São Paulo (SP) – Experiência de vida e experiência para toda vida. Gratidão pelos momentos vividos. Essas palavras, essas frases, foram repetidas por jovens carentes que, durante três dias, estiveram reunidos em Mongaguá, no litoral de São Paulo, para a Copa Futebol Social. O torneio valia título e vaga para a seleção brasileira. Mas, mais do que as vitórias, as conquistas, esses atletas foram em busca de um sonho. De, por meio do esporte, enxergar um futuro. Momentos de confraternização, de diversão e, também, de muita disputa, na bela arena montada junto à praia, na Praça Dudu Santos.
No total, foram 56 jogos, com 336 gols marcados, reunindo 88 jovens carentes de projetos sociais de diversas regiões do País – 58 jogadores e 30 jogadoras – , entre a sexta-feira (20) e o domingo (22).
As equipes ganharam nomes que traduziram todo o espírito da Copa: Esporte, Raça, Vontade, Esperança, Força, Foco, Fé, Experiência, Felicidade, Confiança, Superação, Determinação, Humildade, Inclusão, Amor, Igualdade, Amizade, Cultura, Saúde, Emoção, Prosperidade, Transformação, Diversidade, Meio Ambiente, Anti Racismo e Amazônia.
No masculino, o título ficou com o time do Anti Racismo, que derrotou na final o Humildade por 4 a 1. O Anti Racismo jogou com José Inácio, de Milagres (CE), João, de Mangueiral (MA), e Kaike, de Barra Bonita (SP), além de diferentes goleiros que se revezaram ao longo das disputas. O Humildade teve Denilson, de São Vicente, na Baixada Santista, Enzo, de Barra Bonita (SP), e Daniel, representante da Grande São Paulo, além dos goleiros.
No feminino, as campeãs foram as meninas da equipe Felicidade, que venceram a Vontade nos pênaltis, após empate em 3 a 3. Felicidade contou com Mirelle, de Itanhaém, na Baixada Santista, Bruna, do Rio de Janeiro, e Jamilly, de Sorocaba (SP), mais as goleiras. E Vontade chegou à final com Yasmin, de Belém (PA), Franciele, de São Luís (MA) e Ana Júlia, da Grande São Paulo, além das goleiras.
Participaram 12 atletas de Sorocaba (SP), oito do Pará, seis do Ceará, cinco do Maranhão, nove do Distrito Federal, 13 do Rio de Janeiro, sete de Barra Bonita (SP), 13 da Grande São Paulo (SP) e 15 da Baixada Santista (SP).
E, após a realização da Copa, serão definidos os atletas que representarão o Brasil, de 8 a 15 de julho, no Campeonato Mundial de Futebol Social (Homeless World Cup), em Sacramento, na Califórnia (EUA).
O Futebol Social, mais uma vez, conectou jovens e comunidades carentes, contribuindo para a transformação social por meio do futebol. Organizadas pela ONG Futebol Social, competições como a Copa fazem parte de um movimento pioneiro, promovido ano a ano pela ONG, que dá aos jovens carentes a chance de conhecer, com o esporte, outras realidades. Antes, ao longo de 2022, com encerramento neste mês de janeiro, foi realizado o Circuito Futebol Social, com oito etapas pelo Brasil, classificando os atletas para a Copa.
Experiência, vivência, gratidão – Torneio terminado, os atletas não esconderam a emoção. E agradeceram muito a oportunidade de participar, de vivenciar o futebol social. “Muito gratificante fazer parte. Foi uma experiência maravilhosa. Por conta do projeto, vivenciei muitas coisas, fiz muitas amizades e de coração quero agradecer a todos, tanto jogadores como os professores que nos deram bastante incentivo”, afirmou Denilson, de São Vicente, no litoral paulista.
“Quero agradecer muito pelo que o Futebol Social fez por mim e pelos demais meninos que estiveram em São Paulo. Sinceramente foi uma experiência muito boa. Nunca pensei que eu fosse sair do meu estado para jogar futebol, ainda mais andar de avião. Muito obrigado mesmo pela experiência de vida”, destacou Wilkare, de Tomé Açu, no Pará.
“Foi maravilhosa a minha jornada com vocês, experiência para toda vida. Quero também agradecer meu time. Obrigado por fazer parte dessa equipe que chegou até a final”, observou Bruna, do Rio de Janeiro.
“Agradeço em nome do projeto Abraço Amigo por ter proporcionado essa experiência linda para minhas crianças. Só Deus sabe a dificuldade de todos os dias com cada um desses jovens e, ainda mais, em trabalhar com os sonhos deles”, disse Uriel, de São Vicente, no litoral paulista.
“Foi muito gratificante essa experiência. Admiração. Vocês são essenciais no nosso mundo e em nossas comunidades. Eu me sinto honrado por poder ter conhecido o Futebol Social. Um dia espero contribuir bastante com vocês”, garantiu Adrian, de São Paulo.
Guilherme Araújo, fundador da ONG Futebol Social, fez um balanço muito positivo da competição. “Estamos muito felizes com o sucesso desta Copa, com toda essa gratidão demonstrada pelos atletas, que puderam vivenciar toda a emoção do futebol social nesses três dias em Mongaguá e levar essa experiência para suas vidas”, afirmou Guilherme Araujo, fundador da ONG Futebol Social.
Conectando jovens e comunidades carentes – A Rede Futebol Social conta com dez núcleos principais: São Paulo (São Paulo, Mongaguá, Sorocaba e Parelheiros), Pará (Ananindeua), Ceará (Barbalha), Maranhão (São Luís), Rio de Janeiro (Rio de Janeiro e São Gonçalo) e Distrito Federal (Brasília).
Participam da ONG Futebol Social jovens de 16 a 20 anos, que vivem em situação precária de moradia (ou sem moradia), sob risco social e sem condições plenas de desenvolvimento, ligados a projetos sociais e/ou movimentos comunitários que fazem parte de Rede Futebol Social. Hoje são mais de 100 projetos parceiros. “Futebol Social: ganhar é virar o jogo!” é o lema da ONG.
A Copa Futebol Social foi uma realização da ONG Futebol Social, com patrocínio do Nubank e apoio da Prefeitura de Mongaguá e Soccer Grass.
Um pouco das regras – No futebol social, as medidas do campo são reduzidas: apenas 22 metros de comprimento e 16 de largura. O tamanho do gol é de 4 metros de largura por 1m30 de altura, com profundidade de aproximadamente 1 metro. E a área de gol: meio círculo com 4 metros de raio. São dois tempos de sete minutos, com intervalo de um minuto. Em cada equipe, três jogadores na linha e um no gol. Os goleiros não podem sair da área, marcar gols, ou fazer cera. Os jogadores de linha também estão proibidos de invadir a área dos goleiros, sob a pena de um pênalti para o time adversário.
O Fair Play (jogo limpo) é incentivado nos torneios. Para os jogadores que não atuarem nesse espírito do Fair Play, há penalidades: cartão azul (dois minutos fora do jogo) ou vermelho (expulsão do jogo) e, em último caso, exclusão do torneio. A equipe vencedora recebe 3 pontos. A equipe perdedora zero. Se um jogo terminar em empate, ele é decidido por uma disputa de pênaltis intercalada (morte súbita), onde a equipe vencedora recebe 2 pontos e, a equipe perdedora, 1 ponto.
Sobre a Ong Futebol Social – Com patrocínio de Sul América, Nubank, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e Projeto Rexona Quebrando Barreiras, o Futebol Social promove um movimento pioneiro que conecta jovens e comunidades carentes de todo o País, tendo como objetivo principal integrar, motivar e fortalecer seus participantes. Fazem parte da rede diversos projetos sociais e movimentos comunitários atuantes em periferias, favelas, entre outros grupos e regiões socialmente excluídos. Desde 2004, o projeto já atendeu a mais de 20 mil jovens e participou de mais de 20 eventos internacionais, incluindo a Copa do Mundo de Futebol Social (Homeless World Cup).