As mudanças climáticas estão trazendo eventos cada vez mais extremos para o planeta. Com períodos de chuvas e secas cada vez mais intensos, não são poucas as notícias de desastres, enchentes e deslizamentos em todo o país. No estado de São Paulo, até metade de março, o volume de chuva (855mm) superou o que era esperado até o mês de abril, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
No Paraná e Santa Catarina, enchentes, alagamentos e deslizamentos também têm sido comuns e gerado muitos prejuízos materiais e risco de vida para os moradores. Em outubro de 2022, as fortes chuvas causaram deslizamentos que fecharam a estrada BR-277, que liga cidades do Paraná ao litoral. Cerca de 30 toneladas de pedras deslizaram no km 42 da rodovia, causando duas mortes. Os motoristas também enfrentam problemas na BR-376, que frequentemente tem sido fechada devido às condições do tempo. A Estrada da Graciosa também sofreu deslizamentos de terra e, quando não está bloqueada, tem operado no sistema pare e siga.
Tecnologia a favor da prevenção
De acordo com o engenheiro civil e pesquisador do centro de pesquisa, tecnologia e inovação, Lactec, Marcelo Buras, durante as estações chuvosas é comum notícias de deslizamentos e desmoronamentos de encostas. “Rupturas de encostas são movimentos de massa, sejam eles de solo ou rocha”, explica. Na linguagem popular estes movimentos são chamados também de quedas de barreira, deslizamento de terra e desbarrancamento e podem trazer riscos a pessoas, equipamentos e infraestrutura no local afetado.
A prevenção é possível, e além de mais segura, também pode custar menos para empresas e instituições públicas. Para Buras, com apoio de equipamentos específicos, é possível analisar o fator de segurança (FS) de uma encosta, que pode ser obtido a partir de uma análise matemática computacional. Ele explica que, quando são obtidos FS maiores do que 1,0 a encosta está estável, e valores menores do que 1,0 indicam ruptura da encosta.
Para prever a movimentação de massa é preciso realizar algumas ações preventivas como: mapeamento das áreas e classificação de risco, investigação geotécnica para conhecer os tipos de solo e rocha desses locais e instalação de instrumentos para monitoramento de deformações, nível d’água e índice pluviométrico. A partir destas informações é possível indicar estruturas de contenções das áreas de maior risco e prever uma possível instabilidade de uma encosta.