Depois de título de Adriano de Souza, Guarujá terá Victor Bernardo e Deivid Silva no Mundial Pro Júnior, em Portugal

Surfistas da nova geração ganham incentivo com novos patrocínios da ConstrutoraNossolar e embarcam no próximo dia 1º em busca de nova conquista para o Brasil.

Surfista Victor Bernardo no Havaí (EUA) – Foto: Cinthia Paranhos

Surfista Victor Bernardo no Havaí (EUA) – Foto: Cinthia Paranhos

Depois das conquistas do título mundial com Adriano de Souza, o Mineirinho, com direito a vitória no emblemático Pipe Masters, no Havaí, e do Circuito QS, com Caio Ibelli, Guarujá terá mais dois representantes em busca do lugar mais alto do Mundo no surf. Os talentos da nova geração, Victor Bernardo e Deivid Silva, embarcam no próximo dia 1º para Portugal, onde disputarão o Mundial Pro Júnior, para surfistas com até 21 anos de idade, de 4 a 8 de janeiro, em Ericeira.

Além de revelados na mesma cidade, os dois atletas fazem parte da nova equipe da Construtora Nossolar, que vem investindo forte no surf, com patrocínio ao surfista do WCT, Alex Ribeiro e das etapas do Brasileiro, em Praia Grande, do do QS 10000 na praia de Maresias. Deivid compete como o atual bicampeão sul-americano da categoria, enquanto que Victor recebeu o convite de seu novo patrocinador, a Billabong, para ser um dos “wild cards”.

Surfista Deivid Silva – Foto: Valclei Lemos

Surfista Deivid Silva – Foto: Valclei Lemos

Aos 20 anos, Deivid é o mais experiente e competirá no Mundial pela quarta vez. No início de 2015, nessa mesma praia, por pouco não ergueu a taça, ficando em terceiro lugar, superado pelo campeão mundial, o português Vasco Ribeiro. Também nessa temporada, chegou muito perto da vaga ao WCT, brigando até a etapa final, em Sunset, no Havaí.

No Mundial Pro Júnior, surfa com a vantagem de conhecer bem a praia de Ribeira D’Ilhas. “As expectativas são as melhores. A onda é muito boa, onde consigo encaixar as manobras de backside”, afirma Deivid, animado com a nova parceria. “O Rodrigo (Pacheco), da Nossolar, está dando esse apoio e isso me motiva ainda mais para esse Mundial e 2016. Cheguei perto da vaga do WCT e agora vou focar nos eventos 6000 e 10000 para garantir a vaga”, diz.

Surfista Victor Bernardo no Havaí (EUA) – Foto: Cinthia Paranhos

Surfista Victor Bernardo no Havaí (EUA) – Foto: Cinthia Paranhos

PRESENTE DE NATAL – Victor, 18 anos, recebeu a notícia que iria competir em Portugal em plena véspera de Natal. “Foi o melhor presente que poderia ganhar. Era madrugada, acordei para tomar água e vi o e-mail do team manager mundial da Billabong perguntando se aceitaria o convite. Respondi na hora que sim e não consegui dormir mais”, conta.

“Queria muito estar nesse campeonato. Nunca surfei lá, mas pelas imagens do campeonato do ano passado, que fiquei assistindo pela internet, as ondas são ótimas. Espero aproveitar muito essa oportunidade”, acrescenta Victor, que na sequência já seguirá para o Havaí, para competir as duas primeiras etapas do QS, em Sunset 1500 e depois Pipeline 3000. “Sunset será um ótimo treino e Pipe nunca competi lá e vai ser uma experiência para, se Deus quiser, quando estar no WCT”, complementa.

O técnico dos dois atletas, o experiente Paulo Kid acredita em grandes atuações, sobretudo de Deivid pela vivência no evento e no pico. “Ele já teve uma ótima performance no Mundial passado e tem um backside muito forte. Está muito focado e tem tudo para conseguir um grande resultado”, destaca. “Já o surf do Victor tem tudo para encaixar naquelas direitas. Acabou de chegar do Havaí e está bem treinado”, comenta.

O Brasil já tem cinco campeões mundiais pro-júnior, entre eles Adriano de Souza, em 2003, e Caio Ibelli, em 2012. Outro grande nome que já levantou o troféu foi Gabriel Medina, em 2013. “Estamos investindo na molecada. O Deivid e o Victor são dois talentos da nova geração e vamos torcer para começarmos 2016 muito bem, como o Brasil encerrou 2015”, afirma o empresário Rodrigo Pacheco, da Construtora Nossolar.

Da favela ao Mundo

Surfista Deivid Silva – Foto: Valclei Lemos

Surfista Deivid Silva – Foto: Valclei Lemos

Victor acaba de ingressar na equipe Billabong mundial. O contrato foi assinado em pleno Havaí. O início no surf foi aos quatro anos, na praia da Enseada, que fica próxima à Comunidade da Vila Baiana, uma das regiões mais carentes da Cidade. “Meu pai, meu tio, meu irmão, meu primeiro, todos me incentivaram bastante. Eu morava numa favela e sempre pegava prancha para surfar. Meu pai começou a me levar quando tinha quatro anos e aos seis já ia surfar com a minha bike até o Maluf (Pitangueiras) e minha mãe ia me acompanhando. Quando não podia, ia o meu pai”, lembra.

“Todo mundo me olhava, um menino tão pequeno com uma prancha debaixo do braço, de bicicleta. Deviam achar estranho, mas não viam que meu pai estava atrás, de carro. Me seguindo para ver se estava tudo certo”, conta Victor, que competiu pela primeira vez ainda aos seis anos, na categoria petit do Circuito Guarujaense, por indicação de Ademir Silva. “Foi no Tombo, mar grande, aqueles dias storm, tempo fechado. Tomei uma vaca, um caldo e saí da água antes da bateria acabar, com medo do mar”, lembra.

Aos oito anos, por indicação de Alcino Pirata e observação do técnico Paulo Kid (que o acompanha até hoje), ingressou na equipe Hang Loose. “Infelizmente saí. A vida é assim, tem de abrir mão de algumas coisas para acontecerem outras”, afirmou o surfista, que através do surf conseguiu melhorar a vida da família. “Hoje me mudei para o Tombo, ao lado da família do Kareca, da Shine, meu patrocinador de pranchas”, ressalta.

Já Deivid Silva foi um talento desde as categorias de base, garantindo títulos paulistas e brasileiros. No Mundial QS de 2015 terminou em 24º lugar. Venceu a etapa 6000 em Florianópolis e foi vice em Pantin, na Espanha.

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