O estudo recentemente divulgado pela Unicamp e USP, que indicou a presença de problemas neurológicos mesmo em pacientes que tiveram sintomas leves da Covid-19, revelou que o alvo preferido da doença no cérebro são os astrócitos, já havia sido realizado e publicado meses antes pela coluna do neurocientista Fabiano de Abreu Agrela.
O estudo do professor foi publicado na Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação e também analisa como o coronavírus age nas células neurais e o impacto prejudicial na memória dos pacientes. Entre as descobertas, está a dificuldade de memorização está entre as sequelas mais relatadas por pacientes infectados pela Covid-19.
O estudo
O tecido nervoso é responsável por diversas funções do organismo, como coordenar as atividades de diferentes órgãos. Esse tecido é composto, principalmente, por neurônios e células da glia, um conjunto de vários tipos celulares, cujo as células principais são os astrócitos, oligodendrócitos, micróglias e ependimócitos.
Quando se fala em sistema nervoso, é muito comum as pessoas lembrarem apenas dos neurônios, que estão diretamente relacionados com os impulsos nervosos. Todavia, as chamadas ‘células da glia’ (ou neuróglia) desempenham funções primordiais para a manutenção do corpo humano e merecem maior relevância no âmbito de pesquisas científicas.
“Os astrócitos são células da neuróglia que apresentam um formato estrelado devido aos seus prolongamentos. Eles desenvolvem uma grande diversidade de funções, como a sustentação, controle da composição iônica e molecular do ambiente onde estão localizados os neurônios, transferência de substâncias para os neurônios, resposta a sinais químicos, dentre outras atividades”, diz trecho da pesquisa.
Segundo o professor, em sua descoberta, esse era “um assunto que chama a atenção, pois trata-se de mais uma sequela que a Covid-19 pode deixar na humanidade. Isso prova que é preciso mais do que nunca encontrar meios eficazes para controlar o vírus, porque a sociedade corre o risco de sofrer com problemas de memorização após superar esta doença. Essa evidência é preocupante, porque ela se soma a outros fatores que indicam a redução do desempenho neurológico e inteligência das pessoas, tais como o uso excessivo de redes sociais”, disse na época.
Fonte: MF Press Global