Com uma base de registro de mais de 400 mil exemplares, a raça Santa Gertrudis completa 70 anos de sua história em terras brasileiras. Mas seu começo vem de muito antes. O ano é 1910, no sul do Texas, nos Estados Unidos. A famosa propriedade King Ranch tinha um objetivo: Produzir uma raça que se adaptasse aos desafios de temperaturas acima de 38º e a média pluviométrica em torno de 700mm anuais. Dessa demanda, que pouco difere com as condições atuais da pecuária brasileira, surgiu o Santa Gertrudis, raça bovina sintética, 5/8 Shorthorn, vindo de terras britânicas e 3/8 Brahman, uma subespécie Zebu.
De acordo com a Associação Brasileira do Santa Gertrudis (ABSG), a raça foi reconhecida somente em 1940, quando se espalhou pelo mundo, principalmente em países como Australia e África do Sul. No Brasil, os primeiros exemplares chegaram em 1953, sendo utilizado principalmente nas regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste no cruzamento sobre matrizes azebuadas ou ainda sobre matrizes F1 (Zebu x Europeu) obtendo os animais chamados Tricross, com alto rendimento de carcaça. Já na região Sul, a raça vem sendo utilizada a mais de 50 anos sobre matrizes europeias, diminuindo a exigência nutricional, mantendo o volume de carcaça e qualidade de carne.
“Por ser criada em condições muito extremas, a adaptação do Santa Gertrudis foi o que mais chamou atenção para a pecuária brasileira, a capacidade de trabalho, de conversão alimentar e a qualidade da carne, também estão na lista dos atrativos que esse animal traz”, explica o técnico da ABSG, Anderson Fernandes.
E como a palavra da vez na pecuária é rendimento e com uma expectativa de consumo de carne bovina equivalente a 56,84 milhões de toneladas somente em 2023, segundo dados da USDA, transformar ganho de peso em carne é um dos grandes objetivos na produção de proteína animal atual.
“Hoje um animal top na balança tem uma média de rendimento de 50%, com 20@ e 24 meses de idade. Nos abates técnicos que acompanhamos, a média alcançada por animais cruzados com Santa Gertrudis alcançaram 58% aos 15 meses de idade, ou seja, o ganho volta para o produtor com muito menos tempo, mais volume e mais rentabilidade”, ressalta o presidente da Associação e criador, Gustavo Barretto.
Com relação a nutrição, Gustavo explica que nada é feito diferente do que é normalmente realizado com demais animais sintéticos. “A raça exige tanto quanto qualquer outra, a nutrição do rebanho deve ser realizada de acordo com cada sistema produtivo”, aponta.
Atualmente o gado puro Santa Gertrudis está presente em 14 Estados Brasileiros, mas reprodutores e animais sem registro estão espalhados por todo território nacional. “Queremos mostrar ao produtor a capacidade do Santa, e por isso e também para comemorar o setuagésimo aniversário da raça no País, promoveremos um Congresso Internacional no fim do ano, com muita informação e troca de experiência entre os criadores”, finaliza Barretto.