Na preparação de uma viagem de automóvel deve constar uma revisão detalhada, uma boa noite de sono e um planejamento assertivo (mapas, telefones úteis, percurso, paradas e distância). Todavia, nada adianta se antecipar com as tarefas que antecedem a saída se alguns hábitos ao volante forem mantidos. São detalhes, mas alguns podem acabar com o passeio. A maior parte deles se tornaram usuais por conta de ideias de outras gerações.
Um exemplo muito comum está na leve acelerada que o motorista dá antes de desligar o motor. Tal atitude, resulta num maior acúmulo de combustível dentro do cilindro, que por sua vez acaba não queimando por completo. O excesso da gasolina acaba contaminando o óleo e prejudicando o sistema como um todo. Acelerar o carro antes de desligar vem da época dos veículos com motores dois tempos, onde havia a mistura do combustível com o lubrificante. Aquela ‘pisadinha’ no pedal antes de estacionar servia para diminuir a presença do combustível e do óleo no cilindro, diminuindo assim o atrito para o próximo funcionamento.
Outra moda antiga que não pode ser usada e que alguns motoristas insistem em fazer é andar na banguela. Saiba que o CTB (Código de Trânsito Brasileiro), classifica o ato de “[rodar] desligado ou desengrenado em declive” como infração média. A ideia de economizar aproveitando o embalo nas descidas nasceu com os carros alimentados por carburador. Com o motor desengatado, a rotação entrava em giro mínimo e o consumo diminuía. Porém, na era da injeção eletrônica, criada para otimizar o uso do combustível, tal hábito não faz sentido, além de sobrecarregar o sistema de freio.
Apoiar a mão em cima da alavanca de câmbio também é uma maneira de condução prejudicial. “Ao fazer um esforço extra, é possível que o trambulador, bem como os coxins (peças de borracha que suportam a estrutura das marchas) se desgastem com maior rapidez. Sem esses itens responsáveis pelo ajuste fino na hora das trocas é possível que o motorista fique na estrada sem a possibilidade de selecionar as velocidades do motor”, explica Bruno Cielo, especialista técnico de produtos e serviços da DPaschoal e responsável pela garantia da Qualidade dos fornecedores.
Outro ponto importante para destacar e que é muito comum entre alguns motoristas, vem do costume de dirigir com o pé encostado na embreagem, essa prática aumenta o desgaste do disco, diminuindo a vida útil da peça. Portanto, a dica é, mantenha o pé totalmente fora do pedal após a troca da marcha. Alguns carros têm até o suporte para você apoiar fora do pedal.
Com relação aos pneus, além da calibragem frequente e da manutenção corretiva (alinhamento e balanceamento), o técnico chama a atenção para alguns hábitos inadequados, que podem ser evitados. Um deles é estacionar com o pneu apoiado no meio-fio, hábito muito comum e que pode ser percebido facilmente pelas ruas, principalmente quando há vagas de 45 graus. “Estacionar com os pneus apoiados no meio fio pode ocasionar uma fissura na estrutura da malha interna de aço dos pneus, o mesmo pode ocorrer quando o veículo sobrepassa por uma calçada, onde o impacto é ainda maior”, reforça.
As rupturas na malha interna por utilização incorreta podem ser percebidas quando se perde rapidamente a pressão do pneu e quando ocorrem vibrações no volante em rodovias. “A bolha ou rachadura na manta de aço, ocasionada pela fissura, interfere no rodar suave, fazendo com que ocorra uma trepidação semelhante aos pneus desbalanceados”, reforça.
O meio-fio pode ser mais maléfico ainda se a avaria chegar a ser tão grande ao ponto de ela se transformar em uma bolha na parte lateral do pneu. “Muitas vezes ela estoura com o calor ou esbarrando em alguma pedra. Ou seja, prejuízo na certa e atrasos para a chegada ao destino. Por isso, reveja todos os hábitos ao volante”, finaliza o técnico da DPaschoal.