O que fazer quando todos à sua volta parecem estar no limite no trabalho? O cansaço se instalou e não é discreto. Ele está lá, nas conversas curtas no elevador, nos dizeres vazios entre um e-mail e outro, e até mesmo naquele bocejo disfarçado durante a reunião. E, vamos ser honestos, você também está cansado.
Vivemos tempos em que a exaustão virou um estado permanente. Já não é mais aquele esgotamento momentâneo, aquele cansaço que passa depois de uma noite bem dormida ou de um fim de semana fora. É um cansaço profundo, que fica ali, esperando o próximo deadline. O trabalho, as metas, as cobranças: tudo se acumula numa maré que parece não recuar.
Liderar nesse cenário é quase como tentar remar contra a correnteza. Como motivar sua equipe quando o próprio líder sente o peso de tudo isso? Você vê nos olhos de cada um o esgotamento. Eles fazem o que podem, mas a energia está baixa. A sensação de sobrecarga domina, e é difícil pedir mais, exigir mais, quando o que resta é apenas a resistência mecânica de quem sabe que precisa continuar.
Tem dias em que o silêncio no escritório pesa mais que qualquer palavra. Um olhar trocado basta para entender que não é apenas você. Todo mundo sente. E aí, vem a grande pergunta: como continuar? Porque o trabalho precisa ser feito. Isso todos sabemos. Mas, ao mesmo tempo, algo nos diz que não é assim que deveríamos seguir.
Liderar nesse contexto não é sobre dar ordens, cobrar mais ou fazer aquele discurso motivacional que funcionava antes. Porque, sinceramente, nem você acredita mais nele. Agora, é sobre empatia, sobre entender o ritmo de quem está ao seu lado. É sobre aceitar que, às vezes, tudo o que sua equipe precisa é de um pouco mais de espaço, uma pausa – que pode parecer impossível, mas que talvez seja a única saída.
E você, que lidera, precisa ser o primeiro a reconhecer isso. Não adianta mascarar o próprio cansaço com agendas lotadas e respostas automáticas. Talvez, o grande segredo seja admitir que também não está fácil para você. Porque, no fim das contas, liderar é mais sobre estar junto na dificuldade do que sobre ser o porto seguro imbatível que nunca se abala.
Quando a equipe está exausta, não há solução fácil. Mas há, sim, um caminho possível: aquele que passa pelo reconhecimento de que todos, inclusive você, estão no limite. E, nesse reconhecimento, talvez você encontre a chave para manter o barco andando. Não mais a pleno vapor, mas em um ritmo mais humano, onde o objetivo não é apenas alcançar a próxima meta, mas chegar lá inteiro.
*Virgilio Marques dos Santos é um dos fundadores da FM2S, gestor de carreiras, doutor, mestre e graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp e Master Black Belt pela mesma Universidade. TEDx Speaker, foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da Unicamp, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.