Como são os veículos que circulam no Aeroporto de Guarulhos para movimentar 830 aviões por dia

Circular com segurança entre ônibus, pedestres, caminhões, tratores e aviões é o desafio diário dos motoristas de veículos terrestres em aeroportos

Para quem se queixa do trânsito das grandes cidades, por ter de estar sempre atento e disputando cada metro com outros carros, motocicletas, ônibus, caminhões, ciclistas e pedestres — nem todos cuidadosos —, Janilton Gomes da Silva tem um aviso: “Aqui dentro é mais complicado de dirigir do que na rua”. Esse “aqui dentro” de Janilton, motorista profissional há 23 anos, é o pátio do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

A maior parte dos veículos é a diesel, mas há modelos elétricos, como o trator BYD T250 (Foto: Renato Durães)

Uma área com quase 500 mil metros quadrados onde funcionários a pé e em veículos devem conviver em segurança com 830 aviões decolando ou pousando todos os dias.

Apesar de serem veículos rústicos, tratores têm direção assistida (Foto: Renato Durães)

Ônibus de passageiros, caminhões que transportam refeições, caminhões-tanque de combustível e tratores de funções diversas são apenas parte da frota terrestre de um aeroporto. Nenhum deles, afirma Janilton, pode exceder 20 km/h, e a prioridade é das pessoas e aeronaves. “Tem de conhecer muito bem o pátio todo”, diz o operador. Profissionais como ele, que atuam em aeroportos como o de Guarulhos, devem ter CNH de categoria E e passar por treinamento específico dado pela Dnata, empresa de serviços aéreos para a qual Janilton trabalha há sete anos.

Geladeira para caminhão: Como escolher a melhor?

Citroën Jumpy Minibus: principais vantagens

Renault Master: perguntas frequentes sobre os veículos utilitários

A organização do tráfego no pátio é feita por um conjunto de normas chamado “Sistema de Orientação e Controle da Movimentação no Solo”. O SOCMS orienta e controla todas as aeronaves, veículos e pessoas na área de circulação de um aeroporto. “Tem a supervisão geral, o One Safety (programa de treinamento da Dnata), que fiscaliza, a GRU Airport (concessionária do aeroporto), a Polícia Federal e a Receita Federal” — todos de olho no tráfego no pátio, conta Janilton.

O SOCMS orienta e controla todas as aeronaves, veículos e pessoas na área de circulação de um aeroporto (Foto: Renato Durães)

Há regras e normas de movimentação para aeronaves, veículos, equipamentos e pessoas na área operacional, além de auxílios visuais e de navegação e comunicação por rádio entre órgão de controle de tráfego aéreo, profissionais em solo e pilotos. O objetivo é coordenar estacionamento e gerenciamento das aeronaves no pátio, bem como o acesso e a abordagem às aeronaves, a permanência na área de manobras e a prevenção na entrada e saída da pista.

Além dos ônibus e dos carros de luxo que levam os passageiros de primeira classe às aeronaves, há veículos esteiras, escadas, plataformas que carregam e embarcam enormes contêineres a mais de dois metros de altura. Existem normas rígidas para o abastecimento de combustível dos aviões, processamento de passageiros e carga, liberação de aeronaves e operação em baixa visibilidade.

Existem normas rígidas para o abastecimento de combustível dos aviões (Foto: Renato Durães)

Há também curiosos veículos pintados com cores diferenciadas, geralmente amarela ou laranja, com a inscrição “follow me” (siga-me, em português) pintada na traseira, e ainda muitos luminosos para orientar veículos e aeronaves durante a noite ou quando a visibilidade está prejudicada.

As normas determinam até a altura máxima permitida para veículos e equipamentos, e as rotas de circulação de veículos, equipamentos e pessoas. Detalhe importante é a comunicação entre o órgão de controle de tráfego aéreo, os pilotos e os profissionais em solo, que deve ser clara e exata, essencial para prevenir acidentes e incidentes. Todas as trocas de mensagem entre os envolvidos são feitas via rádio e por meio de uma linguagem padronizada.

Todas as trocas de mensagem entre os envolvidos são feitas via rádio e por meio de uma linguagem padronizada (Foto: Renato Durães)

Janilton lembra que começou operando um trator pequeno, até chegar ao atual trator-rebocador Rucker TA-4206, que tem três marchas para a frente e outras três para trás. O veículo pesa mais de 12 toneladas, tem torque de 7.600 kgfm e pode empurrar ou puxar um avião abastecido como um Boeing 737-800 de 79 toneladas ou um Airbus A-321 de 93 toneladas.

1.Pushback Rucker TA-4206 2.Loader Rucker LDL DD 7350 3.Conveyor Guangtai WGS70 4.Trator de carga elétrico BYD T250 (Foto: Renato Durães)

1. Pushback Rucker TA-4206: É equipado com motor turbodiesel de 95 cv e 29 kgfm a 1.800 rpm, acoplado a transmissão semiautomática de três marchas à frente, três à ré e tração 4×2. Pesa 12.400 kg e pode puxar até 100 toneladas — ou seja, um Boeing 737-800 ou um Airbus A321.

2. Loader Rucker LDL DD 7350: É um carregador capaz de embarcar bagagens nas aeronaves a mais de 3 metros de altura. Tem motor turbodiesel de 85 cv e 26 kgfm, pesa 15 toneladas e tem capacidade de carga de 7 toneladas.

3. Conveyor Guangtai WGS70: É uma esteira sobre rodas equipada com motor de 46,6 cv e 14 kgfm. Pesa 3.420 kg, com capacidade de carga de 200 kg/m.

4. Trator de carga elétrico BYD T250: Tem 33,6 cv, pesa 3.800 kg e pode puxar 25 toneladas de carga, paletes e comboios de bagagens. Tem autonomia de 8 horas e sua bateria pode ser recarregada em duas horas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Topo