A pecuária brasileira se consolidou, e apesar de alguns desafios, o país avançará como centro de origem de alimento para o mundo, com avanços socioambientais. Essa foi a conclusão do Rodrigo Spengler, diretor da BeefTec, durante o evento que reuniu mais de 1500 pecuaristas, durante dois dias de debates sobre as perspectivas da pecuária nacional e os rumos do agronegócio internacional.
Para Spengler o potencial produtivo do país se deve à ciência ao empenho do produtor rural, que se adapta, na sua velocidade, diante das tecnologias. “O fato é que a população segue crescente e o Brasil tem uma grande chance de ocupar grande parte desse espaço de demanda por alimento nos próximos anos. E nesse sentido, o Centro-Oeste tem papel fundamental, na entrega de volume e qualidade”, destaca ao valorizar o papel de entidades de pesquisa como a Embrapa, universidade e fundações de pesquisa.
Para o organizador do evento, Edgar Sperb, o grande avanço demonstrado nas palestras da nona edição do Confinar, foi a produtividade e a necessidade constante pela busca de qualidade. “Existe uma dicotomia entre a busca pela qualidade e a remuneração dessa qualidade. Ainda não há um desenho perfeito dessa compensação, mas fica clara a necessidade de estratégias no dia a dia da propriedade rural, para tirar proveito dessa tendência de mercado altista, sempre de forma responsável. E ainda que a decisão seja por um perfil de carne ‘commodity’, que seja feita com padronização, qualidade e regularidade, a pecuária do Brasil precisa disso”.
Nesse mesmo sentido, o médico veterinário, Carlos Gattass, sinaliza que fica claro que foram os últimos reajustes no preço do boi gordo e do bezerro, que fizeram o mercado doméstico valorizasse a carne bovina. “Atingimos uma precificação inédita, por uma consequência do ciclo pecuário. Ainda que os custos sigam altistas, o que tiramos aqui do evento é que a valorização se manterá, pelo menos a curto prazo, e o que explica isso é nossa oferta limitada, que forçou o varejo valorizar essa proteína. Tudo indica para um cenário volátil, mas produção e exportação devem avançar, via produtividade adquirida por meio de tecnologia e contas, muitas contas no papel. Assim conseguiremos atender o mercado interno e seguir atendendo demandas em volume, como a dos chineses”.
O também veterinário Murilo Zanutto Velasques, defende o aumento da produção e qualidade, mas também lembra da necessidade de se fortalecer a imagem da carne bovina da porteira para fora. “Falando em imagem, atualmente estamos atrás da Argentina, Uruguai e Austrália e chegamos a ser comparados com a Índia. Precisamos avançar, já estão batendo na porteira, pedindo melhor qualidade, mas com remuneração justa. Junto a isso, verificamos o consumo da carne bovina diminuindo nos últimos anos, por isso reforço a necessidade de pensar fora da caixa e acordar todos os dias lembrando que há uma grande jornada pela frente”, finaliza ao lembrar que a 10ª edição do Confinar está confirmada para o ano de 2023.