A cantora, compositora, multi-instrumentista e produtora musical Laura Finocchiaro participa da 26ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, no próximo dia 19, apresentando-se em cima do trio na Avenida Paulista a partir das 11h30. A artista estará em seu lugar de fala depois de mais de 20 anos distante do evento para o qual compôs, em 2001, “Hino à diversidade”, em parceria com Glauco Mattoso e Roberto Firmino.
Laura aproveita para comemorar seus 40 anos de carreira e o lançamento do álbum “Oxigênio”, gravado e produzido por ela própria, durante a pandemia, em seu home studio, e disponível em todas as plataformas de streaming. Oxigenando com sua arte, ela promete dar gás à manifestação que, este ano, tem o tema “Vote com orgulho – por uma política que representa”. E o trabalho de Laura tem tudo a ver com política, não que seja panfletário, mas é rico em mensagens e reflexões, cheio de atitude e posicionamentos.
O poder da obra de Laura Finocchiaro estará sintetizado no repertório que ela escolheu para sua apresentação na Parada do Orgulho LGBT 2022. Além do já citado “Hino à diversidade”, a artista vai cantar outra música em que levanta bandeira para causas relevantes: “Trans” – canção dela, Hans Z. e J.Caminha, em defesa das pessoas trans e de combate à transfobia.
Luta, seu nome é Laura. Artista independente desde sempre, conhece bem as batalhas para levar seu trabalho pleno de amor e verdade ao grande público. Ela sabe que o importante é a mensagem “junta todo mundo que é pro mundo melhorar”, verso da música “Todo mundo pro mundo” (Laura Finocchiaro), que também será ouvida na Avenida Paulista no domingo 19.
E ainda vai ter um pot-pourri que só Laura poderia pensar e produzir, com “Mania de você” (Rita Lee e Roberto de Carvalho), “Avoar” (dito popular musicado por ela) e a icônica “Pavão Mysteriozo” (Ednardo), que marcou as paradas gays dos anos 2000 e mostra o poder da arte para a política: “eles são muitos, mas não podem voar.
Sobre o álbum “Oxigênio”
Em tempos de pandemia, em que encontros e abraços tornaram-se rarefeitos, em que tantos perderam o fôlego, e outros tantos perderam o gás, eis que encontramos as boias de salvação em balões de arte, em cilindros de afeto comprimido. Eis que sobrevivemos e enchemos os pulmões para cantar: “Oxigênio”, mais recente álbum de Laura Finocchiaro.
Distribuído pela CD Baby, “Oxigênio” é mais um lançamento da Sorte Produções, empresa de Laura, que comemora 40 anos de carreira independente em 2022. “Ser artista independente no Brasil é uma forma de resistência. Não há políticas públicas que nos contemple”, comenta Laura, que segue em suas batalhas na música e na vida, fora do mainstream, e contra machismo e homofobia.
O álbum preparado pela artista funciona como um kit de sobrevivência em que a vacina é musical, os cilindros verdes defendem a natureza, os medicamentos chegam em potes de diversidade e igualdade, e os leitos são plenos de amor. Afinal de contas, a música é apenas um instrumento que Laura Finocchiaro utiliza para dar voz a seus anseios e lutar por seus ideais. A música é o canal pelo qual a artista bota em pauta questões fundamentais para ela, como igualdade, diversidade, defesa da natureza, justiça social e – o que une tudo – o amor.
Laura criou e gravou “Oxigênio” em seu home studio, ao longo do ano de 2020, como forma de resistir à pandemia da Covid 19. Foi um trabalho solitário, em que a artista gravou vários instrumentos – guitarras, baixo, teclados, sintetizadores, samples –, cantou e criou texturas sonoras. E mais: Laura escreveu todos os arranjos, assina a produção e a direção musical. Só a mixagem e a masterização foram feitas por outros profissionais. Francisco Patrício foi o responsável pelas mixagens. Já a finalização do álbum foi feita este ano, em Miami (EUA), com a masterização do supercraque Carlos Freitas, da Classic Master.
O álbum traz 11 faixas e mais quatro faixas bônus. Nove canções foram compostas durante a pandemia, com diversos parceiros. As outras duas são “Chapéu” – de 1982, quando Laura musicou os versos da poeta e publicitária Leca Machado, sua parceira frequente – e “Hino à diversidade”, regravação da canção feita por encomenda, especialmente para a Parada Gay de São Paulo, nos anos 1990, em parceria com Glauco Mattoso e Roberto Firmino.
A produção pandêmica de Laura Finocchiaro foi intensa. Uma das faixas “Mulher Maria”, ela fez especialmente para sua companheira Maria Esperidião, jornalista que escreveu a letra de “Da paz”, parceria das duas, que também está no álbum “Oxigênio”. “Mulher Maria” foi inspirada em Maria, mas é uma canção composta para valorizar a mulher, “todas as Marias dessa vida, por isso também escolher um nome popular e bíblico como simbolismo da mulher que tem poder e garra”, ressalta Laura. Já a canção “Da Paz” fala sobre a dor de perder alguém que se ama. Uma reflexão sobre o sentido da vida e da morte. Um questionamento tão atual em tempos pandêmicos!
Laura é uma artista de afetos. Então, nada mais natural do que compor com pessoas que fazem parte de sua vida pessoal e de sua trajetória independente na música durante quatro décadas. Só assim, entre afetos, pôde compor retratos da dura realidade pandêmica – em que doença e desgoverno causaram sofrimento em mais de 600 mil famílias brasileiras. Só mesmo de mãos dadas a companheiros de vida e luta, Laura Finocchiaro teve forças para compor canções duras como “Vírus” e “Asfixia”, em parceria, respectivamente, com os jornalistas João Luiz Vieira e Flávio Paiva.
Falando em amizade, um dos destaques é “A vagar”, parceria de Laura com o saudoso poeta Jorge Salomão, que ela acompanhou no hospital em seus últimos dias de vida e luz. Luz que ele deixou iluminando o trabalho de Laura. Esta música foi a primeira deste projeto a ser produzida. Justamente por causa do estado de saúde de Jorge Salomão. E foi para homenageá-lo que ela decidiu lançar “A vagar” como primeiro single, marcando esta nova proposta musical: “uma música visceral, construída sobre harmonias contundentes, criadas sobre camadas sonoras. Uma música inspirada no dia a dia traduzida em forma de poesia, repleta de melodias, contracantos, ritmos diversos e timbres sintéticos, numa sonoridade assumidamente eletrônica, pop e livre de qualquer rótulo ou gênero musical”, explica Laura.
Também fruto de amizade é a faixa “Minas Sonoras”, nome do coletivo que Laura formou com Ana Martins, que fez a letra da música, e Patricia Mellodi. As duas participam cantando no registro da canção.
Completam o álbum as faixas “Nonsense”, mais uma feita a quatro mãos com Leca Machado; “Amora”, que fala de injustiça social e sofrimento feminino, parceria com o baixista Hans Zeh, que também assina “Trans” com Laura e J. Caminha.