Se você não tem como
Desabafar
Se as velhas feridas
insistem em não cicatrizar
Se o nó na garganta
não quer desatar
Se a dor te dói tanto
que não dá pra controlar o pranto
Uma camisa suja de batom
Um leve aroma de perfume pelo ar
Uma garrafa de bebida no chão
Isso é pura solidão
Se a manhã nasceu e ela foi embora
e num bilhete estúpido te deu o fora
Isso é o blues…Isso é o blues…Isso é o blues…
Isso é o blues…Isso é o blues….
(Isso é o blues – Bêbados habilidosos)
Lembro de uma noite em que se realizava o lançamento da nova grade de programação da “Rádio Para Todos” foi momento de emoção e grandeza. Ali estava apesar de toda a dor ou justamente por estar além da dor, o olhar de Sara e o indefectível sorriso de Renata Messa, que eu conheci no velório do “bluesman”i e que na ocasião estampava a saudade em seu peito usando a camiseta que ela havia dado de presente no último Dia dos Pais.. O certo é que o blues sentiu o cheiro da melancolia. Já havia perdido Ricardo Werther e naquela ocasião era recente o” bluesman” na acepção da palavra.
Outrossim, Guga Borba abriu a emoção da plateia, e logo depois um documentário que contava com vários expoentes da área. Guilherme Cruz que era guitarrista do filho de los livres e produtor dos álbuns dos Bêbados Habilidosos, Clayton Sales, radialista atuando na Uniderp FM e ex integrante dos Bêbados Habilidosos, Fábio Brum – guitarrista do Made in Brazil, Marcos Yallouz baixista do Bando do Velho Jack e ex integrante da Blues Band, Marcelo Rezende Baixista do Bêbados Habilidosos e Mário Bortolotto dramaturgo e vocalista do Saco de Ratos. A ideia de Bosco Martins fez o Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo tremer de emoção’.
E depois de muita emoção, claro, mais emoção capitaneada pelo extraordinário Luis Henrique Àvila e devido a impossibilidade dos Bêbados Habilidosos estarem in totum presentes, indicaram a Blue Company para realizar o tributo ao indescritível Renato Oliveira Fernandes da Silva, conhecido por na década de 90 no interior de uma Kombi e em parceria com a Universidade Federal, levar o blues para o seio do Pantanal. Renato Fernandes como ficou conhecido, em 17 de fevereiro deixou em seu velório a imagem da saudade, mesmo dia de aniversário do também saudoso Lizoel Costa. No dia anterior não se sentiu bem, foi levado ao posto de saúde e após sucessivos ataques cardíacos não resistiu falecendo aos 53 anos e deixando um grande vazio e um amargo vazio nos apreciadores da boa música.
O tempo passou e acreditava não encontrar nada diferente dos relatos acima. Até que ouvi Rick Bergamo que está perenizando o belo e suave toque da gaita. No Brasil, a história da gaita começa em agosto de 1923, um imigrante alemão chamado Alfred Hering, fundou a empresa Gaitas Alfred Hering em Blumenau e hoje a gaita realiza sonhos musicais de extremo enlevo. Nós sabemos que os sonhos são como as estrelas. Sabemos também que não podemos tocá-las mas se optarmos por segui-las elas podem guiar o nosso destino. Renato Fernandes agora é a estrela que brilha mais alto e Rick Bergamo a que toca mais no íntimo do coração musical neste segmento (o banjo fica para outro artigo). Esta noite sua arte poderá ser apreciada em apresentação cultural, na comemoração do Dia Mundial do Livro, em Campo Grande no lançamento de “Estrela do Ócio” da indefectível e dadivosa poetisa Carmen Eugênio, na plataforma cultural em frente a galeria de Vidro. O músico está desenvolvendo um novo projeto com o douradense Big, que tem um estilo musical bem interessante, e que sugiro que acompanhem.
*Articulista