enfrentem dificuldades de falar português nas escolas”, conta Andressa Camargo Rocha, uma das estudantes que integram o grupo. Geralmente, os áudios são captados por alunos indígenas, em suas aldeias. As turmas de estudantes que tocam o projeto se revezam anualmente. Assim, garantem a continuidade do projeto e a preservação deste patrimônio cultural. Mais informações: https://www.guaruak.com.br/

Ecodraga –

 A poluição da Baía Guanabara não é novidade para os cariocas. O ‘novo’ diante dessa situação crônica é que a proposta de uma solução para o problema partiu de três estudantes do ensino técnico, da Escola Firjan Senai Sesi São Gonçalo, do Rio de Janeiro (RJ): Carlos Eduardo Veras Keller, Daniel Caruso Melo Roquette Couto e Rafaela Pessanha de Freitas. Com o auxílio de um engenheiro, eles desenvolveram um projeto de embarcação, movida a energia solar, para recolher o lixo flutuante do mar. A embarcação, é pequena (14 x 7 metros), navega por até sete horas, possui reservatório para o lixo e esteira na parte frontal, capaz de recolher e armazenar mais de 300 garrafas pets grandes por operação. “Com várias ecodragas em funcionamento, seria possível minimizar o impacto ambiental do descarte de lixo na baía”, acredita Keller. Os estudantes já fizeram o protótipo da embarcação; agora estão atrás de empresas e do governo para tirá-lo do papel.

Copo antiassédio – 

O caso Mariana Ferrer – a jovem estuprada numa boate após ser dopada — foi o que motivou as estudantes Laura Silva da Fonseca e Laura Silva Larrossa, da Escola SESI de Ensino Médio Arthur Aluízio Daudt, de Sapucaia do Sul (RS), a projetarem um copo que alerta a usuária quando a bebida é adulterada. O projeto prevê um sensor de pH na lateral do copo, uma placa microcontroladora e um motor de vibração em sua base. Caso alguém coloque alguma substância diferente na bebida, o sensor detecta a variação de pH, e o motor de vibração é acionado. As estudantes, que por causa da pandemia não conseguiram prototipar a invenção, já fizeram testes em laboratório comprovando a eficácia da ideia.

Serviço:

Conheça os finalistas no

site da FEBRACE

Visite a FEBRACE pela

Plataforma Virtual (15 a 26/3)

Acompanhe a cerimônia de premiação pelo

Youtube da FEBRACE (27/3, a partir das 15h)

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