· 22 estados já estão com referenciais curriculares homologados e cinco em aprovação no Conselho Estadual de Educação, segundo informações do Movimento pela Base;
· Estudos desenvolvidos pelo Itaú Educação e Trabalho em parceria com outras instituições mostram que 90% dos estudantes desejam a inserção no mundo do trabalho e 98% acham importante a escola capacitá-los para isso, sendo que 83% deles acreditam que o Ensino Profissional ajuda a conseguir um emprego · Outro estudo mostra que egressos da Educação Profissional conseguem inserção de mais qualidade no mundo do trabalho do que os que cursaram apenas o Ensino Médio ou não completaram o Ensino Superior |
São Paulo (SP) – Maioria dos estudantes brasileiros irá retomar as aulas nas escolas em 2022 com uma grande novidade: a implementação do novo Ensino Médio. Esses jovens terão à escolha, a partir de agora, a oferta de cinco trajetórias formativas, entre as quais a Educação Profissional e Tecnológica (EPT), que visa a formação geral dos estudantes junto com a formação técnica, preparando-os para o mundo do trabalho. A novidade passa a vigorar a partir deste ano conforme previsto na Lei n° 13.415/2017 e corrobora o que diz o artigo 205 da Constituição Federal.
Atualmente, 22 estados já homologaram os referenciais curriculares e cinco estão em aprovação nos respectivos Conselhos Estaduais de Educação, segundo informações do Movimento pela Base Nacional Curricular.
Muitos jovens, porém, ainda desconhecem o Ensino Técnico e a possibilidade de as escolas, públicas e privadas, a partir de agora, oferecerem cursos profissionalizantes como parte da educação básica. Recente pesquisa que ouviu mais de mil jovens mostrou que 77% disseram ter baixo ou nenhum conhecimento sobre o Ensino Técnico, ao mesmo tempo em que 69% revelaram grande possibilidade de cursá-lo caso tivessem a oportunidade de conciliar com o ensino regular. A pesquisa foi realizada pelo Plano CDE, a pedido do Itaú Educação e Trabalho e Fundação Roberto Marinho, e ouviu estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental e 1º ano do Ensino Médio. Outros 90% de alunos também responderam que anseiam pela inserção no mundo do trabalho e 98% acham importante a escola capacitá-los para o futuro profissional.
Ana Inoue, superintendente do Itaú Educação e Trabalho, que há mais de uma década atua para ampliar e fortalecer políticas públicas de EPT no Brasil, analisa esse momento como um marco histórico no país por propiciar ao jovem a possibilidade de sair da educação básica com alguma formação profissional, o que permitirá aos jovens uma alternativa aos trabalhos precários, que marcam o início da vida profissional para grande parte dos jovens egressos do Ensino Médio. “Primeiro, precisamos compreender esse momento como uma possibilidade de melhorar a inserção dos jovens no mundo do trabalho. Se não no Ensino Médio, quando deveria começar a formação para o mundo do trabalho, já que a maioria dos alunos não irá para a universidade por falta de vagas? O novo Ensino Médio cumpre o que diz o artigo 205 da Constituição Federal”, diz Inoue. “Além disso, a educação profissional e tecnológica oferecida a esses jovens é um importante agente de transformação econômico, social e político do país, aumentando as chances de os jovens terem um início de vida profissional com trabalhos melhor remunerados e com mais reconhecimento, além de permitir que desenvolvam suas habilidades, possam ter cada vez mais conhecimentos sobre o mundo do trabalho e, assim, tomar as decisões sobre a trajetória de suas carreiras com mais segurança”, completa a superintendente.
Ana Inoue lembra também do recente estudo desenvolvido pelo Insper, com os pesquisadores Sergio Firpo e Alysson Portela, que mostrou uma inserção de mais qualidade e potencial aos jovens que cursaram EPT em comparação aos que fizeram apenas o Ensino Médio regular ou não completaram o Ensino Superior.
“A EPT é uma realidade no mundo como parte da etapa inicial da vida profissional. Entre países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a média é de 42% de jovens em cursos técnicos. Esse número chega a 72% na Finlândia, 68% na Holanda e 54% na Itália. No Brasil, ainda estamos em 11% – uma realidade que deve mudar rapidamente com a EPT como parte da educação básica a partir de 2022”, diz Inoue.
O índice desenvolvido pelos pesquisadores do Insper, a pedido do Itaú Educação e Trabalho, considera critérios como: participação na força de trabalho; ocupação; trabalho formal ou empregador ou contribuinte do INSS; salário; e intensidade de tarefas de rotina (RTI). Os indicadores dos jovens que cursaram EPT são muito próximos dos que cursaram o Ensino Superior em relação à participação na força de trabalho. Os aspectos de salário e RTI desses jovens também é melhor se comparado aos do que cursaram apenas o Ensino Médio regular.
Fonte: Estudo “Indicadores de Qualidade do Egresso do Ensino Técnico”, encomendado pelo Itaú Educação e Trabalho (IET) e elaborado pelos pesquisadores do Insper, Sergio Firpo e Alysson Portella.
“A oferta de EPT no Ensino Médio será essencial para o jovem brasileiro, uma vez que não há nenhuma política pública universal direcionada aos jovens após a conclusão do Ensino Médio, última etapa da educação básica. Esse cenário foi agravado pela crise decorrente da pandemia. Acredito que a educação profissional articulada à formação geral agrega um novo campo de interesse ao Ensino Médio, oferece melhores condições de entrada no mundo do trabalho e com isso, se torna uma razão a mais para o estudante não abandonar seus estudos”, reforça Ana Inoue.