Os tiques surgem na infância

Dra. Maria José Martins Maldonado – Foto: Arquivo Pessoal

Sabia que as crianças também têm tiques? Na verdade, surgem na infância, os tiques costumam se iniciar entre os 4 e 6 anos de idade, com um pico de gravidade entre os 10 e 12 anos. Na adolescência e no início da vida adulta há uma tendência de diminuição da intensidade e da frequência dos sintomas.

Os tiques são movimentos rápidos, recorrentes e não rítmicos (tiques motores) ou sons vocais (tiques vocais) incontroláveis. Em alguns casos incluem palavras e frases inapropriadas. Os tiques motores ou vocais são sempre involuntários.

Enquanto vários dos tiques são passageiros, no caso do Tourette a duração das manifestações é maior, ultrapassando um ano, e elas são tanto motores quanto verbais. Os movimentos repetitivos podem incluir a contração do braço e dizer palavrões ou imitar sons em situações que não fazem sentido, por exemplo, e exigem um acompanhamento contínuo.

A síndrome de Gilles de la Tourette (SGT) é uma perturbação neurológica descrita pela primeira vez em 1885 por um neurologista francês chamado George Gilles de la Tourette e é caracterizado pela presença de tiques crónicos motores e vocais.

A prevalência na população pediátrica é de 0,3-0,9%. Os sintomas surgem habitualmente entre os 5 e os 18 anos e são mais frequentes no sexo masculino.

“Algumas comorbidades estão relacionadas, como o Transtornos do Espectro do Autismo, que está associada em 5%, o Dpefict de Atenção e Hiperatividade (PDAH) é a comorbilidade mais associada ao SGT (38-60%). E a Perturbação Obsessiva-Compulsiva (POC) surge em cerca de 11 a 66% dos casos (nestes casos a criança, habitualmente de idade mais jovem e do sexo masculino, sente que tem de fazer algo de modo repetido: lavar as mãos, verificar se a porta está fechada). Pode também estar associada a depressão, dificuldades de aprendizagem generalizadas ou específicas da leitura e escrita, entre outros”, explica a neuropediatra, Dra Maria José Martins Maldonado.

Ela ainda explica que se a doença não tiver impacto social nem acadêmico, as crianças não necessitam de tratamento farmacológico. A maioria das crianças afetadas melhora ao longo do tempo, mas apenas uma minoria alcança uma remissão completa na idade adulta. De uma forma global, a maioria das crianças com tiques motores simples entra em remissão completa e aquelas com SGT têm uma remissão menor.

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