Certa vez, ouvi – de uma amiga especializada na arte do dizer poético (declamação) – que esta envolvente expressão “é um agente transformador, um natural entusiasmo que liberta”.
E realmente é isto, este forte arrebatamento por meio da sublime manifestação da palavra, que expressa em suas performances – com muita sensibilidade e talento – o poeta e declamador Monteiro Zátula, artista angolano radicado atualmente em Campo Grande-MS.
Monteiro Feliciano Zátula, conhecido nas lidas literárias como ‘Monteiro Zátula – O Poeta’, nasceu em Luanda, capital de Angola, país africano de língua portuguesa. Professor de profissão e poeta por vocação, desde cedo despertou a sua veia artística, começando a escrever por volta dos 12 anos de idade, criando pequenos versos na escola. Até os seus 19 anos, atuou na Brigada Jovem de Literatura de Angola e no Clube Nacional de Poetas e Trovadores de Angola, onde desenvolveu estudos literários (de construção poética), análises e críticas de textos gerais. Posteriormente, integrou o movimento Levarte Angola.
Em 2011 participou de antologia lançada pela Literarte, de Cabo Frio-RJ, com o título Laços de Amizades entre Brasil e Angola. Em 2013, mudou sua residência para o Brasil, fixando domicílio no Rio de Janeiro. E, a partir de 2015, passou a residir em Campo Grande-MS. Em 2016, conheceu em Campo Grande e fez amizade com o atuante poeta e professor Ádemir Barbosa dos Santos, que o convidou para integrar a Academia Mundial de Letras da Humildade – seccional de MS, entidade na qual ocupa atualmente o cargo de segundo-secretário. Em 2022, foi convidado – pela editora Mágico de OZ – para fazer parte da antologia Luiz de Camões & Convidados – volume V.
Artista de vanguarda, Monteiro Zátula possui dom extraordinário para o exercício do dizer poético e muita leveza na essência. Exímio declamador, impressiona o público com a força da sua arte em originais efeitos, ao tempo em que imprime na palavra poética dosagem tocante de sensibilidade, eloquência e emoção. Zátula é um legítimo elo na já significativa expressão dos laços culturais que irmanam o Brasil e a África.
A ele compus (e aqui dedico) este meu poema a seguir:
Palavra e Partilha
(para Monteiro Zátula)
A tua palavra
é irmã da palavra do meu irmão…
Em nossas palavras pulsam ecos
de terra e de mares
acalentados por atlânticos sonhos
de liberdade…
Os versos que compus
nas falésias da minha praia
têm o sol das tuas mãos
e o sal dos nossos ancestrais…
A minha palavra
é irmã da palavra tua:
ambas buscam partituras de gaivotas
e ancoram na partilha
do mesmo cais.
Na minha palma há linhas
desadormecidas em solitudes
que tatuam a luz-nascente
de sonhos e destinos
da tua alma irmã da minha
e da palavra que nos alia!…
® Rubenio Marcelo
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*Rubenio Marcelo é poeta, escritor, ensaísta e compositor, membro da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, autor de várias obras publicadas, inclusive o livro ‘Vias do Infinito Ser’: indicado para o Vestibular da UFMS 2021/22/23 e triênio PASSE.