Essa semana tive algumas preocupações, que ficaram maiores ainda quando cheguei no Posto de Saúde. Fui atendida sim, mas horas de espera. Fui levar meu pai, minha sobrinha me acompanhava. A espera do raio-x foi maior porque nunca sabemos qual será o resultado. Pensamos mil coisas. Sai a avaliação da profissional de saúde, remédios receitados, voltamos para casa. Essa volta foi comprida na minha mente.
Como é interessante a vida, essas idas e vindas. Poxa eu levando meu pai no serviço de saúde. Olhava o semáforo e pensava como foi quando eu era criança, ia para o hospital e voltava no colo dele. Agora é minha vez de retribuir. As lembranças da infância são uma espécie de canto da esperança e da calma. Elas nos tocam, nos embalam, nos acalentam. Apesar de algumas vezes esquecidas, elas estão sempre ali, disponíveis, guardando consigo uma grande parte da nossa identidade.
Escritos sobre a essência dos dias vividos na infância, sobre essa fase saudosa e cheia de lembranças, sobre do que ela é feita, quer seja de sonhos, alegrias, tristezas, descobertas e decepções. Essa volta me fez viajar no tempo imergindo em lembranças que, de alguma forma, me tocaram o âmago. Ao chegar em casa fui ler um poema para ele dormir, já medicado, queria que ele descansasse. E assim, mergulhando nas cenas descritas ao longo das linhas tecidas, é possível avistar as constelações num céu estrelado, e enxergar formas num céu nublado; brincar com os amigos na rua, penso que de dia ou de noite e com ou sem lua; reunir a família na casa da avó, éramos três irmãs e todas juntas eram uma resenha só; pular corda e andar de bicicleta, por entre caminhos de curvas ou retas; ler fábulas e contos de fadas, descobrindo a leitura como aliada; viver aventuras com dengos e gostosuras, sendo criança com direito às travessuras; brincar de boneca, depois doá-la para alegrar outra menina talvez triste por não ter a infância alegre que eu tive de tomar banho no corixo; assumir papéis fazendo de conta que é realidade, brincando de profissões com pura ludicidade; ler histórias em quadrinhos e fábulas de La Fontaine, descobrindo caminhos efêmeros e/ou perenes.
Por isso eu hoje sei que a poesia também está presente na vida ingênua de cada criança, de cada garotinha que traz suas memórias à escrita. As linhas do poema dão palavra a essas garotas que precisam clamar ao mundo sua dor, suas alegrias, as tristezas para se sentirem ouvidas e vistas.
Ver meu pai ali deitado deu alegria e tristeza ao mesmo tempo. Faltava minha mãe. Senti saudade dos meus filhos. Essas histórias movem nossas vidas e permitem um momento para olhar para dentro de nós. É por essa razão que ler uma poesia é muito importante para uma mulher. Precisamos ter a certeza e saber qual é o papel das mulheres no mundo de hoje. Um mundo que precisa de humanidade e sensibilidade. Um mundo que precisa de abraço, um mundo que precisa de poesia, um mundo que precisa de Deus.
*Nota da Redação: Jociane de Andrade estará sendo homenageada na Câmara Municipal de Corumbá no próximo dia 22 as 20:00horas no evento” 100 Mulheres de Sucesso” Diva 2023 – Personalidade Feminina do ano. Organização do Colunista Social do ” Jornal Notícias do Pantana”l, Augusto Samaniego.