São Paulo (SP) – Apresentado durante a Conferência da ONU sobre Água, em Nova Iorque, o estudo “Reservatório Invisível”, analisou os impactos positivos das Soluções baseadas na Natureza (SbN), como a restauração, por exemplo, na disponibilidade de água e na adaptação climática.
Realizado pela ONG de conservação ambiental, The Nature Conservancy (TNC | Brasil) e parceiros, o documento ajuda a compreender como as mudanças climáticas se expressam de forma mais visível por meio da água, e aborda ainda como esses impactos podem aumentar nos próximos anos. O estudo ratifica que investir na natureza pode ser o caminho para a proteção e restauração dos sistemas de água doce e como esses investimentos ajudam a superar um dos maiores desafios desse século: água em quantidade e qualidade suficiente para todos os usos, do abastecimento humano à dessedentação animal, passando pelos usos industriais, agropecuária, geração de energia e turismo.
Para desenvolver o documento, foram observados três cenários diferentes e os resultados obtidos foram similares e consistentes em todos eles. Claudio Klemz, o especialista em Políticas Públicas para Água da TNC Brasil e coordenador do estudo, explica que foram analisadas as características biofísicas do Cantareira nos últimos 30 anos e chegou-se à conclusão de que a o Sistema Cantareira teria mais água disponível, se as intervenções necessárias de infraestrutura verde tivessem sido realizadas.
Segundo Klemz, em um cenário ideal, com intervenções em pontos-chave das bacias hidrográficas e mananciais que compõem o Sistema, o reservatório invisível de águas subterrâneas do Cantareira teria 33% a mais de água em 2018 e durante a pior seca das últimas décadas, nos anos de 2014 e 2015, esse incremento poderia chegar 130%.
“Embora esses dados não possam ser projetados para o futuro, eles nos mostram o caminho para resolver um dos grandes desafios do século: a disponibilidade hídrica em quantidade e qualidade suficiente para atender as atuais e futuras gerações em seus diversos usos”, avaliou.
O especialista explica ainda que investir em infraestrutura verde, em Soluções baseadas na Natureza (SbN), tem se mostrado uma alternativa fundamental tanto na segurança hídrica, quanto na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
Além dos benefícios ambientais, essas soluções também têm impacto financeiro, pois os custos da intervenção e da restauração são menores do que o da inação, como pontuado pelo economista inglês Nicholas Stern que, usando os resultados de modelos econômicos formais, mostrou que os custos e riscos gerais das mudanças climáticas serão equivalentes à perda de pelo menos 5% do PIB global a cada ano, podendo subir para 20% do PIB ou mais caso nada seja feito para frear as mudanças.
“Nosso estudo também abordou os custos econômicos dessa inação, e chegamos a resultados que mostram que a crise hídrica de 2014 e 2015 poderia ter tido um custo 30% menor com as intervenções verdes adequadas. O valor corresponde a cerca de R$ 444 milhões em perdas evitáveis totais”, finalizou.