Nascida entre o fim do século 19 e começo do 20, a brincadeira cultural do Boi Bumbá chegou ao município amazonense de Parintins com toda força e desenvolveu uma identidade que marca a população da cidade até hoje. O Festival de Parintins, inclusive, é o maior evento do país que envolve essa cultura e sua 58ª edição acontece no final de junho de 2023.
Mesclando “música, teatro, trajes de cena, folguedo, alegorias”, como explica Diego Omar da Silveira, professor, historiador, diretor do CEDEM Caprichoso (Centro de Documentação e Memória Caprichoso), a festa é um momento de muita musicalidade, composta principalmente das toadas dos Bois Caprichoso e Garantido.
“Hoje em dia, a gente tem uma música bastante diversificada, que dá o tom do espetáculo e que ajuda inclusive a desenvolver o Boi na arena”, afirma Silveira, sobre as toadas e a importância desse som no Festival.
A rivalidade entre os dois Bois – ambos com suas toadas já disponíveis nas plataformas digitais via ONErpm – é uma grande parte do festival, que conta com a adesão dos mais de 100 mil habitantes da cidade, além do grande número de turistas que comparece. Quase como torcidas para escolas de samba, o público do Festival de Parintins se divide, veste as cores e canta as toadas, cada um de seu boi de escolha.
Acontecendo nos dias 30 de junho e 01 e 02 de julho, o Festival de Parintins 2023 irá contar com a presença da ONErpm no evento, trazendo ainda mais música para a festa. Além disso, a empresa também se faz presente no evento Planeta Boi, um festival de artistas do Boi Bumbá, que rola em 03 de junho, uma prévia para as festividades no fim do mês.
“A música tem um poder intangível que também nos oferece infinitas oportunidades de negócios – é por isso que a presença da ONErpm neste evento é tão simbólica. É parte de um compromisso em fortalecer a cena musical do Norte do Brasil, garantindo que talentos locais tenham acesso às ferramentas e oportunidades necessárias para desenvolverem suas carreiras”, explica Julian Lepick, Regional Manager Norte/Nordeste da ONErpm.
O Planeta Boi, inclusive, acontece em Manaus, na Arena da Amazônia, e traz grandes nomes da música amazonense, como a cantora Márcia Novo (conhecida pelo seu próprio gênero musical, o Eletroboi) e o artista David Assayag, ambos lançando música por meio da ONErpm.
“O Planeta Boi vem para reverberar e fortalecer essa identidade da cultura popular que tem sua maior expressão no festival de Parintins”, explica Valdo Garcia, diretor presidente da organizadora do festival, Amazon Best.
O evento, que nasceu em 2003, chega para exaltar a cultura do Boi Bumbá e trazer artistas desse gênero musical para um lugar de amplo acesso, como a Arena da Amazônia, em Manaus – trazendo cada vez mais atenção para essa identidade cultural nortista.
“O festival consolida isso, mostra que é um produto para dar maiores voos, voos nacionais e até internacionais, esse é o objetivo da Amazon Best e dos seus parceiros. É elevar esse produto para fora de Manaus”, aponta Garcia.
Qual o som do Boi Bumbá?
Com mais de 100 anos de história e um dos maiores festivais do Brasil, a música que acompanha a brincadeira é tão importante quanto. Mesclando diversas influências, instrumentos e culturas, o gênero musical Boi Bumbá se tornou algo completamente diferente do som que o originou – mas, manteve seu significado cultural.
“O Boi Bumbá significa para nós a nossa vivência, nossos valores, culturas e tradições. Não só para o Amazonense, mas todo o nortista que vive a Amazônia e sente ela diariamente. Para nós, artistas, o Boi Bumbá e a Amazônia são fontes inesgotáveis de inspiração”, afirma Patrick Araújo, levantador de toadas do Boi Caprichoso.
Começando com instrumentos de percussão fabricados artesanalmente, trazendo tambores e batuques que incorporavam as sonoridades africanas e ameríndias, o som do Boi Bumbá surgiu da população pobre e foi, por muito tempo, mal visto pelas elites locais. A transformação em fenômeno nacional começou com a introdução de instrumentos atuais.
Nos anos 80, com a entrada do Boi na indústria cultural e turística, os diferentes bois começam suas gravações e produzem discos próprios. Por sua vez, isso adiciona ainda mais influências ao gênero, incluindo a axé music, o pop e até mesmo o rock.
Até mesmo as letras mudam nessa época, explica o especialista Diego Omar da Silveira, se anteriormente as toadas só falavam sobre a louvação do Boi, conectando elas à lenda “Auto do Boi”, atualmente as temáticas são mais variadas, incluindo letras sobre os desfiles do Festival de Parintins e até mesmo sobre rituais indígenas.
O que rola no Festival de Parintins?
Além das atrações tradicionais de um carnaval ou São João, como apresentações musicais, muita comida e farra, o ponto principal do festival é a disputa entre os dois Bois, o Garantido e o Caprichoso, que acontece por meio de desfiles e toadas no Bumbódromo – arena construída para ser a moradia do festival.
Com muitas cores, luzes, dançarinos e até uma rainha do folclore, a apresentação dos bois é o ponto alto do Festival – e a rivalidade entre os bois é igual à de qualquer time de futebol. Os participantes usam as cores do seu boi de torcida, tem seus próprios gritos e até sentam em lados opostos da arena.
“Minha história com o Boi Garantido está entrelaçada desde os primeiros minutos de vida quando, ao nascer, a primeira camisa colocada em mim pela tia Aldete Paulain foi vermelha. Ali o meu destino já estava traçado. O Garantido é a minha religião, a minha inspiração, é a minha história”, afirma Israel Paulain, apresentador do Boi Bumbá Garantido.
Marcando uma mescla das culturas que compõem a região amazônica, o Boi Bumbá e o festival que o protagoniza são partes fundamentais da identidade cultural nortista – e trazem grande movimentação econômica para a região.
De acordo com a contabilidade da Amazonastur (Empresa Estadual de Turismo do Amazonas), no último festival foram mais de 110 mil visitantes na cidade de Parintins, que tem por volta desse número de habitantes. Ou seja, o festival basicamente dobra o número de pessoas no município, trazendo empregos e tornando-se um motor da economia local.
Com música e farra a frente dessa comemoração, o Festival de Parintins e o gênero musical do Boi Bumbá mesclam culturas indígenas, africanas e exaltam a identidade cultural amazonense, resultando em um marco para a cultura brasileira.