São Paulo (SP) – Realizado pelo GTPS – Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável, que reúne mais de 50 marcas ligadas à pecuária, o 1º Fórum da Pecuária Sustentável, destacou ferramentas já operadas no mercado, que contribuem de forma direta para a sustentabilidade em diferentes elos da cadeia. Entre as ferramentas, o Data Boi, uma espécie de CPF, ou biometria digital do animal, e o Carbon on Track, que monitora as emissões de gases, foram evidenciadas.
“Somos capazes de criar uma identidade biométrica do boi, de qualquer idade. Isso é possível, porque descobrimos que o focinho do boi, funciona como uma impressão digital. Junto com a foto, guardamos informações como peso, idade, raça e outras. Podemos fazer o reconhecimento facial de um boi, da mesma forma como ocorre em aeroportos e aplicativos de bancos, gerando dados para o próprio produtor e para a cadeia produtiva”, sinaliza o CEO do DataBoi, Floriano Varejão.
“Com a posição geográfica, associada à identidade, fazemos o rastreamento geolocalizado do boi, sem a utilização de brincos, chips, ou qualquer hardware específico. As informações são salvas via blockchain e podem ser transacionadas. Fazemos isso por aplicativo gratuito, que poderá, em breve, ser baixado por qualquer tipo de celular, sem necessidade de internet no curral. Dessa maneira conseguimos acompanhar todo ciclo de vida do boi, do nascimento até o abate, comprovando a origem livre de desmatamento, e possibilitando as certificações sem necessidade de visitas presenciais […] E o mais importante, mostrar que o Brasil faz uma pecuária sustentável e altamente produtiva,” completa Varejão, ao detalhar o DataBoi.
A apresentação do software integrou o painel sobre rastreabilidade, organizado pelo GTPS, integrado também por Lisandro Inakake – moderador, representando o Imaflora, e os associados ao GTPS, Taciano Custódio e Francisco Beduschi, que falaram pelo Minerva Foods e a ONG NWF, respectivamente.
O painel Clima, moderado por Julia Faro, do Earthworm, reuniu representantes da Alianza del Pastizal, Grupo DSM, Global Forest Bond e Imaflora. Representando este último, Renata Potenza, apresentou o projeto ‘Carbon on Track’, que tem por finalidade mensurar e monitorar as emissões de gases de efeito estufa da agropecuária brasileira, além de dar transparência para esses resultados. Segundo ela, qualquer atividade, ligada à agropecuária pode mensurar suas emissões, atualmente.
“Qualquer empreendimento que tenha ligação com atividades agropecuárias, e queira o monitoramento de emissão e remoções de gases do efeito estufa, podem entrar no ‘carbon on track’. Inicialmente fazemos alguns estudos, para adaptar a instituição às metodologias e, na sequência, fazer essa comunicação, que vai depender muito do escopo do projeto em que estamos trabalhando”, explica. “Junto com a Minerva Foods, teremos um painel, e ela decide com quem quer compartilhar essas informações. Mas também teremos um painel aberto, para que seja consultado por qualquer um, que tenha interesse em saber um pouco mais dessas soluções e diagnósticos que a gente vem gerando”, completa Renata.
O desafio, de acordo com representante do Imaflora, está na escala. “O principal desafio hoje do ‘carbon on track’ é trazer escala para o que está sendo implementado, para que a gente consiga cumprir as metas e trazer benefícios, que tornem a pecuária mais resiliente, afinal de contas, a agropecuária também é resiliente a todos os extremos climáticos que vivenciamos, e que vão se intensificar”, pontua. “Dar escala, encurtar a distância entre quem está produzindo essas tecnologias e quem está estudando os benefícios do baixo carbono, e todos os envolvidos na cadeia, é um grande desafio que a gente tem. Além da escala, há o desafio da velocidade correta, sem perder o time, aproveitando a oportunidade do momento, ao mesmo tempo que reduzimos as questões negativas que vem com as emergências climáticas”.
Encerrando o 1º Fórum da Pecuária Sustentável a gerente executiva do GTPS, Luiza Bruscato, destacou a agenda do Grupo para 2022, que será dividida em quatro grupos de trabalho. “As reuniões desses grupos acontecem quinzenalmente e devem iniciar a partir de fevereiro. O primeiro grupo é relacionado ao Clima, e debaterá temas ligados aos gases do efeito estufa, emissões e mercado de carbono. O Grupo de Rastreabilidade continuará as discussões já avançadas em 2021 enquanto, no Grupo Terra, vamos abordar os pagamentos por serviços ambientais e a biodiversidade. E ainda teremos um Grupo Leite, para novos entrantes no GTPS, com quem vamos discutir indicadores de sustentabilidade para o segmento, assim como os próximos passos dessa agenda”, finaliza.