Os frigoríficos e produtores rurais têm buscado apoio em iniciativas inovadoras, a fim de atender as novas exigências dos mercados investidor, consumidor e varejista, ampliando a competitividade da pecuária nacional. Uma dessas ferramentas é o Visipec, desenvolvido pela National Wildlife Federation (NWF).
O aplicativo de rastreabilidade funciona de forma complementar aos sistemas de monitoramento utilizados pelos frigoríficos, contribuindo no melhor entendimento de sua cadeia de fornecimento, por trazer maior visibilidade sobre as propriedades que fazem parte da cadeia de suprimento e suas condições socioambientais.
“A ferramenta liga fazendas que trabalham na recria/engorda com aquelas que trabalham na cria, ampliando, desse modo, os níveis de rastreabilidade na cadeia de suprimentos”, explica o zootecnista Rodrigo Dias Lopes, especialista em Agronegócio e Pecuária Sustentável da NWF no Brasil.
Mais de 90% das fazendas que usam o Visipec cumprem as Boas Práticas do Grupo de Trabalho de Fornecedores Indiretos (GTFI), principal fórum de discussão sobre o monitoramento de fornecedores indiretos na cadeia de suprimento da carne bovina no Brasil. “O objetivo é manter as fazendas aptas a atender às novas demandas do mercado”, pontua Lopes.
Desse modo, quando o Visipec identifica uma irregularidade, o frigorífico, com o apoio técnico da NWF, busca o produtor rural para coletar mais informações e refinar a análise da situação. Se for confirmada a irregularidade, ele é orientado da melhor maneira disponível para solucionar o problema.
Segundo Lopes, esse procedimento contribuir para que os produtores e os frigoríficos garantam ao mercado consumidor e investidor o cumprimento de normas de produção sustentável e ofertem seus produtos em diferentes mercados. “As informações compartilhadas dizem respeito apenas às propriedades e, por ser realizado de forma segura, permite que todos os envolvidos se sintam confortáveis”, avalia.
Outro ponto fundamental é que, com o Visipec e o apoio técnico da NWF, o setor trabalha de forma conjunta, medindo os resultados, estruturando seus planos e reportando o progresso de forma pública e transparente aos compradores da carne brasileira.
Contudo, Lopes analisa que existem desafios para ampliar a rastreabilidade na produção pecuária brasileira, como grande rebanho formado por mais de 200 milhões de cabeças, a extensão territorial do país, e a complexidade do sistema produtivo. “Além disso, o Brasil não conta com um sistema público de rastreabilidade individual dos animais adotado em larga escala, e atualmente os produtores não têm nenhum incentivo que estimule a aplicação desse tipo de sistema”.
Mesmo diante dos desafios, alguns parceiros da NWF estão demonstrando que é possível fazer mais, ao disponibilizar assistência técnica aos produtores para resolver questões ambientais, por meio das informações geradas pelo Visipec. “Com isso, a pecuária nacional segue acompanhando as demandas do mercado internacional e, muitas vezes, consegue se antecipar, traçando novos caminhos. Certamente, a rastreabilidade será uma grande aliada para contar melhor a história da produção pecuária brasileira”, finaliza Lopes.