A Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG) lança o segundo boletim econômico do ano, com informações sobre o Índice de Negativação do Comércio (INC) e o Índice de Recuperação de Crédito (IRC). Os dados do mês de dezembro apontam o comportamento positivo dos consumidores que compraram menos, como revelou o Movimento do Comércio Varejista (MCV), evitando assim realizar novas dívidas, a fim de quitar de pendências financeiras.
INC/ACICG – O Índice de Negativação do Comércio é um indicador apurado a partir da evolução de dados de notificação de inadimplência dos consumidores, levantado pela ACICG, englobando as obrigações vencidas e não pagas entre empresas, registradas no INC-PJ e as obrigações vencidas e não pagas entre consumidores e empresas, notadas no INC-PF. O INC/ACICG é construído a partir da evolução histórica desses dados. Considerando que a sazonalidade é uma característica da atividade comercial, o INC foi desenvolvido com base fixa definida pela média do desempenho do ano de 2014. Portanto, os valores acima de 100 pontos são os que ultrapassam a média obtida no ano de 2014, e os valores abaixo de 100 estão aquém da média.
IRC/ACIG – O Índice de Recuperação de Crédito, ao contrário do INC, registra os movimentos de regularização de pendências. É o índice que registra a tendência de pagamento das obrigações contraídas e que, por alguma razão, deixaram de ser liquidadas no tempo previsto. É importante salientar que o comportamento do IRC não tem necessariamente uma relação inversamente proporcional ao INC, posto que são construídos a partir de fatos independentes.
INC/ACICG – Dezembro/2015 – No encerramento do ano de 2015, o Índice de Negativação do Comércio (INC/ACICG) foi de 219 pontos, o mais baixo desde junho do mesmo ano, demonstrando uma tendência clara de redução quando comparado a novembro, quando atingiu 263. “Houve um crescimento impressionante do índice em relação a dezembro de 2014, que foi 80 pontos, e que confirma a sazonalidade registrada nos anos anteriores de tendência de queda desse indicador a partir de agosto. Apesar de estar muito acima da média de 2014 (100 pontos), é fácil perceber que em 2015, os consumidores buscaram equilibrar-se no decorrer do ano, diferentemente do que aconteceu no segundo semestre do ano anterior, início do período de queda do desempenho da economia brasileira”, explica o economista da ACICG, Normann Kallmus.
IRC/ACICG – Dezembro/2015 – Em dezembro de 2015 o IRC/ACICG foi de 435 pontos, contra 244 registrados em dezembro de 2014, 149 em 2013, e 141 em 2012, demonstrando um crescimento anual significativo da tendência de recuperação do crédito. “O ineditismo do comportamento desse índice em 2015 pode ser verificado pelo fato de que o crescimento contínuo se verificou a partir de junho, permanecendo durante todo o segundo semestre. A inflexão em novembro e dezembro explica-se por dois fatores: a campanha “Nome Limpo”, durante a qual as empresas associadas participantes ofereceram condições vantajosas para os clientes inadimplentes; e a utilização do 13º salário para liquidação das pendências”, analisa Kallmus.
O economista diz ainda que o crescimento substancial da tendência à inadimplência ocorrida a partir de agosto de 2014, de forma praticamente constante, passou a ser corrigida a partir do segundo semestre do ano passado. “A análise da tendência de ambos indicadores reforça a peculiaridade do movimento, considerando-se que em nenhum outro momento analisado houve, simultaneamente uma queda do INC e aumento do IRC. Essencialmente pode-se inferir que o comportamento do consumidor local foi impactado pelas condições adversas da economia”, completa.
Reflexos e Perspectivas – Para o primeiro mês de 2016, o economista da ACICG, Normann Kallmus acredita ser baixa a probabilidade de repetição do comportamento do comércio em relação a anos anteriores. “Janeiro sempre apresentou uma queda no Índice de Recuperação de Crédito (IRC), enquanto o Índice de Negativação do Comércio (INC) apresentava uma tendência de elevação. No entanto a probabilidade de repetição desse padrão em 2016 é relativamente baixa em função da escassez e do alto custo do crédito. Além disso, o impacto da queda do nível de emprego e da redução média da remuneração em termos reais, conjugado com a queda do Movimento do Comercio Varejista (MCV/ACICG) dos meses de novembro e dezembro, deverão refletir-se em um comportamento mais estável desse indicador no mês em curso”, conta.
A partir da elaboração da pesquisa, o economista da ACICG julga como positivo o comportamento do consumidor campo-grandense. “O que mais nos animou ao avaliar o resultado desses indicadores foi verificar que, ao contrário do que acontece com agentes governamentais, o consumidor campo-grandense buscou o reequilíbrio de suas finanças muito rapidamente ao perceber que as condições gerais da economia não eram favoráveis. Mais do que simples intenções, o resultado desse comportamento ajudou a todos, embora tenha apresentado, como efeito colateral, a queda significativa do Movimento do Comércio Varejista (MCV) no final do ano”, finaliza Normann Kallmus.