Atualmente, a área de pastagem ocupa cerca de 159 milhões de hectares, cerca de 18,5% do território nacional. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne – ABIEC, o Brasil é o segundo maior produtor e o maior exportador de carne bovina. Quando analisamos os sistemas de produção, encontramos que cerca de 87% de toda carne bovina produzida no país é a pasto (EMBRAPA, 2020). O que confere alta competitividade em função do menor custo de produção.
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Quando analisamos a produção de leite no Brasil, apesar da alta modernização no sistema de produção, deixando de ser baseada em pastagens e migrando para os sistemas confinados e semiconfinados, a pastagem ainda encontrasse como alimento de grande importância para o sistema de produção, sendo ela sob pastejo ou mesmo na forma de fenos, pré-secado e silagem, fornecendo uma excelente fonte de fibra para vacas leiteiras.
Por esse motivo, a qualidade das pastagens tem importância estratégica para o produtor, com relação direta sob a saúde e o aumento da produtividade do rebanho, seja ele de corte ou leite.
Entre as espécies cultivadas na região Centro – Oeste e Sul do país, algumas apresentam elevado potencial genético para produção de forragem, especialmente quando suas exigências em fertilidade do solo são atendidas. O problema é que grande parte dos solos cobertos com pastagens apresenta baixa fertilidade e não atendem à demanda de macro e micronutrientes essenciais para o bom desenvolvimento do cultivar, limitando sua produtividade e consequentemente a conversão em produto animal.
Por tanto, para evitar a deficiência de nutrientes e a degradação, a adubação se configura como uma estratégia de manejo necessária para manter o sistema produtivo saudável e economicamente viável.
Quando falamos em adubação de pastagens, não podemos deixar de lado a necessidade de correção dos solos ácidos, uma vez que isso irá impactar diretamente o aproveitamento dos nutrientes pelas plantas forrageiras. A análise de solo é ferramenta fundamental para identificar a necessidade e o tipo de calcário para elevar a saturação de base e reduzir a acidez do solo pela neutralização do alumínio, tóxico para as plantas, dando condições de maior disponibilidade de nutrientes.
Em determinadas situações, o uso de gesso agrícola após o uso de calcário também se faz necessário, com intuito de corrigir as camadas mais profundas do solo (20 a 40 cm), suprindo as necessidades de cálcio e enxofre. Esse manejo, quando necessário, dá condições para que a planta desenvolva seu sistema radicular, atingindo camadas mais profundas na busca por água e nutrientes.
A região Sul do Brasil se caracteriza com clima predominantemente subtropical, com as estações do ano bem definidas e grandes variações de temperatura. É a região mais fria do país, com ocorrência de geadas durante o inverno. Por esse motivo, as espécies forrageiras adotadas distinguem-se um pouco das demais regiões do país.
As forrageiras mais utilizadas nessa região são: alfafa, aveia, azevém, os cultivares de capi-elefante, capim-sudão, milheto, sorgo forrageiro, cultivares de trevo, as cultivares do gênero Cynodon (Tifton, costcross, etc), além dos campos nativos na região sul do Rio Grande do Sul.
A região Centro-Oeste brasileira se caracteriza com clima tropical semiúmido, com duas estações bem definidas. Sendo o verão quente e úmido, com alto volume de chuvas e um inverno seco. Sendo uma região onde existe predominância das gramíneas do gênero Brachiaria como o marandu, xaraés, piatã e do gênero Panicun como o tanzânia e Mombaça.
As forrageiras mencionadas acima distinguem-se em relação às suas exigências nutricionais, sendo algumas mais exigentes em relação a outras. Por esse motivo, sempre que o pecuarista decide implantar uma nova cultivar em sua propriedade é de extrema importância levar em consideração, o clima predominante da região, as características de solo e relevo, o manejo que mais se adequa ao sistema de produção, o grau de produtividade de matéria seca por hectare desejado e o nível de investimento para atingir essa produtividade. Nesse quesito, devemos levar em consideração o nível de fertilidade da planta forrageira escolhida na implantação e durante a manutenção, e atendê-la para obter maior eficiência.
Quando falamos em adubação de plantas forrageiras, temos como principal nutriente o fósforo, que confere melhor estabelecimento de plantas, desenvolvimento radicular e perfilhamento. Quanto maior o perfilhamento, maior a produção de forragem e a taxa de lotação animal. Esse tipo de resposta foi observado em Mombaça por Carneiro et al. (2017) que avaliaram diferentes fontes e doses de fósforo e concluíram que a adubação promoveu maior perfilhamento, altura das plantas e maior produção de massa seca. Costa et al. (2017) também observaram esse padrão de resposta em capim Massai.
Outro nutriente importante tanto na implantação quanto manutenção de plantas forrageiras é o potássio. Os níveis de extração desse nutriente em pastagens são altos, cerca de 2% na matéria seca da forragem colhida (Oliveira. 2008). No entanto, em sistemas de pastejo, existe um retorno ao sistema via reciclagem através das perdas durante o processo de pastejo e na deposição de fezes e urina. Mesmo assim, a correção do solo no momento da implantação e durante a manutenção se faz necessário, uma vez que a deficiência de K pode causar queda no crescimento e desenvolvimento tanto da parte aérea e sistema radicular das plantas.
O nitrogênio, por sua vez, é um fertilizante de extrema importância para os sistemas de produção animal a pasto, sendo responsável por incrementos significativos na produção de massa seca, o que permite aumentos na taxa de lotação e no ganho animal por área. Além disso, a combinação de adubação nitrogenada com enxofre é bem documentada na literatura e traz ganhos significativos em produtividade e qualidade bromatológica para as forrageiras.
Santos et al. (2006), avaliaram a eficiência bioeconomica da adubação de pastagem no sul do Brasil e constataram que o investimento em fertilização das pastagens naturais é biológica e economicamente viável em doses de até 200kg de N/ha, com aumento na produção de peso vivo, margem e eficiência na conversão do N em produto animal.
Canto et al. (2009) avaliaram a produção de bovinos de corte em recria sob lotação contínua em pastagens de capim Tanzânia adubadas com doses crescentes de nitrogênio (100, 200, 300 e 400 kg ha-1). Os autores tiveram como resposta um incremento significativo na produção de forragem, que permitiu o aumento da taxa de lotação de 3,2 UA ha-1 na dose de 100 kg de N/ha-1 para 7,1 UA ha-1 para a dose de 400 kg de N ha-1, com um ganho médio diário de 730g animal/dia. Para as doses de 200 e 300 kg de N ha-1, o aumento na taxa de lotação foi de 4,5 e 5,8 UA ha -1 respectivamente. Com o incremento da taxa de lotação obtida, os autores constataram também uma maior produção animal por unidade de área. Esses resultados deixam claro o potencial que o uso de adubos nitrogenados.
Vale lembrar que, sempre que intensificamos o nível de adubação em plantas forrageiras, é necessário aumentar a eficiência de colheita desse material mediante manejo do pastejo. Com pastejo mais frequentes, em menor intervalo entre pastejo para sistemas rotativos e ajuste na taxa de lotação para melhor aproveitamento da forragem produzida no caso de sistemas contínuos. Garantindo assim que toda forragem produzida seja colhida no ponto ótimo, combinando produção de folhas verdes e valor nutritivo da forragem.
