Tanto Kamala Harris quanto Donald Trump têm, como promessa de campanha, a redução do custo de vida nos Estados Unidos. A preocupação com os gastos, aliás, é a maior dor de cabeça da numerosa comunidade brasileira que vive na Flórida.
Mais de 1.000 pessoas se mudam para o “Estado do Sol” todos os dias. O clima agradável, o baixo índice de criminalidade e a legislação tributária favorável impulsionam um crescimento populacional sem precedentes na região.
Contudo, o aumento demográfico, aliado à inflação, que disparou nos últimos anos, tem tornado a vida na Flórida cada vez mais cara.
A empresária Berenice de Paula se mudou com a família há 14 anos e diz que abastecer a casa onde mora, com o marido e os dois filhos adolescentes, se transformou num desafio. Segundo ela, os preços estão mais altos do que nunca.
“Leite, ovo, laticínios, né? Aumentou demais, a própria água. Aqui a gente compra aqueles packs. Pagava um pack com 36, US$ 2. Agora a gente paga US$ 6, US$ 7. Carne, então, nem se fala. A mesma coisa: até a própria picanha a gente pagava US$ 3 a libra, agora tá US$ 10 a libra”, conta a empresária.
Numa tentativa de ajudar os moradores, as principais redes de supermercados anunciaram, recentemente, a redução de preços em itens básicos.
A iniciativa inédita por aqui é mais do que bem-vinda. Em apenas um ano, os preços dos alimentos, que já tinham subido 25% desde o início da pandemia, tiveram um aumento de mais 8%. E não foi só essa conta que ficou mais salgada: as mudanças climáticas também fizeram as taxas de seguro residencial crescerem impressionantes 42% em 12 meses. Pra piorar, agora, a Flórida está entre os estados mais caros para a compra e locação de imóveis.
Eduardo Pavone é corretor e negociou 700 imóveis para brasileiros, em 12 anos de carreira nos Estados Unidos. Ele diz que o cenário mudou completamente desde que chegou ao país.
“Quando eu me mudei pra cá, eu comprei uma casa por US$ 140 mil. Essa casa hoje vale US$ 420 mil em 10 anos. […] E o nosso salário não aumentou dessa maneira”, disse o empresário.
Com o custo de vida em alta, muitas pessoas reavaliam o estilo de vida e acabam decidindo voltar ao Brasil.
“Não tá conseguindo por conta de emprego, por não ter condição financeira para pagar um aluguel, comprar um carro, tudo. Então tem muita gente voltando por conta disso”, afirma Berenice.